24.4.20

Corpo espiritual, Imponderável, Incorruptível


Foi à obrigação lógica de explicar a ação da alma sobre o invólucro físico que cederam os primeiros cristãos, acreditando na existência de uma substância mediadora. Aliás, não se compreende que o espírito seja puramente imaterial, porquanto, então, nenhum ponto de contato o teria com a matéria física e não poderia existir, desde que deixasse de estar individualizado num corpo terrestre.
No conjunto das coisas, o indivíduo é sempre determinado pelas suas relações com outros seres; no espaço, pela forma corpórea; no tempo, pela memória.
O grande apóstolo S. Paulo fala várias vezes de um corpo espiritual, imponderável, incorruptível, e Orígenes, em seus Comentários sobre o Novo Testamento, afirma que esse corpo, dotado de uma virtude plástica, acompanha a alma em todas as suas existências e em todas as suas peregrinações, para penetrar e  os corpos mais ou menos grosseiros e materiais que ela reveste e que lhe são necessários no exercício de suas diversas vidas.
Eis aqui, segundo Pezzani, as opiniões de alguns Pais da Igreja sobre esta questão.
Orígenes e os Pais alexandrinos, que sustentavam um a certeza, os outros a possibilidade de novas provas após a provação terrena, propunham a si mesmos a questão de saber qual o corpo que ressuscitaria no juízo final.
Resolveram-na, atribuindo a ressurreição apenas ao corpo espiritual, como o fizeram S. Paulo e, mais tarde, o próprio Santo Agostinho, figurando como incorruptíveis, finos, tênues e soberanamente ágeis os corpos dos eleitos.
Então, uma vez que esse corpo espiritual, companheiro inseparável da alma, representava, pela sua substância quintessenciada, todos os outros envoltórios grosseiros, que a alma pudera ter revestido temporariamente e que entregara ao apodrecimento e aos vermes nos mundos por onde passara; uma vez que esse corpo havia impregnado de sua energia todas as matérias  para um uso limitado e transitório, o dogma da ressurreição da carne substancial recebia, dessa concepção sublime, brilhante confirmação.
Concebido desse modo, o corpo espiritual representava todos os outros que somente mereciam o nome de corpo pela sua adjunção ao princípio vivificante da carne real, isto é, ao que os espíritas denominaram perispírito.

Livro: A Alma É Imortal - Gabriel Delanne.

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