Conheci Hélder Câmara ainda
moço. Era um padre efervescente. Conhecia bem a alma humana e era cheio de
vida. Impressionava-me a sua disposição para defender as suas ideias com muita
paixão e eloquência.
Durante a nossa vida, tivemos
a oportunidade de sermos colegas de batina e a proximidade de interesses nos
fez amigos fraternos até hoje.
Um dos motivos que nos
aproximou bastante foi em lutar ardorosamente contra as injustiças sociais.
Paralelamente a esta luta que não era nossa, mas do Cristo e da sua Igreja que
desposávamos, tivemos em comum a luta contra o regime de exceção democrática
que havia se implantado em nosso País desde 1964.
Uma luta que nos uniu ainda
mais.
É bom viver com uma causa
justa para defender e Deus me deu muitas para lutar na minha estada entre
vocês.
Agora, vendo-me na condição
de espírito, porque morto não estamos, tenho que continuar a luta que aí
iniciei, porque a razão pela qual ela existia ainda permanece até hoje.
Fui padre por vocação. Não me
via fazendo outra coisa e um dos momentos mais felizes do meu sacerdócio
terreno foi poder ver o fim da ditadura militar e a volta da democracia.
Quero dizer com isso, bem
entendido, que havia acertos no governo dos militares e que há erros na
caminhada democrática, mas é infinitamente melhor errar e buscar acertar com a
liberdade do que acertar sem ela.
Não é pela ordem que vamos
transformar o mundo, o progresso vai acontecer pela implantação do amor na
Terra. Foi isto que o Cristo nos prometeu e é nisto que acredito.
Aquilo que me animava a alma
ontem é aquilo que me ativa ainda mais a alma hoje.
Os percalços que a vida
pública brasileira vai passar faz parte do seu processo natural de aprendizagem
política. O povo, no uso da sua liberdade, deve aprender com seus equívocos e
acertos e aprumar o rumo da sua própria história.
Neste momento de grande
tribulação que vive a humanidade e o nosso querido Brasil, tenho que dizer,
como antes já disse, que sem o Cristo nós não vamos para lugar algum; que sem o
seu Evangelho a nos guiar, seremos cegos guiando outros cegos.
Jesus é a luz do mundo, não
esqueçamos jamais disso. Sem ele, pereceremos na escuridão sem fim.
E o que Jesus diria se
estivesse conosco, como está, nesta hora grandiosa da redenção humana?
- Bem-aventurados os mansos
porque governarão a Terra.
- Bem-aventurados os aflitos
porque serão consolados.
- Bem-aventurados os que têm
fome e sede de justiça porque serão saciados.
- Bem aventurados os
misericordiosos porque alcançarão misericórdia.
- Bem aventurados os
pacificadores porque serão chamados filhos de Deus.
Nunca como antes, as palavras
proféticas de Jesus foram tanto importantes para dar luz à humanidade.
Jesus deve ser sempre o farol
das nossas vidas.
Acredito que o povo de Deus
vai encontrar o seu rumo, mesmo diante das discórdias e desavenças.
Tenho fé que toda esta
neblina de ódio e separatismos ensinará o valor da concórdia e da relação
fraterna.
Não fomos criados para a
guerra, fomos criados para a paz. Busquemos a paz, então.
Somente nos alimentamos
daquilo que doamos ao outro.
Este é o momento de nos
alimentarmos da boa seiva, aquela pela qual Jesus nos trouxe há dois mil anos:
a seiva do amor.
Queridos irmãos, a
intemperança vai passar.
Os dias nublados serão
substituídos pelo sol radiante de um novo amanhã.
Tudo está sendo presidido
pelo Cristo, o Salvador das nossas vidas e se ele está conosco, o que temer?
Quem tem Jesus no coração
sabe que terá vida em abundância, então porque se preocupar com a morte que
literalmente não existe.
Bem-aventurados os que creem
nestas palavras de vida eterna.
Fiquemos em paz com o Cristo!
Paulo Evaristo Arns
Blog de Carlos Pereira
Texto recebido logo após
psicografia de Dom Hélder Câmara que o trouxe para escrever este texto.
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