30.4.20

No Mesmo Barco


A carência mundial é tremenda. O fenômeno da pandemia mundial do Coronavírus põe-nos numa condição de fragilidade e nos faz questionar se tudo aquilo que foi construído até o presente momento tem a sua razão de ser em bases sustentáveis.
A resposta provavelmente é que não.
Os países isoladamente não conseguirão vencer este vírus, eles já perceberam isto há algum tempo. Cessar os casos na China não garantirá que a sua extensão vai estancar nos outros países como observamos. As soluções, portanto, devem ser abrangentes e integradas. É este chamamento à coletividade humana que este abençoado momento tem proporcionado, mesmo que seja pelo intermédio da dor.
O Coronavírus é a ponta do iceberg da desigualdade, é o despertamento para que pensemos como seres humanos globais e fraternos, sem o qual qualquer tentativa de apaziguamento das dores será vazia.
O que pensar se os Estados Unidos resolvem o problema e a Itália não. Ou se a África inteira fica contaminada e a Europa consegue se proteger. Necessitamos compreender que temos problemas globais e, por consequência, as soluções devem caminhar na mesma direção.
Enquanto tivermos governos que se preocupem apenas com a realidade interna de seus países, despreocupados com a realidade mundial, a Terra não conseguirá progredir no universo das nações do Cosmo.
A intenção de chamar a nossa atenção já foi feita. Infelizmente, às vezes, é necessário que um mal maior ocorra para acordarmos para a realidade que está às nossas vistas e não conseguimos – ou não desejamos – enxergar.
O Papa Francisco, este homem do bem e da paz, tem feito um trabalho grandioso no sentido de despertar o povo de Deus para se juntar no combate a pandemia, mas não deixa de lembrar, pelos seus gestos e atos, que estamos todos no mesmo barco e, portanto, não adianta um querer isoladamente se salvar da tempestade. A solução deve partir do pressuposto que todos nós somos a nação de Deus e juntos devemos chegar à terra firme.
Queira o Papa, que seu apelo na praça de São Pedro, tenha sido escutado e compreendido por todos os povos. O silêncio de uma oração, muitas vezes, consegue abrasar o sofrimento de milhões.
Ao Papa Francisco, pela sua visibilidade e credibilidade, que continue sendo a voz do discernimento e da razão para que a humanidade finalmente encontre seu eixo civilizatório e se enxergue como filhos de um mesmo Deus e irmãos no mesmo propósito redentor.

Paulo Evaristo Arns – Blog de Carlos Pereira

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