5.4.20

Um Apelo ao Entendimento


Toda chuva passa.
Toda treva se entrega à luz.
Todo alvoroço se transveste em calmaria.
Há, portanto, equilíbrio em tudo. E naquilo que aparentemente não entendemos, há, igualmente, harmonia.
O nosso País atravessa dias turbulentos. As pessoas não se entendem direito. Todos entram rapidamente em conflito quando se fala em política, por exemplo.
Eu sei que há paixões envolvidas. É claro, também, que todos, ao seu ponto de vista, desejam o melhor para a nossa nação, mas é urgente que tenhamos entendimento.
As posições mais bravias nos últimos acontecimentos não nos levam a nada. É preciso temperança para acalmar os ânimos. A radicalidade é precária para a sobrevivência de um nação coesa e solidária.
A partir de certos pronunciamentos, por mais bem intencionados que sejam, a rebeldia popular se agita. “Como pode alguém falar dessa maneira?”
É natural o arrojo. É compreensível a turba. O que não é admissível é a revolta inconsequente e desestabilizadora.
O País segue o seu rumo decidido nas urnas. Elas são soberanas, entendam isso. O regime que se vive é presidencial e possui em si as suas regras de funcionamento. Cumpramo-las!
A rebeldia insensata não é boa conselheira. Isto não quer dizer que as opiniões contrárias não devam ser expressas e debatidas em arena pública. O embate violento, porém, não é aconselhável.
Há, entrementes, mudanças em curso.
Queira-se ou não, há um clima de ordem no governo presente.
A corrupção, este cupim institucional como me referi em outra oportunidade, está contido. O que não quer dizer que esteja domesticado e que não volte jamais.
O objetivo de colocar o País em rumo certo, existe. A preocupação superior em acertar, é real. Os avanços são perceptíveis. A organização do País está em curso.
Ocorre, porém, em vista de tudo isso que se avança, há um completo descompromisso com a paz pública diante de pronunciamentos que beiram a irresponsabilidade, justamente de quem deveria dar o tom de apaziguamento dos ânimos.
Bons propósitos sem boas maneiras é improdutivo e causa mais confusão que harmonia.
Bom direcionamento sem explicações convincentes gera mais desacordo que convergência.
Há um clima de ordenamento militar numa situação de governo civil.
Como antes, se pudesse, este governo administraria o País através de decretos-leis. Isto é muito preocupante.
A participação popular está esvaziada. Os conselhos representativos da sociedade civil são solapados. Isto nos impacienta.
A preocupação ambiental, necessidade de todos nós, é colocada em segundo plano. Isto impacta toda a humanidade.
O discurso raivoso e feroz somente desagrega o tecido social e democrático.
A altivez não pode ser confundida com a falta de educação e respeito.
Não se pode esperar muito do que aí está, ninguém se transforma da noite para o dia, mas devemos-lhe a consideração institucional.
Figuras eminentes da República, neste lado de cá da vida, estão preocupadas. Se se articularam para desarmar um mal maior, agora trabalham para evitar a pandemia do ódio prevalecer nas relações sociais.
O vírus do autoritarismo não pode contaminar a nossa democracia.
A pandemia que mata em maior quantidade é a do medo. Ela sufoca a pessoa sem que agente externo algum lhe aborde.
Se há algo que não podemos tolerar é sermos atingidos naquilo que não nos permite respirar como cidadão: a liberdade.
Nisto, levantamo-nos todos nós aqui nestas paragens.
Nisto, não há tolerância. Nem mesmo daqueles que defendem o que aí está.
Nisto, haverá unidade de propósito de todas as correntes políticas aqui instaladas.
Ele sabe disto. Foi avisado por nós. É consciente que deve controlar seus impulsos.
Cabe a nós outros, defensores da democracia, jogar o jogo democrático.
O governo que aí está rege-se por uma inteligência subliminar que o sustenta e o faz avançar mesmo na adversidade.
Abram os olhos e lutem com a mesma inteligência.
Os embates, regulados pelas regras democráticas, são absolutamente saudáveis. Que bom que assim seja!
Não estamos temerosos em relação a isso. Nosso temor é o conflito social inconsequente e desagregador.
O futuro do País é promissor. Tudo que ocorre gera um aprendizado jamais visto no nosso povo.
Não há erro nem acerto no campo da democracia. Há escolhas de caminho, com aprendizado e redirecionamento da vontade.
Caminhemos sem temor. Exercitemos a nossa verve democrática e tudo o mais se encaixará no plano de Deus.
Sairemos maiores desses embates, creiam nisso.
A paz é desejo de todos e será por ela que conseguiremos nos unir e tornar esta grande nação luz para o mundo.

Ulysses Guimarães - Blog de Carlos Pereira

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