14.2.14

A VIDA NA TERRA E A VIDA ETERNA
     "Não andeis cuidadosos da vossa vida, pelo que haveis de comer ou de beber, nem do vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais que o alimento e o corpo mais que o vestido? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros, e o vosso Pai as alimenta; não valeis vós muito mais que elas? E qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um cúbito à sua estatura? E por que andais ansiosos pelo que haveis de vestir? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles! Se Deus veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Assim não andeis ansiosos dizendo: "Que havemos de comer? Ou: Que havemos de beber? Ou: Com que nos havemos de vestir? Pois os gentios é que precisam destas coisas: porque vosso Pai celestial sabe que precisais de todas elas. Mas buscai primeiramente o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não andeis, pois, ansiosos pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. (Mateus, VI, 25-34. )
 
    O escopo da vida na Terra é o aperfeiçoamento do Espírito. Aquele que assim compreende eleva-se, dignifica-se, e livre dos entraves materiais, sobe às alturas inacessíveis ao sofrimento, alcançando a felicidade eterna.
    Aquele que assim não quer compreender rebaixa-se, desmoraliza-se, e absorvido pelas más paixões, desce às voragens da dor, para expiar e reparar as faltas, as transgressões das leis divinas.
    O que vive da carne, morre; o que vive do Espírito é imortal.

    Lutas, fadigas, trabalhos e dores são luzes para os vivos e sepulcros para os mortos.
    Uns pairam calmos e resistentes acima das misérias terrestres; outros jazem sob os escombros amontoados pelo tufão inclemente da adversidade!
    O que vê com os olhos da carne, vê misérias, estertores, morte; o que vê com os olhos do Espírito, vê flores que murcham, prados devastados, regatos que secam, fontes que não vertem água, avarias, mutilações, cadáveres putrefatos; mas vê também cores que são perfumes, luzes que são forças, vidas que despontam, seres que se agitam, almas que vivem e Espíritos que vivificam.
    No panorama do Universo as duas faces da vida se mostram como o verso e o reverso da medalha: cada efígie tem a sua cotação acima ou abaixo da "paz cambial".
    Nade se perde, nada se desvaloriza na equação proposta para chegar-se à incógnita da perfeição espiritual.
    A lei vê passar o tempo, as gerações, a Terra e o Céu, mas permanece inflexível, aperfeiçoando as gerações, a Terra, o Céu, na sua ação lenta, mas decisiva e depuradora.
    O escopo da vida é o cumprimento da lei, e o cumprimento da lei é a perfeição.
    Os que transgridem a lei descem pelos tremedais das paixões vis aos báratros tenebrosos da dor; mas, aguilhoados pela dor, sobem aos cimos das glórias imortais!
    Os que cumprem e proclamam o cumprimento da lei, voam por entre luzes, cores e perfumes às eternas mansões dos Espíritos soberanos, onde a harmonia, a verdade e a paz imperam na plenitude de seus direitos divinos.
    A vida na Terra, para aqueles que na Terra têm o seu tesouro, como que termina no túmulo, porque só com o renascimento alcançarão a vida eterna.
    A vida na Terra, para os que acumulam tesouros nos Céus, é a senda luminosa que liga a Terra aos Céus, é a estrada comunicativa que lhes permite a passagem para se apossarem desse tesouro.
    Os que vivem na Terra pela Terra, são da Terra; os que vivem na Terra sem serem da Terra, são dos Céus.
    A vida na Terra é efêmera; a vida nos Céus é eterna; e a posse da vida eterna consiste no cumprimento da lei: "Buscai o Reino de Deus e a sua justiça, que tudo o mais vos será dado por acréscimo".
 
Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel

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