Saudação à Paris
Paris, 14 de junho de 2015.
Todos nós possuímos, pela força das
histórias trazidas nos livros e pelo hábito que se tinha na minha época de
estudar a língua francesa, uma enorme admiração pela França. Admiração esta
justificada pela beleza, incansável de ver de todo o País, mas, sobretudo, pelo
grandioso trabalho de edificação de uma nova civilização a partir dos valores
lá disseminados como meta da sociedade humana: liberdade, igualdade e
fraternidade.
O que é viver em liberdade? Será
que temos realmente liberdade? Claro que não. Ainda estamos presos por um
sistema que nos dá uma falsa sensação de liberdade. Como podemos nos definir
como livres se possuímos amarras econômicas que nos subtraem o direito de ir e vir?
Como podemos nos dizer livres se o nosso sistema político ainda é viciado e que
somos forçados a escolher sempre os mesmos?
A igualdade ainda é um sonho distante, pois
o que mais há ainda neste mundo é desigualdade. Cada dia que passa mais gente
fica mais rica e uma porção maior da população mundial continua mais pobre. A
distância entre ricos e pobres continua sendo gigantesca e os mecanismos
sociais e econômicos só nos fazem aumentar estas disparidades.
A fraternidade é um horizonte possível, mas
da mesma forma distante, pois se existisse, de fato, teríamos mais liberdade e
igualdade, haja vista que o homem não ficaria satisfeito com as desproporções
existentes. É, porém, um sentimento que avança, apesar da força grande que
ainda é o egoísmo humano.
Mas foi na bela França, particularmente em
Paris e em seus arredores, que se viveu esta efervescência dos ideais da
humanidade.
Danton, Robespierre, Marat e tantos outros
baluartes daqueles dias lutaram por uma sociedade mais justa, mas eles mesmos,
na febre revolucionária, no seu conjunto, perderam o senso da razão que tanto
propagavam e se autodestruíram. As raízes, porém, daqueles fundamentos se
mantiveram vivas e contagiaram os ideais políticos da humanidade.
Estes ideais continuam permanentes e representarão,
por um bom tempo, as esperanças dos seres humanos na construção da uma
civilização melhor.
Enquanto isto não ocorre, bebamos no ar das
ruas e monumentos parisienses o sentimento libertador que viveu aquela gente e
que pode ser absorvido pelas almas mais sensíveis que passeiam pelos seus
bosques e que se deparam com as suas praças que simbolicamente evocam aqueles
dias.
Avancemos, irmãos, para a criação de um
mundo melhor, pois esta é a razão de ser de todos nós, ser participantes desta
obra de Deus na Terra.
Esta é a revolução a ser perseguida todos os
dias.
Avante, França!
Avante todos!
Helder Camara.
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