O amigo de conhecido espírita, ao vê-lo
ardentemente interessado em obras de
caridade, admoestou-o, dizendo que ele, não espírita, desistira da
beneficência, desde muito.
E alegava que todos os gestos de bondade
que praticara somente haviam encontrado a secura como resposta. Sempre ingratos
por toda parte.
O espírita, no entanto, chamou-o à rua e
deu-lhe um osso para que alimentasse um cão, de passagem.
O amigo, embora contrafeito, atirou a
curiosa vianda para o animal, com marcante desprezo.
O cachorro aproximou-se da oferta,
abocanhou-a, de leve, e saiu, triste e desconfiado, rabo entre as pernas.
O espírita tomou de osso igual para
socorrer outro cão esfaimado na via pública.
Entretanto, mudou de jeito.
Chamou o animal com carinho humano.
Dirigiu-lhe palavras amigas.
Alisou-lhe o pêlo.
Afagou-lhe as orelhas.
E deu-lhe o bocado com as próprias mãos.
O animal abanou a cauda e permaneceu ao seu
lado, contente, a lamber-lhe as mãos. E ambos os amigos anotaram, admirados, o
efeito do amor no gesto beneficente.
Estenda, sim, quanto puder, as obras de
caridade. Contudo, ajudando alguém, é preciso saber como você ajuda.
Livro: Bem-aventurados os
simples - Waldo Vieira - Valérium
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