25.2.14


DE FATO, ESPÍRITO E MÉDIUM NÃO SE PERTENCEM, MAS...

Concordo: espírito e médium não se pertencem!...
Não obstante, convenhamos, no exercício da mediunidade, tanto da parte do espírito quanto do médium, torna-se indispensável que haja o mínimo de critério e bom senso.
O espírito seja ele qual seja não pode se manifestar pelo médium que ele escolhe por instrumento, porque, sem o consentimento do médium, a mediunidade deixaria de ser mediunidade e passaria a ser obsessão.
O mesmo, seja ele qual for, se afirma em relação ao médium, que, sem a anuência do espírito, não deve pretender que ele se expresse por intermédio de suas faculdades, porque, assim sendo, a mediunidade deixa de ser mediunidade e passa a ser mistificação.
O espírito comunicante não concede a nenhum médium procuração a que ele legalmente o represente entre os homens, mas isto não significa que todo medianeiro, por mais bem intencionado se mostre, o possa fazer à revelia do morto...
Allan Kardec, estudando a questão da identidade dos espíritos, no capítulo XXIV de “O Livro dos Médiuns”, foi, como sempre, extremamente feliz nas considerações que lhe foram inspiradas pelos Espíritos da Codificação, ao afirmar que, em relação aos espíritos comunicantes, a sua “identidade absoluta é uma questão secundária e sem importância geral”... Contudo, se o espírito, muitas vezes, não liga importância à sua humana identidade, o mesmo parece não acontecer em relação a certos médiuns, que fazem questão do nome com que o desencarnado supostamente se lhes apresente.
Eu não me esqueço de que, certa vez, ao autografar um livro de sua coautoria mediúnica, o grande Chico Xavier simplesmente grafou:Cisco Xavier! Existem, na Terra e no Mais Além, muitos Franciscos e muitos Chicos, mas, evidentemente, um Chico convencido de que não passa de Cisco não é fácil encontrar em nenhum dos Dois Lados da Vida...
No que tange à minha apagada figura, que, renascida no berço terrestre, os meus pais, Jacinto e Maria, rotularam de Inácio Ferreira de Oliveira, sinceramente não sei qual o interesse mediúnico na intenção de se atribuir a mim a autoria de obra que, em verdade, não me pertence... Eu nunca fui e nunca serei um best-seller, facilitando, economicamente, a vida das Editoras!...
Sei que é inútil, porém, apelaria no sentido de que se evitasse tal constrangimento para a Doutrina, já às voltas com tantas improbidades da parte de quem, inconsequentemente, vive enfiando os pés pelas mãos.
Imagino, no entanto, que ter a identidade usurpada deve ser o meu carma, porque ainda não me deparei, por exemplo, com quem se interessasse em se apossar da identidade do meu amigo Odilon Fernandes, ou mesmo de nossa querida Maria Rodrigues Salvador, que, em nossos arraiais, se tornou mais conhecida pelo epíteto de “Domingas”.
- Dr. Inácio – disse-me, gracejando, o amigo e poeta Eurícledes Formiga –, o senhor está importante, hein?! Disputadíssimo! Na Terra, a não ser meus filhos e o nosso amigo comum, ninguém mais ambiciona assinar os meus versos... De bom grado, pertencente quase a uma espécie em extinção, eu cederia o meu nome a quem se atravesse a cometer algumas trovas e sonetos – nem que fossem de “pé quebrado”, e de “mão” também!...
No mais, vocês me perdoem, mas é confusão além da conta... Eu não sei –  todavia, a continuar neste ritmo, dentro em breve, sem nenhuma consulta prévia a quem de direito, não haverá um morto sequer do qual, sobre a Terra, certos médiuns, não queiram lhes opor o nome na capa de seus livros!...

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 24 de Fevereiro de 2014.

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