O bem haverá de preponderar
sobre o mal. É este o destino inevitável de todos nós e do planeta. Não há como
pensar num futuro de paz e compreensão senão fizermos do outro um irmão de
verdade.
Pode parecer estapafúrdio
imaginar que alguém que tirou a vida do próximo, que milita nas hostes da
maldade, que subtrai o que é alheio, dizer-se que é irmão, mas irmão o é.
Eu sei que haverá uma repulsa
espontânea em pensar desse jeito. É natural que se pense: eu tenho compromisso
é com o bem e não com quem faz o mal. Ele não é meu irmão.
Eu sei também que devemos nos
orientar por uma máxima deixada pelo Nosso Senhor Jesus Cristo há algum tempo:
amai uns aos outros como eu vos amei.
Ora, perguntarão outros, como
posso amar a quem tirou a vida de meu filho? Como posso amar alguém que me
tirou tudo que eu tinha? Como posso amar alguém que não gosta de mim?
É este o desafio imposto pelo
Cristo. Disse Ele que mérito haveria de ter em amarmos apenas aqueles a quem
nos ama?
O desafio de amar é tamanho
que exige o esforço de sair de si e ir ao encontro do outro, mesmo que esse
outro esteja temporariamente envolvido em trevas.
Esse seu irmão, esse nosso
irmão, precisa, mais que os outros, de nosso amor. É assim que se precisa
pensar. E agir.
Agir no sentido de deixa-lo ciente
de que o que faz está errado. Agir na direção de fazê-lo pagar pelos erros que
cometeu nos rigores da lei. Agir também na perspectiva de recuperação desse
irmão em agonia consigo mesmo.
O que não se pode, o que não
se imagina, é que um Cristão, que tenha consciência do que se denomina seguir
ao Cristo, pense em eliminar outro irmão. Subjugá-lo à tortura. Diminuir-lhe os
direitos.
Alguém dirá: mas ele fez isto
conosco, deve receber a mesma pena.
Meus filhos, se Deus, nosso
Pai Amantíssimo, reagisse conosco com essa forma de pensar, talvez a humanidade
ficasse restrita a um punhado de pessoas – e olhe lá!
O perdão é a ferramenta
humana da superação da maldade. A oportunidade de mudança é o caminho para a
renovação do ser humano. Nós não podemos, sob o signo da nossa civilidade,
devolver na mesma moeda aquilo que nos foi infringido. Se assim o fosse,
estaria estabelecido definitivamente o regime do caos, da balbúrdia e da
desesperança.
A mensagem magnânima do amor
trazida por Jesus nunca foi tão oportuna para o mundo e particularmente para o
nosso País nesta quadra tão difícil que atravessa.
Alguém acredita de verdade
que a destruição de outro ser humano ou de alguém que pensa diferente de você é
o caminho da salvação de um povo?
Rogamos a Deus que a paz
envolva o coração de todos os nossos irmãos brasileiros. Que a boa vontade seja
expressa em ações concretas de regeneração do outro. Que tenhamos a lucidez
necessária nas nossas principais decisões.
O País pede por calma e
compreensão. Não podemos voltar o passo, mas seguir em frente, olhar novos
horizontes, vislumbrar novas paragens. Àqueles que desejam o retrocesso, a
barbárie, a violência como resposta a violência, conclamo que olhem para dentro
de si e vejam que são, como todos os nossos demais irmãos, fagulhas divinas que
devem brilhar intensamente para o bem e para a paz. Se atualmente isto não
acontece, observemos a responsabilidade individual e coletiva e consertemos o
que se deixou à beira da estrada nessa trajetória de construção de nosso País.
Trabalhemos pela vitória do
bem.
Marchemos pela esperança de
novos dias.
Sejamos agentes da paz e da
propagação do amor.
Helder Camara – Blog Novas
Utopias
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