28.10.16

O EFEITO DO AMOR

    O amigo de conhecido espírita, ao vê-lo ardentemente interessado em  obras de caridade, admoestou-o, dizendo que ele, não espírita, desistira da beneficência, desde muito.
    E alegava que todos os gestos de bondade que praticara somente haviam encontrado a secura como resposta. Sempre ingratos por toda parte.
    O espírita, no entanto, chamou-o à rua e deu-lhe um osso para que alimentasse um cão, de passagem.
    O amigo, embora contrafeito, atirou a curiosa vianda para o animal, com marcante desprezo.
    O cachorro aproximou-se da oferta, abocanhou-a, de leve, e saiu, triste e desconfiado, rabo entre as pernas.
    O espírita tomou de osso igual para socorrer outro cão esfaimado na via pública.
    Entretanto, mudou de jeito.
    Chamou o animal com carinho humano.
    Dirigiu-lhe palavras amigas.
    Alisou-lhe o pêlo.
    Afagou-lhe as orelhas.
    E deu-lhe o bocado com as próprias mãos.
    O animal abanou a cauda e permaneceu ao seu lado, contente, a lamber-lhe as mãos. E ambos os amigos anotaram, admirados, o efeito do amor no gesto beneficente.
    Estenda, sim, quanto puder, as obras de caridade. Contudo, ajudando alguém, é preciso saber como você ajuda.


Livro: Bem-aventurados os simples -  Waldo Vieira - Valérium

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