A carência mundial é
tremenda. O fenômeno da pandemia mundial do Coronavírus põe-nos numa condição
de fragilidade e nos faz questionar se tudo aquilo que foi construído até o
presente momento tem a sua razão de ser em bases sustentáveis.
A resposta provavelmente é
que não.
Os países isoladamente não
conseguirão vencer este vírus, eles já perceberam isto há algum tempo. Cessar
os casos na China não garantirá que a sua extensão vai estancar nos outros
países como observamos. As soluções, portanto, devem ser abrangentes e
integradas. É este chamamento à coletividade humana que este abençoado momento
tem proporcionado, mesmo que seja pelo intermédio da dor.
O Coronavírus é a ponta do
iceberg da desigualdade, é o despertamento para que pensemos como seres humanos
globais e fraternos, sem o qual qualquer tentativa de apaziguamento das dores
será vazia.
O que pensar se os Estados
Unidos resolvem o problema e a Itália não. Ou se a África inteira fica
contaminada e a Europa consegue se proteger. Necessitamos compreender que temos
problemas globais e, por consequência, as soluções devem caminhar na mesma
direção.
Enquanto tivermos governos
que se preocupem apenas com a realidade interna de seus países, despreocupados
com a realidade mundial, a Terra não conseguirá progredir no universo das
nações do Cosmo.
A intenção de chamar a nossa
atenção já foi feita. Infelizmente, às vezes, é necessário que um mal maior
ocorra para acordarmos para a realidade que está às nossas vistas e não
conseguimos – ou não desejamos – enxergar.
O Papa Francisco, este homem
do bem e da paz, tem feito um trabalho grandioso no sentido de despertar o povo
de Deus para se juntar no combate a pandemia, mas não deixa de lembrar, pelos
seus gestos e atos, que estamos todos no mesmo barco e, portanto, não adianta
um querer isoladamente se salvar da tempestade. A solução deve partir do
pressuposto que todos nós somos a nação de Deus e juntos devemos chegar à terra
firme.
Queira o Papa, que seu apelo
na praça de São Pedro, tenha sido escutado e compreendido por todos os povos. O
silêncio de uma oração, muitas vezes, consegue abrasar o sofrimento de milhões.
Ao Papa Francisco, pela sua
visibilidade e credibilidade, que continue sendo a voz do discernimento e da
razão para que a humanidade finalmente encontre seu eixo civilizatório e se
enxergue como filhos de um mesmo Deus e irmãos no mesmo propósito redentor.
Paulo Evaristo Arns – Blog de
Carlos Pereira