10.6.15

Louvação à Lisboa

 Lisboa, 7 de junho de 2015.
 Há vivas recordações em cada lugar, de tudo há um pouquinho de mim. Minha bela Portugal e seus encantos sem fim.
 De onde vens, bom moço? Não importa. O que importa é que aqui estás para contemplar cada paisagem, cada detalhe, cada rua, cada sotaque, cada pessoa.
 Terra de onde viemos, todos vós são abençoados. Que importa agora os desatinos. Era a alma de descobridor que queria se imperar, mas teve que saber que a pujança de um povo ser livre seria maior - como foi.
 Minha bela Portugal, de raízes firmemente católicas, berço da religiosidade em que se ancorou o nosso Brasil.
 Teus costumes, nossas heranças. Teus hábitos, nossos jeitos.
 Há muito a aprender, pouco a não se render.
 E minha Lisboa querida, terra de gente amiga que me devota carinho até hoje. Sou eternamente grato pela companhia de bons amigos que noutras épocas foram-me afetos sinceros.
 Como tudo tem que mudar para continuar sendo sempre o mesmo, tu também te modificas, mas a essência é sempre a mesma. Boa ventura de meus dias!
 Os meus amigos portugueses eram sempre sorridentes, coisa rara é verdade, pois o aspecto sério denota mais tristeza d’alma. É como se uma saudade imensa não fosse cessar. Eram abraços de amigos que sempre encontrava alguém distante, mas querido, abraços festejados.
 Como queria dizer da minha alegria de aqui está e percorrer novamente teus casarios suntuosos, de beleza viril, de nostálgica palidez. Versos de te faço para render-me a tua beleza infinita.
 Se finco aqui e não Alentejo é para dizer que minha Lisboa guarda profundas recordações de carinho, meu berço cultural antes da minha igualmente querida França e Espanha. Sem poder esquecer dos meus amigos italianos.
 Nesta viagem nostálgica, vejo o quão importante é a arte de fazer amigos. Onde quer que passemos, deixemos o nosso lastro de amizade sincera, de amigos para a eternidade. Que fazer senão recordá-los na sua fé, no seu apreço, na sua consideração.
 O berço da nossa Nação precisa mudar de ares. Pouco a pouco deverá dar lugar a uma geração de jovens espíritos pelo que sei. Serão mais astutos, mais ousados, mais “inconsequentes”. É porque os novos tempos exigirão qualidades que necessitam de mais arrobo, mais determinação. Não que o saudosismo não terá vez, mas é que os valores da nova geração se farão presentes nas instituições, muitas delas caducas, para que se contorne outro nível de funções.
 No mais, o meu devotamento à Fátima, santuário de fé de todo um povo que contagia o mundo inteiro. Do Rio Tejo que com suas águas vão dando formas aos lugarejos ribeirinhos. Do Porto imponente. Da Sintra inesquecível. De todos os recantos de incrível beleza.
 Avante, Portugal!
 Avante para a era do espírito!
 Que santos sejam os vossos dias!
 Helder Camara

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