21.6.15

Saudação à Paris
Paris, 14 de junho de 2015.
 O quanto guardo de alegria ao me lembrar do primeiro dia que pus os meus pés na bela França, em particular em Paris.
Todos nós possuímos, pela força das histórias trazidas nos livros e pelo hábito que se tinha na minha época de estudar a língua francesa, uma enorme admiração pela França. Admiração esta justificada pela beleza, incansável de ver de todo o País, mas, sobretudo, pelo grandioso trabalho de edificação de uma nova civilização a partir dos valores lá disseminados como meta da sociedade humana: liberdade, igualdade e fraternidade.
O que é viver em liberdade? Será que temos realmente liberdade? Claro que não. Ainda estamos presos por um sistema que nos dá uma falsa sensação de liberdade. Como podemos nos definir como livres se possuímos amarras econômicas que nos subtraem o direito de ir e vir? Como podemos nos dizer livres se o nosso sistema político ainda é viciado e que somos forçados a escolher sempre os mesmos?
A igualdade ainda é um sonho distante, pois o que mais há ainda neste mundo é desigualdade. Cada dia que passa mais gente fica mais rica e uma porção maior da população mundial continua mais pobre. A distância entre ricos e pobres continua sendo gigantesca e os mecanismos sociais e econômicos só nos fazem aumentar estas disparidades.
A fraternidade é um horizonte possível, mas da mesma forma distante, pois se existisse, de fato, teríamos mais liberdade e igualdade, haja vista que o homem não ficaria satisfeito com as desproporções existentes. É, porém, um sentimento que avança, apesar da força grande que ainda é o egoísmo humano.
Mas foi na bela França, particularmente em Paris e em seus arredores, que se viveu esta efervescência dos ideais da humanidade. 
Danton, Robespierre, Marat e tantos outros baluartes daqueles dias lutaram por uma sociedade mais justa, mas eles mesmos, na febre revolucionária, no seu conjunto, perderam o senso da razão que tanto propagavam e se autodestruíram. As raízes, porém, daqueles fundamentos se mantiveram vivas e contagiaram os ideais políticos da humanidade.
Estes ideais continuam permanentes e representarão, por um bom tempo, as esperanças dos seres humanos na construção da uma civilização melhor.
Enquanto isto não ocorre, bebamos no ar das ruas e monumentos parisienses o sentimento libertador que viveu aquela gente e que pode ser absorvido pelas almas mais sensíveis que passeiam pelos seus bosques e que se deparam com as suas praças que simbolicamente evocam aqueles dias.
Avancemos, irmãos, para a criação de um mundo melhor, pois esta é a razão de ser de todos nós, ser participantes desta obra de Deus na Terra.
Esta é a revolução a ser perseguida todos os dias.
Avante, França!
Avante todos!
Helder Camara.

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