4.2.14


Ousadia

O fio que tece uma rede é o mesmo fio que tece uma trama, é o mesmo fio que faz uma colcha. São todas grandes obras, mas que começa por um fio. Há, em tudo, uma base, mínima que seja, que dá sustentação ao todo. E assim também é na vida.
O todo, por maior que seja, começa por um só elemento. Elemento primordial. Assim, meus amigos, é a nossa participação na sociedade, você pode ser este fio inicial na construção do bem na terra. Uma grande obra necessita da primeira iniciativa e que faz toda a diferença.
Vejo aí as pessoas criticarem umas as outras, criticam a tudo e a todos. Criticam os governos, criticam os políticos, mas não fazem absolutamente nada para modificar o que está errado. Dizem que não podem fazer nada, porque são muitos pequenos, insignificantes. Pode ser que seja apenas um, mas insignificante, definitivamente, não é.
Quando uma voz grita na multidão pode inicialmente não ser ouvida, mas com o tempo ela começa a ressoar. Quando você fica batendo numa mesma tecla um momento as pessoas vão começar a prestar a atenção e achar que faz sentido o que você fala. Neste instante, já não é mais um, já começa a ter repercussão.
As mudanças no mundo ocorrem desta maneira. Uma voz solitária diz as coisas e ninguém ouve. De repente, todo mundo começa a escutar, concordar e tomar uma atitude. É assim que se mudam as coisas. O importante é que a causa defendida tenha a ver com a realidade, não seja apenas fruto da imaginação desprovida de razão, desassociada do bom senso.
Na minha vida terrena foi assim. Falava da escuridão da censura, ninguém me dava ouvidos. Falava da impropriedade da segurança nacional, poucos me aceitavam. Falava da abominável fome, aí é que não me ouviam. Falava das crises morais da sociedade, não chamava a atenção. Como eu sabia, porém, que estava com a razão, continuava a falar, um dia elas haveriam de se materializar. E foi assim que aconteceu. O importante é não desanimar.
A vida, meus filhos, exige determinação. Se você tem um objetivo e ele é justo, lute por ele, não se deixe esmorecer. Determine-se a cumpri-lo em você. Não importa que os outros falem mal, digam que você está delirando, que não bate bem com a cabeça, não importa. Faça a sua parte e de tijolo em tijolo você vai erguer a construção da sua ideia entre os homens.
Na história da humanidade sempre foi desse jeito. Alguém puxava um raciocínio diferente e a sociedade reagia ferozmente. Às vezes, é verdade, em certas épocas, pagava-se com a própria vida. Lá na frente, entretanto, os homens chegavam a conclusão que você estava certo. “Não é que fulano estava certo.” O que importa é a sua tranquilidade de consciência.
Cuidado para não confundir teimosia com ousadia. Teimoso é aquele que tenta, vê que não está dando certo e não muda. Ousado é aquele que percebe que o caminho é aquele e que o tempo apenas consolidará o seu pensamento.
A diferença fundamental entre o teimoso e o ousado é que o teimoso não aprende com os seus erros.
A terra necessita sempre dos ousados, dos destemidos, dos corajosos. Que importa que os outros falem, o importante é ter a consciência tranquila que estamos no caminho certo.
Quando conspiramos no bem, as portas naturalmente se abrirão, pode até demorar um pouco, mas as pessoas começarão a te escutar e a concordar com as suas ideias. De um fio tecerá, devagar, mas determinadamente, uma grade e forte rede.
Meus queridos, ao falar da vida pós-morte aos homens de Deus creio que seja, mais ou menos, assim. Falo das minhas experiências, timidamente ainda. Digo o que penso, agora sob os olhos do espírito. Antevejo mudanças na perspectiva da vida eterna, mas cabe aos que me leem saber discernir e tirar as suas conclusões.
Quando eu era “vivo”, e ainda hoje, me chamavam de profeta. Profeta coisa nenhuma, quem dera eu fosse, era e sou um visionário do tempo. Vejo as coisas e penso comigo mesmo: isto poderia ser melhor e diferente e por que não é?
Ora, quando vemos algo que está errado, embora todos professem aquele pensamento, temos mais é que dizer que poderia ser diferente e que cabe a nós mudar o status quo.
Deus, nosso Pai, nos quer assim. Inquietos, desprovidos do medo. Se Ele fosse um covarde não teria nos criado e tampouco o Seu imenso universo.
Que Deus ilumine os seus pensamentos e te dê coragem e forças para você lutar pelo ideal da sua vida.
Um abraço,
Helder Camara

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