21.2.14

Dialogo de Jesus com Maria Madalena:
 
(...) - Retomemos o nosso caminho.
Falou-me Jesus.
- Está bem. Eu vim a sua procura porque desejo ser uma de suas discípulas. Você me aceita?
- Não tenho motivo algum para não aceita-la. Em nosso grupo já existem algumas mulheres como Salomé, a mãe de Tiago e João, Maria, a irmã de Simão, Joanna de Cusa e as duas irmãs de Lázaro, Marta e Maria.
- Rabi, eu gostaria de lhe contar uma coisa que, possivelmente não sabe.
- Estou pronto a ouvi-la, minha amiga.
Jesus me olhou demoradamente como se quisesse me encorajar a dizer o que eu pretendia dele, embora eu tivesse a impressão de que ele já sabia e muito bem. Respirei fundo, buscando acalmar-me, fui direto ao assunto:
- Não faz muito tempo, presenciei uma cena que marcou profundamente a minha decisão de estar aqui hoje.
- E que cena foi essa?
- Refiro-me a uma conversa rápida entre o Senhor e um jovem que veio lhe perguntar o que fazer para alcançar o Reino de Deus.
- Eu me lembro.
- Pois bem. O senhor disse a ele: "se já cumpre todos os mandamentos, vá, toma tudo o que é seu, vende, dê aos pobres o produto da venda, venha comigo e terá um tesouro no céu".
- Foi exatamente isso o que passou.
- O rapaz foi embora e aí eu me lembro de que o Senhor comentou com seus apóstolos que era mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.
- De fato eu disse isso. Pode me dizer por que essa frase a impressionou tanto?
- Sim. Eu sou também muito rica, pois meu pai deixou-me considerável fortuna que aumentou bem, graças à ajuda e ao tino comercial de um amigo  de meu pai por nome Joab, que me serve com grande dedicação até hoje.
- Então tem medo de que por ser rica, as portas do reino estejam vedadas para você.
- Sim, é isso.
- Filha ser rico não é pecado. A questão está no uso bom ou mau que se faz do dinheiro. O dinheiro em si mesmo não é mau nem bom. Quando eu fiz aquela frase, queria ressaltar a dificuldade que as pessoas ricas têm para escravizar o dinheiro e não ser escravas dele.
- Senhor, eu pensei muito nisto e tomei uma decisão. Quero dar ao senhor e ao seu grupo toda a minha fortuna, para que não tenham problemas de sobrevivência pois alguns deixaram o trabalho para segui-lo.
- Maria isso mostra a sua generosidade e o seu desejo sincero de se livrar de Mamon para servir a Deus; entretanto não posso aceitar a sua oferta. Talvez fosse melhor repartir o seu dinheiro com os necessitados, não se esquecendo de guardar algum para seu próprio sustento.
- Se eu fizer isso, serei aceita entre os seus discípulos?
- Sim. Porque terá dado uma prova concreta de que deseja buscar o reino de Deus com todas as forças de seu coração.
- Assim o farei. Eu disse, com o coração tranquilo.
Naquele mesmo dia mandei chamar Joab e Neferilis e lhes disse:
(...)
- Resolvi viver com Jesus de Nazaré e seus amigos. E isso imporá à minha vida uma enorme mudança. Prestem bem atenção: esta casa com tudo o que ela tem, estou dando para você, Joab, e para a minha amiga Neferilis. gostaria também que Joab pegasse parte de minha fortuna e desse aos pobres e necessitados. Eu não necessito mais dela.
Neferilis não quis a sua parte, preferindo acompanhar-me onde eu fosse. Joab, por seu turno, decidiu que o melhor meio de ajudar os necessitados, como eu desejava, seria construir, nas proximidades de Cafarnaum, uma casa para abrigar os desvalidos, principalmente as crianças enjeitadas que eram muitas em toda a Palestina gentia. Além disso, ele comprou uma pequena casa em Betânia do Jordão para eu viver com Neferilis quando estivesse em Jerusalém. Feitas essas coisas, fui à procura de Jesus e tornei-me aceita entre os seus. (...)
 

Livro: Maria Madalena A Testemunha da Paixão - Jose Carlos Leal

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