Até onde vai o País?
O que não se sabe é que todos
estão envolvidos, de uma maneira ou de outra, no destino dessa imensa nação.
Quem queira duvidar disso vai
ter que se transportar para outro País imediatamente ou descarregar as suas
heranças psíquicas e culturais que ainda alimenta na alma.
Fugir do embate que se
avizinha é bastante cômodo, mas fica aqui uma reflexão: valerá a pena deixar de
participar da reconstrução de um país por não querer passar pelas agruras da
luta?
Àqueles que simplesmente
desejam estar num país pronto, ajustado, de economia estável, serviços públicos
eficientes, faz, no fundo, um gesto de egoísmo. É compreensível, mas deixar de
usufruir do embate de forças, do aprendizado na diversidade, da renovação das
mentalidades... Respeite-se!
Àqueles, porém, que se deixam
levar pelo idealismo de um país melhor no futuro saibam de início que não será
tarefa fácil e rápida, até porque construção alguma que se deseje consistente e
operosa se faz num piscar de olhos.
As agruras a que me refiro
serão de todas as ordens.
No campo da política, aquela
que hoje os brasileiros mais se digladiam, estamos assistindo a um embaraço de
forças que não se ajustam ao novo ditame que o planeta deseja. Algumas
propostas revisionistas do status quo são mal digeridas e muitos querem mesmo é
que tudo mude, mas ficando exatamente do jeito que está. Ora, como pode se
conviver com tanta injustiça e ficar de braços cruzados?
A política é sim uma arena de
enfrentamento, mas de ideias e não de pessoas. É lá que se deve debater novos
rumos. Coincidência ou não, arena quer dizer local onde as pessoas convivem e
lutam por seus ideais. A arena política atual está contaminada por valores
intrínsecos a sobrevivência. Como não foram resolvidos alguns problemas
básicos, a agenda política se curva a discutir o essencial, embora de forma
atabalhoada. Tudo, absolutamente tudo, tem a sua razão de ser e o povo, no
fundo, grita por melhores dias, apesar de parte dele não saber exatamente como
e quem pode trazer isso para si. Aguardemos a evolução dos fatos que trarão
respostas para nossos questionamentos.
No campo da educação, porém,
é que encontraremos mais respostas para o que desejamos. Se na política
escolhemos o nosso destino, na educação – ou na sua ausência – ele está
escolhido para nós. No íntimo de cada um é que está a formação do amanhã, a
educação burila vontades e pensamentos e faz desabrochar o que de melhor cada
um possui. A arena política vibra na dissonância, a ambiência educacional vibra
em luzes e progresso.
No campo da saúde devemos verificar
a que ponto estamos contribuindo ou não para que as pessoas fiquem doentes. E
doença, neste caso, não se resume simplesmente a sintomas desagradáveis, mas,
sobretudo, ao que emitimos uns com os outros e qual é o nosso comportamento
individual perante os embates da vida. Saúde integral e não apenas a do corpo
físico. O organismo humano é mais complexo do que um conjunto de sistemas a
serem estudados e combalidos por algum medicamente específico.
No campo do saber jurídico,
onde se processam a execução das leis, está outro fator de redenção planetária
e particularmente no nosso País. Leis, temos aos montes. Efetividade delas é
que temos carência. Buscar justiça pelas próprias mãos já se demonstrou no
passado que é ineficaz, mas fazer com que os instrumentos da lei sejam
exemplarmente postos em prática é o caminho que seguem as civilizações
humanizadas do planeta. Sem justiça, não há progresso social e tudo pode se
transformar num imenso caos.
O Brasil vive, entre outros
aspectos de entendimento, um período de autoafirmação, mas ainda não sabe
direito para onde ir. Sabe o que não quer, porém, não tem um entendimento mais
largo de para onde deverá ir.
Enquanto isso, vai
colecionar, naturalmente, o resultado de suas próprias escolhas. Acertará,
errará, ficará decepcionado, uma frustração aqui, outra acolá. E,
paulatinamente, vai respirar novos ares de democracia e justiça. Tudo
acontecerá aos poucos, mas experimentaremos inevitavelmente dias difíceis.
A procura por um espaço
democrático também significa a busca de uma liberdade consciente. Se desejamos
mudar o que esta aí comecemos por mudar a nossa forma de pensar e de agir. Quem
promove as mudanças senão nós mesmos¿
Luta, embate, choque, conflito,
serão naturais. Se, entretanto, houver consequência a tudo que aprouver,
encontraremos mais espaço para o acerto e conserto das coisas.
Venha para este novo País que
haveremos de construir. Você fará falta se não contribuir com sua opinião e
ação. Todos nós somos os responsáveis pelo nosso amanhã e de nosso País.
Joaquim Nabuco - Blog Reflexões de um Imortal
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