17.6.13


Por uma Manifestação Pacífica

Meus queridos irmãos,
Vi esta semana um episódio com tremendo pesar. Vi manifestações de extrema violência pelas ruas de São Paulo. Vi, estupefato, uma agressão desnecessária às coisas públicas e, em resposta imediata, a repressão dos policiais.
Que cena dantesca, meu Pai.
Não quero aqui entrar no motivo da manifestação, por mais justa que ela pudesse vir a ser, por mais correto que fosse o motivo, mas há que se encarar o seguinte: será necessária a violência para se conseguir os seus interesses?
Não, claro que não, é óbvio.
Sempre defendi o caminho da não violência e não é por estar “morto” que vou mudar, pelo contrário, agora é que eu reforço os meus princípios. O que vi nas ruas de São Paulo não foi manifestação ordeira, foi apedrejamento, destruição, correria de intimidação, puro vandalismo.
Ora, para onde vai a violência senão na geração de mais violência?
Penso que alguns destes meninos não estão bem intencionados, não são o povo de verdade. O povão, pelo que vi, queria paz, queria tranquilidade. Um ou outro falava palavras de ordem para não fazerem aquilo, mas ensandecidos começavam a balburdia pública. Não é assim que se faz.
Vi, com olhos de espírito, uma turba se aproveitar da situação e tocar fogo naquilo que se ensaiava. Enfurecia ainda mais a massa em desordem. Eles, do lado de cá, não perdem tempo para comprometer a paz, adoram uma desordem pública, fazem a festa.
Eu quero pedir a todos eles que revisem seus posicionamentos, conversem civilizadamente com as autoridades públicas e busquem causas nobres para defender e de maneira sempre pacífica.
Olha o nosso meio-ambiente como sofre.
Perceba com estão os morros e as casas miseráveis. Por que não se juntam em mutirão para edificar casas decentes?
Verifique a situação da carestia no aumento do preço dos produtos alimentícios e orientem a buscar aqueles mais baratos.
Façam iniciativas populares com inteligência e resultado, não com bagunça e sem ordem.
Ah! No meu tempo a juventude agia de outra forma. Era aguerrida, não se intimidava com a ditadura militar, mas se juntavam o tempo todo para a defesa da liberdade e das injustiças. Afora os radicais de plantão, davam lições de democracia civilizada em defesa de uma causa justa.
Busquem causas que enobreçam a luta e ajam com consciência e paz. Vocês verão que a conquista já estará a caminho.

Fiquem na paz!
Helder Camara

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