Livro dos Espíritos - Allan Kardec
Capítulo 4 Pluralidade das
existências
Encarnação nos diferentes mundos
- De acordo com o ensinamento
dos Espíritos, de todos os globos que compõem o nosso sistema planetário, a
Terra é onde os habitantes são menos avançados, tanto física quanto moralmente.
Marte ainda estaria inferior, e Júpiter muito superior em todos os sentidos. O
Sol não seria um mundo habitado por seres corporais, e sim um lugar de encontro
de Espíritos superiores que, de lá, irradiam seus pensamentos para outros
mundos, que dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, transmitindo-os
a eles por meio do fluido universal. Como constituição física, o Sol seria um
foco de eletricidade. Todos os sóis parecem estar numa posição idêntica.
O
volume e a distância que estão do Sol não têm nenhuma relação necessária com o
grau de adiantamento dos mundos, pois parece que Vênus é mais avançado que a
Terra, e Saturno menos que Júpiter.
Muitos Espíritos que na Terra animaram
pessoas conhecidas disseram estar encarnados em Júpiter, um dos mundos mais
próximos da perfeição, e é admirável ver, nesse globo tão avançado, homens que,
na opinião geral que fazemos deles, não eram reconhecidos como tão elevados.
Isso não deve causar admiração, se considerarmos que alguns Espíritos que
habitam Júpiter podem ter sido enviados à Terra para cumprir uma missão que, aos
nossos olhos, não os colocava em primeiro plano; que, entre sua existência
terrestre e a de Júpiter, podem ter tido outras intermediárias, nas quais se
melhoraram. E, finalmente, que nesse mundo, como no nosso, há diferentes graus
de desenvolvimento, e que entre esses graus pode haver a mesma distância como a
que separa entre nós o selvagem do homem civilizado. Desse modo, o fato de
habitarem Júpiter não quer dizer que estão no mesmo padrão dos seres mais
avançados de lá, da mesma forma que não se está no mesmo padrão de um sábio da
Universidade só porque se reside em Paris.
As condições de longevidade não
são também as mesmas que na Terra, e por isso não se pode comparar a idade. Um
Espírito evocado, desencarnado há alguns anos, disse estar encarnado há seis
meses num mundo cujo nome nos é desconhecido. Interrogado sobre a idade que
tinha nesse mundo, respondeu: “Não posso avaliá-la, porque não contamos o tempo
como vós; além do mais, o modo de vida não é o mesmo; desenvolvemo-nos lá com
muito mais rapidez; embora não faça mais que seis dos vossos meses que lá estou,
posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta anos da idade que tive na
Terra”.
Muitas respostas semelhantes nos foram dadas por outros Espíritos, e
isso nada tem de inacreditável. Não vemos na Terra um grande número de animais
adquirir em poucos meses seu desenvolvimento normal? Por que não poderia ocorrer
o mesmo com os habitantes de outras esferas? Notemos, por outro lado, que o
desenvolvimento adquirido pelo homem na Terra, na idade de trinta anos, pode ser
apenas uma espécie de infância, comparado ao que deve alcançar. Bem curto de
vista se revela quem nos toma em tudo por protótipos da criação, e é rebaixar a
Divindade crer que, fora o homem, nada mais é possível a Deus (Nota de
Kardec).
Nenhum comentário:
Postar um comentário