Questão
299 do Livro dos Espíritos
Essa
questão sobre uma suposta "metade", foi muito bem respondida pelo Espírito; ela
é oriunda da mesma fonte da "alma gêmea".
Quando
se chama de metade ao Espírito que acompanha outro com profunda afinidade, e se
referindo à fusão de sentimentos análogos, e se aceitamos que os dois formam um,
pelos laços do coração, entendemos que, apartando-se um, ambos ficam
incompletos. Assim, essa expressão é somente filosófica, ficando no abstrato
porque, na verdade, o Espírito é individual e indivisível, e o amor, como já
dissemos, deve ser universalizado, força essa que nos une a todos e todos em
Deus.
Na
verdade, nunca podemos viver separados dos outros Espíritos; estamos sempre
juntos em toda parte, tanto na Terra como no mundo espiritual, e é pelo conjunto
que vivemos felizes, buscando a felicidade em Cristo Jesus. A expressão
"cara metade" na Terra, geralmente é usada entre os casais, significando que é a
metade do outro nos compromissos assumidos ante a vida material. Depois, a
própria lei da reencarnação leva-os a buscar outra metade em novos compromissos,
obrigações essas que os conduzem a um amor maior, de modo que esse amor cresça,
buscando abranger a tudo e a todos.
É a
mesma coisa que se pode entender nessa linguagem tão comum entre os casais,
"minha mulher", "meu marido". Não se pode julgá-la na profundidade do termo; é
apenas figura de expressão. Ninguém tem posse de ninguém porque, se hoje estão
juntos, amanhã estarão separados pela lei divina e universal da reencarnação.
Não vamos entender "cara metade" como uma realidade, como se fosse de fato uma
metade do outro. Assim, o homem seria uma obra incompleta, e Deus, sendo Deus,
faz tudo com perfeição.
A luta
da fraternidade é fazer desaparecer o egoísmo; a luta do perdão é fazer
desaparecer a vingança; a luta do amor é fazer desaparecer o ódio. O Evangelho,
em muitas falas, nos traz muita figuração. Jesus falava por parábolas, de sorte
que os ensinos pudessem varar os séculos e chegar até aos dias atuais, trazendo
a mensagem no seu fulgor primitivo.
A
simpatia é unidade do amor que marca a individualidade. Mesmo sendo ela nascida
dos sentimentos inferiores, se pode deixar de ser simpatia no meio dos Espíritos
que desconhecem a verdade, prova que os dois que antes simpatizavam entre si não
eram parte um do outro, porque a antipatia os separa e eles podem viver bem cada
um em lugar diferente.
Os que
amam e são evoluídos encontram, em todos os seus semelhantes, irmãos que devem
dar as mãos em todos os serviços da fraternidade. Se encontrarmos alguém com o
ideal do bem, na firmeza de todos os propósitos inspirados no amor, tenhamo-lo
como nossa metade, e copiemos seus feitos, porque isso é bom para a nossa paz
interna.
Devemos
compreender que Jesus dirige o rebanho da Terra. Nós todos somos Suas ovelhas, e
cada uma, mesmo individualizada pela sua formação está ligada às outras pelo
amor de Deus. Todos juntos formamos uma corrente divina, e cada criatura
representa um elo. Estamos presos uns aos outros pelo amor de
Deus.
Livro: Filosofia Espírita –
João Nunes Maia - Miramez
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