O QUE ACHA DO MOMENTO ATUAL
DO BRASIL?
- Um momento de indefinições
políticas e isso preocupa a todos nós que temos compromisso com essa imensa
nação.
HÁ UM CLIMA DE MUITA DISPUTA,
DE DESUNIÃO, DE CONFLITO. ISSO NÃO É BOM.
- Verdade! Mas há também um
sentimento de esperança. As pessoas querem ser felizes, é um clamor geral. Quem
é pobre quer ver a vida melhorar. Quem está desempregado quer arrumar um bico
que seja para seu sustento. Todo mundo quer ser feliz e isso é justo. Uma
eleição geral como essa vai ao encontro do anseio popular por melhores dias.
Neste ponto de vista, uma eleição é mais que bem-vinda porque renova a
esperança da nossa gente.
INSISTO NA DIVISÃO DESSA
NOSSA GENTE COMO O SR. FALA, DE MANEIRA EXAGERADA, É PREOCUPANTE.
- Claro, não vou me esquivar
de falar sobre isso, mas não vamos esperar que meu posicionamento aqui agradará
a toda a gente, pelo contrário, posso ser acusado de subversivo por uns ou de
intransigente por outros, mas o que vejo e defendo não pode fugir da minha
história de coerência com o que sempre lutei quando estava fisicamente aí entre
vocês.
O QUE TEM A DIZER?
- Não posso e não devo
aplacar a esperança de quem quer que seja, peço, no entanto, que pensem direito
antes de dar o seu voto. Eu sei que vivemos um instante difícil no nosso País.
Há violência crescente, há desemprego, há desordem institucional, há muitos
conflitos. É natural que o povo, de maneira geral, queira dar um fim a tudo
isso. É natural também que um discurso fácil e inflamante ganhe corpo a essa
expectativa geral. Portanto, vejo com bons olhos a indignação popular em lutar
contra o que está errado, mas não posso ficar calado quando ouço pregarem mais
violência para acabar com a violência, impor o autoritarismo na condução da
coisa pública, criar um sentimento de desunião diante dos problemas uns dos
outros. Com relação a esse estado de coisas, inquieta-me profundamente.
SEJAMOS MAIS DIRETOS, POR
FAVOR, SE POSSÍVEL. HÁ DETERMINADO CANDIDATO QUE PREGA ALGO MAIS RADICAL. É
NOTÓRIA A SUA POSTURA NESTE SENTIDO. HÁ DIVERSAS FALAS DELE DEFENDENDO UMA AÇÃO
MAIS ENÉRGICA E FRONTAL CONTRA TUDO ISSO. É ISTO QUE LHE IMPACIENTA?
- Sempre exerci meus
compromissos com o outro pautado no diálogo. Temos que conhecer e aceitar o
outro como ele é, o que não implica dizer que vamos concordar. Eu acho que é
preciso ponderar alguns aspectos. Por exemplo, a força é importante em
determinados casos, mas não pode representar a bandeira de luta de quem quer
que seja, ela deve ser a exceção e não a regra. O arbítrio que vivi nos meus
dias na Terra significava o uso total da força em desrespeito aos direitos
mínimos de toda a gente. Isso não pode acontecer de novo, jamais. O que
desejamos é a construção de um País pacificado, unido num mesmo propósito, de
conciliação e de paz, apesar dos conflitos que são naturais. A ternura, o
entendimento, a docilidade, a boa conversa pode desarmar completamente uma
guerra. Não creio que a intolerância deva predominar diante dos problemas do
povo.
O POVO ESTA CANSADO, ESTÁ
SOFRIDO DEMAIS, QUER UM ALÍVIO PARA AS SUAS DORES...
- É verdade, eu vejo isso
muito claramente do lado de cá da vida. Vejo também que forças antagonizantes
ao bem se aproveitam desse estado de coisas para pregar o ódio e a desordem.
Ora, isto eu não posso admitir jamais.
HÁ PERIGO DE UMA CISÃO NO
NOSSO PAÍS?
- Quero crer que não, mas não
podemos ficar de braços cruzados esperando isto acontecer. Façamos a nossa
parte e sejamos cautelosos diante do porvir. Desesperar, jamais, como bem dizia
o poeta. Ficar parado de braços cruzados também posso dizer: jamais!
O QUE DIZER AO NOSSO POVO
SOFRIDO? O QUE ESPERAR DESSA ELEIÇÃO?
- A eleição nada mais é do
que a expressão livre do nosso povo. Se não agimos certo, vamos ter que nos
submeter a quem escolheu nossos destinos pelo voto. Então, a solução é também
votar. O seu voto é importante, seja ele qual for, no entanto, exerça a sua
cidadania consciente sempre e não esporadicamente.
PARTICULARMENTE, TEMO EM NÃO
FICAR COM OPÇÕES QUE DESEJARIA NO SEGUNDO TURNO. ESTE SENTIMENTO, CREIO, É DE
MUITA GENTE. SE ISTO VIER A OCORRER, COMO DEVEMOS PROCEDER?
- Votando. O voto é sagrado,
o que não quer dizer que concorde totalmente com o candidato. Eles, os
políticos, devem estar submetidos à vontade do povo e não o povo submetido a
vontade desses políticos. A luta partidária, o engajamento político deve ser ato
contínuo numa democracia e não um encontro esporádico com as urnas. Se estamos
vivendo uma situação desagradável é porque os que se preocupam com a política a
utilizam diariamente e o restante da população somente de vez em quando. Então,
dá nisso que está.
SEU CONSELHO...
- Amar sempre é a melhor
solução para qualquer conflito. Busquem nisso uma razão de viver e um
comportamento nas relações. Ele haverá de dar as respostas que precisamos. É o
que penso. De resto, deixemos que a vontade de Deus presida os nossos dias e
aprendamos com nossos atos. Assim seja!
Helder Câmara – Blog Novas
Utopias