Servidores de Jesus
Não fui cardeal, todos
sabem disso.
Nunca, também, desejei ser cardeal. Estava a serviço de Jesus,
nada mais. As titulações fazem parte dos objetivos terrenos da Igreja em
atribuir mais responsabilidades aos seus seguidores internos.
Fui um padre,
apenas isso.
Não ansiava chegar onde cheguei. Quando vesti a minha primeira
batina queria somente era servir ao próximo. O caminho da vida me levou a ser
mais que isso. Assumi novas responsabilidades dentro da Igreja, mas o Pai queria
somente isto. E pronto.
O desejo de servir ao Cristo deve ser maior do que
qualquer título religioso. Na verdade, nem se precisa ser um religioso oficial
para estar nas fileiras de trabalho de Jesus.
Há mais mérito, creio, em ser
um desconhecido para o mundo e ser coerente com os ensinamentos de Jesus do que
ter títulos e não honrá-los a altura.
Servir era e é a minha missão, servir
ao meu irmão de caminho.
Ora, é claro, que eu sabia que meu nome, diante da
posição que ostentava, da amizade próxima ao Papa Paulo VI, era cogitado para
receber uma denominação cardinalícia.
Sabia de tudo isso, mas não me
preocupava com esta possibilidade. Fui padre e cumpri com as minhas obrigações,
isto é tudo.
Agora, neste momento em que vejo o Papa Francisco nomear novos
cardeais não posso deixar de me referir ao gesto nobre dele e do Papa emérito
Bento XVI.
Que lição de humildade e fraternidade tivemos destes dois
servidores de Jesus.
O que os liga não são os títulos ou posições. O que os
une não é a Igreja de Roma que representam. O que os faz estar juntos e
respeitarem-se é o propósito de servir a Jesus.
Este deve ser o lema de todo
bom cristão.
“Se me amais, guardai os meus mandamentos”, lembra o Nosso
Senhor Jesus Cristo.
Esta é a bandeira dos que abraçam a Jesus: cumprir os
seus mandamentos.
E qual o mandamento maior?
Amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo.
Amar. Amar. E amar.
Amar sempre e
agora ainda mais.
Amar de verdade.
Amar sem alarde.
Amar por
amar.
Eis o objetivo dos servidores de Jesus.
De Madre Teresa de Calcutá
ao pastor Martin Luther King.
De João XXIII a Desmond Tutu.
De João Paulo
II a Nélson Mandela.
De Bento XVI a Francisco.
Meu, seu, de todos
nós.
Amar agora, amar sempre.
Helder Camara
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