A natureza é bem de todos. Quem não entende desta
forma está traindo a Criação. Se sou veemente nas minhas palavras é para
lembrar que esta Casa que moramos, chamada Terra, é propriedade geral e que
devemos, cada um, fazer a nossa parte para ela seja benéfica para todos.
Não podemos estragar a oportunidade de levar
o melhor que temos para a nossa habitação maior. A Terra é preciosa, não deve
ser invadida por lixo demasiadamente. Quando assim me expresso é porque chamo
lixo a tudo quanto o homem produz e não pode mais aproveitar, porque há vida no
lixo, então devemos, ao máximo, retirar das sobras o que pode ser aproveitado.
Esta reivindicação não é nova e as grandes
empresas e os principais países do mundo já despertaram para a necessidade do
cuidado global.
Quando vemos a publicação, nesta semana, da
chamada “Encíclica Verde”, pelo nosso Papa Francisco, fico absolutamente feliz
em ver a dedicação deste homem de Deus para que a Terra continue a ser um
depositório de bondades e não de restos.
A Encíclica é completíssima. Teve a
preocupação, o Santo Papa, de dar contornos globais e integrais àquela Carta.
Entendeu que o homem é o grande responsável
pela vida na Terra, toda a vida, e não apenas a dele. Considerou que ele deve
fazer de tudo para que a morada do Pai seja preservada em tudo.
Concebeu, também, aquilo que denominou de
Ecologia Integral. Ora, tudo que está envolvido com a paz planetária, seu
equilíbrio, sua harmonia, deve a nossa atenção. Portanto, vai além das
expectativas ambientais, vai ao encontro, inclusive, da nossa espiritualidade.
O quanto é atual pensarmos que somos
cidadãos do mundo e não apenas do nosso bairro que moramos, mas será nele, a
começar da nossa própria casa e da nossa própria rua, que começaremos a
exercitar o grande equilíbrio de tudo. Quando fazemos a nossa parte, onde residimos,
estamos dando a nossa contribuição para o equilíbrio geral.
A Carta Verde especifica também uma ação
maior pela ecologia e, para isso, neste apelo, propõe que haja um processo
permanente de educação para a ecologia integral. Todos são responsáveis, mas
todos devem estar conscientes de qual é o seu papel no grande equilíbrio das
coisas.
Mas o Papa Francisco vai mais longe. Propõe
que todos nós, independentemente do nosso credo religioso, seja um ativista
ambiental. E não poderia ser diferente. O mundo pede socorro, o próprio homem
de maneira destrutiva provocou danos ambientais, muitos deles, difíceis de
reversão.
Ora, se não houver um engajamento geral não
poderemos obter os resultados desejados. Que já esta geração possa fazer a sua
parte para que as gerações vindouras continuem este trabalho de recuperação
ambiental, pois se o homem sequer puder respirar como poderá ele viver?
A preocupação, portanto, com a
sustentabilidade do planeta é dever de todos e deve estar no centro das
preocupações em todos os níveis daqui por diante, que ela seja levada em
consideração em todas as decisões, seja no nível individual, seja no nível
global.
Lembra o Papa Francisco, magnamente, de que
tudo isso já havia sido preconizado pelo Nosso Senhor Jesus Cristo que demonstrou
sempre profunda intimidade com o meio ambiente, do qual por tanta amizade,
poderia até produzir fenômenos na natureza.
Evoca a figura sempre presente nas questões
ambientais da Igreja do nosso querido Francisco de Assis, do qual se inspira
para denominar a sua Encíclica.
“Louvado Sejas”, Francisco, na defesa desta
bandeira que é de todos nós, mesmo aqueles que estão fora da vida física.
“Louvado Sejas”, Jesus, para que teus
ensinamentos de preservação da Casa do Pai seja lembrando sempre por todos os teus
irmãos de caminho.
“Louvado Sejas”, meu Pai, pela grandiosidade
que colocasse em nossas mãos para que possamos cuidar com zelo e dedicação da
nossa Mãe-Terra.
É tamanha a beleza de tua Criação, como é
perfeito e belo tudo que fizeste e nos presenteaste.
Que possamos valorizar cada detalhe da tua
Criação, Pai, e ao admirá-la dizer para nós mesmos: isto tem que existir para
sempre.
“Louvado Sejas”, você, que já despertou para
esta verdade plena e age, todos os dias, como irmão da natureza.
Paz em tudo,
Helder Camara
Acesse a Encíclica Verde
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