3.10.16

Palavra de Alerta

Compartilhar o meu pensamento nesta tarde eufórica de eleições municipais representa para mim um só objetivo: clarear as mentes para o seu futuro.
Neste instante em que milhões de brasileiros foram as urnas para votar em seu prefeito e os vereadores municipais, fico a imaginar o que seria se a democracia brasileira se mantivesse viva assim todos os dias. Que bela festa seria!
O que vejo, porém, é coisa distante disto. Maioria da população brasileira elege os seus representantes e os esquece. Parece até que nada tem a ver com a sua realidade cotidiana. Ora, não são exatamente os vereadores aqueles políticos mais pertos do eleitor? Não é o prefeito o executivo mais próximo do cidadão? Pois então, por que não fazer da experiência democrática de um dia uma prática costumeira para todos os dias?
Creio que a democracia passa por séria crise de identidade. De um lado, os eleitores estão inconformados com a realidade que aí está e não se enxerga como representado por quem quer que seja. De outra parte, os políticos eleitos, em sua grande maioria, viram as costas para o interesse popular e abraçam unicamente as causas que lhe aprovem. Então, o que acontece¿ Completa dicotomia de interesses e assim se toca com a barriga aquilo que chamamos de representação democrática.
Quando se vê em pesquisas constantes a vontade popular de não votar em qualquer candidato deveria ser motivo de grande preocupação, mas não, deixa-se assim mesmo e as prometidas reformas políticas passam apenas como peça de retórica nos momentos de crise.
Desse jeito, desse abismo incomensurável que se aumenta todos os dias, um dia, inevitavelmente, haverá uma ruptura institucional, quem sabe uma revolução popular exigindo as mudanças que dificilmente sairão do papel pela caneta e vontade dos políticos no poder.
Um ensaio desta insatisfação popular já se viu anos atrás. Um alarido de mudanças profundas já foi solicitado em praça pública, mas passa como ignorado pela classe política nacional. Poucos enxergam esta crise como grave e aumentam a sua voz para lembrar-se dela.
O que alerto para o futuro político do Brasil é que fatalmente teremos o povo em breve novamente às ruas pedindo modificações profundas na legislação, uma nova pauta de discussões e que ele seja levado a sério. Quem sabe uma nova constituinte e, dentro dela, uma profunda alteração do status quo representativo?
Estas mudanças virão, virão sim, e o mais rápido possível. De um jeito ou de outro, mas chegarão.
Os políticos tradicionais não podem mais fingir que não escutam o clamor das ruas e das urnas.
Os políticos conservadores não poderão alegar que não foram avisados.
Um novo estado de coisas surgirá e que virá para ficar. Mais robusto, mais consistente, menos demagógico, menos impopular.
Avancemos para as mudanças desejadas pelo melhor de nosso Brasil.
Um abraço,

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

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