11.4.20

A Boa Seiva


Conheci Hélder Câmara ainda moço. Era um padre efervescente. Conhecia bem a alma humana e era cheio de vida. Impressionava-me a sua disposição para defender as suas ideias com muita paixão e eloquência.
Durante a nossa vida, tivemos a oportunidade de sermos colegas de batina e a proximidade de interesses nos fez amigos fraternos até hoje.
Um dos motivos que nos aproximou bastante foi em lutar ardorosamente contra as injustiças sociais. Paralelamente a esta luta que não era nossa, mas do Cristo e da sua Igreja que desposávamos, tivemos em comum a luta contra o regime de exceção democrática que havia se implantado em nosso País desde 1964.
Uma luta que nos uniu ainda mais.
É bom viver com uma causa justa para defender e Deus me deu muitas para lutar na minha estada entre vocês.
Agora, vendo-me na condição de espírito, porque morto não estamos, tenho que continuar a luta que aí iniciei, porque a razão pela qual ela existia ainda permanece até hoje.
Fui padre por vocação. Não me via fazendo outra coisa e um dos momentos mais felizes do meu sacerdócio terreno foi poder ver o fim da ditadura militar e a volta da democracia.
Quero dizer com isso, bem entendido, que havia acertos no governo dos militares e que há erros na caminhada democrática, mas é infinitamente melhor errar e buscar acertar com a liberdade do que acertar sem ela.
Não é pela ordem que vamos transformar o mundo, o progresso vai acontecer pela implantação do amor na Terra. Foi isto que o Cristo nos prometeu e é nisto que acredito.
Aquilo que me animava a alma ontem é aquilo que me ativa ainda mais a alma hoje.
Os percalços que a vida pública brasileira vai passar faz parte do seu processo natural de aprendizagem política. O povo, no uso da sua liberdade, deve aprender com seus equívocos e acertos e aprumar o rumo da sua própria história.
Neste momento de grande tribulação que vive a humanidade e o nosso querido Brasil, tenho que dizer, como antes já disse, que sem o Cristo nós não vamos para lugar algum; que sem o seu Evangelho a nos guiar, seremos cegos guiando outros cegos.
Jesus é a luz do mundo, não esqueçamos jamais disso. Sem ele, pereceremos na escuridão sem fim.
E o que Jesus diria se estivesse conosco, como está, nesta hora grandiosa da redenção humana?
- Bem-aventurados os mansos porque governarão a Terra.
- Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados.
- Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados.
- Bem aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia.
- Bem aventurados os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus.
Nunca como antes, as palavras proféticas de Jesus foram tanto importantes para dar luz à humanidade.
Jesus deve ser sempre o farol das nossas vidas.
Acredito que o povo de Deus vai encontrar o seu rumo, mesmo diante das discórdias e desavenças.
Tenho fé que toda esta neblina de ódio e separatismos ensinará o valor da concórdia e da relação fraterna.
Não fomos criados para a guerra, fomos criados para a paz. Busquemos a paz, então.
Somente nos alimentamos daquilo que doamos ao outro.
Este é o momento de nos alimentarmos da boa seiva, aquela pela qual Jesus nos trouxe há dois mil anos: a seiva do amor.
Queridos irmãos, a intemperança vai passar.
Os dias nublados serão substituídos pelo sol radiante de um novo amanhã.
Tudo está sendo presidido pelo Cristo, o Salvador das nossas vidas e se ele está conosco, o que temer?
Quem tem Jesus no coração sabe que terá vida em abundância, então porque se preocupar com a morte que literalmente não existe.
Bem-aventurados os que creem nestas palavras de vida eterna.
Fiquemos em paz com o Cristo!
Paulo Evaristo Arns
Blog de Carlos Pereira
Texto recebido logo após psicografia de Dom Hélder Câmara que o trouxe para escrever este texto.

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