26.2.14


Servidores de Jesus

Não fui cardeal, todos sabem disso.
Nunca, também, desejei ser cardeal. Estava a serviço de Jesus, nada mais. As titulações fazem parte dos objetivos terrenos da Igreja em atribuir mais responsabilidades aos seus seguidores internos.
Fui um padre, apenas isso.
Não ansiava chegar onde cheguei. Quando vesti a minha primeira batina queria somente era servir ao próximo. O caminho da vida me levou a ser mais que isso. Assumi novas responsabilidades dentro da Igreja, mas o Pai queria somente isto. E pronto.
O desejo de servir ao Cristo deve ser maior do que qualquer título religioso. Na verdade, nem se precisa ser um religioso oficial para estar nas fileiras de trabalho de Jesus.
Há mais mérito, creio, em ser um desconhecido para o mundo e ser coerente com os ensinamentos de Jesus do que ter títulos e não honrá-los a altura.
Servir era e é a minha missão, servir ao meu irmão de caminho.
Ora, é claro, que eu sabia que meu nome, diante da posição que ostentava, da amizade próxima ao Papa Paulo VI, era cogitado para receber uma denominação cardinalícia.
Sabia de tudo isso, mas não me preocupava com esta possibilidade. Fui padre e cumpri com as minhas obrigações, isto é tudo.
Agora, neste momento em que vejo o Papa Francisco nomear novos cardeais não posso deixar de me referir ao gesto nobre dele e do Papa emérito Bento XVI.
Que lição de humildade e fraternidade tivemos destes dois servidores de Jesus.
O que os liga não são os títulos ou posições. O que os une não é a Igreja de Roma que representam. O que os faz estar juntos e respeitarem-se é o propósito de servir a Jesus.
Este deve ser o lema de todo bom cristão.
“Se me amais, guardai os meus mandamentos”, lembra o Nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta é a bandeira dos que abraçam a Jesus: cumprir os seus mandamentos.
E qual o mandamento maior?
Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Amar. Amar. E amar.
Amar sempre e agora ainda mais.
Amar de verdade.
Amar sem alarde.
Amar por amar.
Eis o objetivo dos servidores de Jesus.
De Madre Teresa de Calcutá ao pastor Martin Luther King.
De João XXIII a Desmond Tutu.
De João Paulo II a Nélson Mandela.
De Bento XVI a Francisco.
Meu, seu, de todos nós.
Amar agora, amar sempre.
Helder Camara

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