Manifestações de um polêmico
O Mentor da
casa
Na carona do assunto levantado pelo amigo Alfredo Bastos, vamos
desenvolver este assunto que acho muito interessante: O mentor do centro
espírita.
Conforme todos sabem, os espíritas falam muito no “Mentor da casa”,
aquele ser que para eles é muito importante, é indispensável e concebido como
alguém muito especial, que deve sempre ser ouvido, consultado e invariavelmente
obedecido em tudo o que sugerir e até em impor e determinar.
Afinal de
contas, quem é o mentor do centro espírita que você freqüenta?
Você já
procurou se informar acerca disto?
Será que os próprios dirigentes do centro
sabem quem ele foi e quem ele é?
Outra pergunta que, certamente, vai mexer
com a cabeça daqueles espíritas de superficialidade que se resumem a qualificar
simplesmente como polêmico quem tem a coragem de levantar um assunto
deste:
Quem elegeu determinado espírito ao cargo de mentor do centro
espírita?
Quem determinou que tal espírito fosse o mentor do centro?
Quais
foram os critérios adotados para o mesmo ascender à posição?
Tenho certeza de
que os espíritas não saberão responder estas perguntas.
É exatamente por isto
que quero convidar todos a aprofundarmos neste questionamento.
Mas primeiro
vamos relembrar, de novo, como é que se inicia um centro espírita.
A
fundação de um centro espírita
Conforme eu abordei noutro artigo que
escrevi recentemente, qualquer pessoa pode fundar um centro espírita, já que não
há exigências de cumprimento de nenhuma legislação e não há normas e
procedimentos fiscais previstos para tal iniciativa.
Se alguém freqüenta um
centro espírita mais antigo e, de uma hora para outra, despertar a vontade de
criar o seu próprio, percebe que tem uma garagem em casa que não está sendo
usada, desperta-se na idéia de que deve fazer dali um centro espírita, porque
tem muita gente que mora nas imediação. Decide fazer o centro, faz mesmo, começa
a funcionar e não tem preocupação nenhuma quanto ao modelo que deve
adotar.
Faz o que quer e bem entende.
É uma pessoa boa? É sim.
É uma
pessoa caridosa, que adora dar coisas para os pobres? É sim.
É uma pessoa
honesta? É sim.
Ótimo, esses requisitos são interessantes e, por causa deles,
o novo centro começa a atrair a freqüência de várias pessoas, que trazem outras,
mais outras, mais outras... até que o espaço, inicialmente para apenas quarenta
cadeiras, fica insuficiente e... vamos fazer uma campanha para construir a nossa
sede própria, com capacidade para mais de trezentas pessoas.
O centro cresce
e fica famoso. Daqui a pouco ele já tem vinte, trinta... quarenta anos de
existência e, não demora, já estará comemorando os seus cinqüenta anos.
É
assim que muitos centros espíritas começam, geralmente a maioria.
O nível
de conhecimento dos seus fundadores
Conforme falamos, o fundador da casa
pode ser uma pessoa honesta, boa e caridosa. Mas será que esses são requisitos
suficientes para a fundação de uma casa espírita?
Tenho eu a impressão de
que para isto existe um pré-requisito que deve ser indispensável: O conhecimento
do Espiritismo.
Será que todos aqueles que fundam, conduzem e dirigem a
maioria dos centros espíritas de fato conhecem o Espiritismo?
É claro,
Alamar. Se a pessoa já vem de outro centro, só podemos imaginar que ela conheça
o Espiritismo e saiba o que está fazendo.
Será que o fato de alguém
freqüentar um centro por algum tempo, inclusive por alguns anos, implica em que
necessariamente conheça o Espiritismo?
Não se deixe levar apenas pelas
argumentações do Alamar, use a sua própria inteligência, observe bem como se
processam as práticas da maioria dos centros espíritas, durante anos e anos, e
tire você mesmo a conclusão:
Será que o modelo habitual de procedimento dos
centros é capaz de fazer com que alguém aprenda realmente o que é o Espiritismo?
Se não há intercâmbio com os espíritos, para atender ao apelo de Kardec, como é
possível haver entendimento e avanço no Espiritismo?
A principal atividade da
maioria dos centros é a palestra, geralmente feita por alguém da casa ou por
convidados. Chamam de “doutrinária” e geralmente essa doutrinária segue um mesmo
ritual comum na grande maioria dos centros:
Prece inicial, leitura da uma
mensagem de um livro, palestra, passe, água magnetizada e prece final. Tudo
igual, como o ritual da missa.
A mediúnica ocorre invariavelmente apenas uma
vez por semana, limitada a uma hora, resumida a apenas uma meia dúzia de
participantes e objetivando apenas atender espíritos sofredores, revoltados,
raivosos e vingativos. Não há espaço de tempo para diálogo com os espíritos
amigos e orientadores. Quando há algum espaço com um POUQUINHO de tempo maior, é
para a figura do Mentor da Casa.
Reunião de estudos: Podem observar o
detalhe que a maioria dessas reuniões (já procuramos apurar isto) destina-se a
estudar obras de autoria de alguns espíritos, embora respeitáveis, mas não tem
Allan Kardec como prioridade. Em alguns casos tem estudo de “O Livro dos
Espíritos”, mas raramente estudam “O Livro dos Médiuns” e outros que fazem parte
do conjunto de 19 livros que constituem o entendimento das idéias de
Kardec.
É exatamente o freqüentador ou, talvez, trabalhador desse modelo de
espiritismo que se acha preparado para fundar um novo centro espírita.
Não
vamos entrar em detalhes sobre isto não, porque já entrei em outro artigo
anterior, vamos abordar apenas a questão do mentor da casa que é o foco deste
artigo.
Quem é o mentor da casa?
Ninguém sabe. Só sabe que é um
espírito “bom”.
Se um espírito chega saudando as pessoas com o famoso “Que a
Paz de Jesus esteja com todos”, invariavelmente é muito bem recebido. Até aí
tudo bem, porque todos os espíritos devem ser bem recebidos.
Mas já se cria
logo uma simpatia, por causa da sua saudação.
Aí esse espírito passa a vir
com regularidade, toma o médium toda semana e sempre transmite alguma mensagem,
que os freqüentadores da casa acham lindas.
Pronto, virou mentor da
casa!
Nós sabemos quem foi o Dr. Bezerra de Menezes, sabemos quem foi a
Joanna de Ângelis, que foi a Sóror Joana Angélica e outras suas encarnações;
sabemos que Emmanuel foi o padre Manoel de Nóbrega e outras suas encarnações e
sabemos que o André Luiz foi o Faustino Esposel, embora alguns imaginam e
admitem que ele tenha sido Carlos Chagas ou até Oswaldo Cruz.
Por acaso, você
sabe quem o mentor do seu centro foi em alguma encarnação passada? Conhece pelo
menos o histórico dele na última encarnação? A maioria não sabe.
Este
problema é sério ou não tem relevância nenhuma?
Observe bem a importância
disto:
O mentor da casa é o espírito mais ouvido pelos seus participantes e
dirigentes. O que ele diz passa a ser lei na casa e, por isto, é muito comum a
gente ouvir coisas do tipo:
- “É orientação do mentor da casa”.
- “Fazemos
desse jeito, porque recebemos orientação do mentor da casa”.
- “Sentimos
muito, mas não podemos adotar isso, porque o mentor da casa não admite”.
E
por aí vai.
E Allan Kardec, onde é que fica?
Nessa onda, muitos
procedimentos incoerentes, absurdos e até ridículos acontecem em muitos centros
espíritos, absolutamente incompatíveis com aquilo que Kardec ensinou e praticou
durante a sua vivência espírita:
Reunião em torno de uma mesa, exigência de
uma toalha branca forrando essa mesa, exigência da roupa branca para a
mediúnica, invenção da velha plaquinha “O Silêncio é uma prece”, falem baixo no
centro, proibição de músicas, de flores e de um monte de coisas. Proibição de
aplausos e de elogios, rigor excessivo quanto a horários, exigência de roupas em
cores chamadas sóbrias, ambiente lúgubre nas mediúnicas, restrições ao sorriso,
palmas das mãos voltadas para cima na hora do passe, tirar os sapatos para tomar
passe, ojeriza ao dinheiro, mania de exigir que dêem de graça até mesmo coisas
que não são recebidas de graça, recomendação para fingir que é pobre, fingir que
é humilde e fingir para os outras que, por ser espírita, já atingiu evolução,
etc. etc. etc.
Há também a proibição de eventos festivos no salão do centro,
mesmo por necessidades urgentes de busca por recursos financeiros para a casa,
sob o absurdo argumento de que fazer festa no local baixa o padrão vibratório da
casa.
Gente, vamos raciocinar: O mentor de um centro espírita que deixa cair
o padrão vibratório da casa pelo fato das pessoas estarem felizes e trabalhando
para a sua própria manutenção é um despreparado, um insensato e inconseqüente
que deve ser demitido pela diretoria, por não ter condição de ser mentor de
coisa alguma. Precisa se reciclar.
Vamos questionar sobre o
mentor
Primeiro – O fato de um espírito chegar a um centro espírita
pronunciando a frase “que a paz de Jesus esteja com todos” não quer dizer
necessariamente que seja espírito evoluído.
Segundo – O fato de um espírito
se comunicar numa mediúnica não quer dizer que seja um espírito
espírita.
Terceiro – Ainda que seja um espírito que, quando encarnado, fora
dirigente de centro espírita, não quer dizer também que seja necessariamente
conhecedor do Espiritismo.
Quarto – Espírito que foi padre ou freira em
encarnações passadas, por mais que manifeste carinho e dedicação para com o
Espiritismo e até bons ensinamentos, poderá também trazer idéias católicas da
sua cultura, o que não quer dizer que estejam todas em compatibilidade com o
Espiritismo. Exemplo disto é a prática do sexo só para procriação e a cultura de
imoralização do sexo.
Quinto – Imposições e determinações que alguns mentores
fazem, não são atitudes de espíritos elevados, porque espírito elevado numa
impõe nem determina nada.
Sexto – Se aborrecer quando questionado pelos
trabalhadores da casa, assim como pela não obediência total àquilo que ele quer,
não é característica de espírito elevado.
Toda instituição espírita deve
rever os seus conceitos acerca dessa figura que foi instituída como “mentor da
casa”. Deve, sim, questionar esse espírito, deve procurar saber quem ele foi e
parar com essa conversa de que não há necessidade nenhuma de identificar os
espíritos. Em algumas situações não temos necessidade de identificar os
espíritos, mas isto apenas em ALGUMAS situações e não em todas as situações.
Que tipo de coerência temos nós em conviver durante anos com uma pessoa, sem
ao menos saber quem é de quem se trata?
Se não admitimos isto nas
convivências com encarnados, por que vamos ter que admitir em relação a
desencarnados?
Precisamos, sim, conversar com os espíritos, procurar saber
quem eles são, quais são os seus conhecimentos em relação AO ESPIRITISMO e isto
não está errado e nem é anti doutrinário.
Sei que muita gente não vai poder
fazer isto porque nos seus centros não há tempo para conversar com os espíritos
já que o tempo total é destinado a atender espíritos problemáticos e revoltados;
mas outros centros podem fazer isto, sim, porque dão espaço para os espíritos
amigos falarem a vontade e devem fazer.
Com certeza, espíritos que são
verdadeiramente elevados terão o maior prazer em prestar todas as informações
que a equipe lhes pedir e nenhum deles se aborrecerá ou demonstrará qualquer
tipo de má vontade em relação ao procedimento. Podem ter certeza disto.
Se o
mentor se aborrecer, pode mandá-lo passar no departamento de pessoal e receber
as suas contas, que ele está demitido. Se quiser reclamar direitos na justiça do
trabalho, que vá!
Conscientização espírita mais
racional
Precisamos disto, amigos. Chega de espíritas bobos e
indisponíveis à racionalidade. Chega de tanta besteira na prática espírita,
chega de mesmismo.
Esse negócio de santificar mentor é uma das maiores
bobagens que se pratica no meio espírita, considerar mentor com palavra final da
casa e não questionável é sinal de limitação da inteligência dos trabalhadores e
dirigentes.
A base é Kardec, portanto, qualquer recomendação de mentor,
principalmente quando ordem ou imposição, deve ser rigorosamente levada ao crivo
de Kardec, pra saber se vai ser ou não ser acatada.
Abração.
Alamar Régis Carvalho
Analista de Sistemas, Escritor e Antares DINASTIA
alamarregis@redevisao.net
www.redevisao.net ---
www.canal500.com
www.alamarregis.net
www.partidovergohanacara.com
www.facebook.com/alamarregis ou
www.facebook.com/alamarregis2
Nenhum comentário:
Postar um comentário