Donde éreis vós, ó formas
imprecisas
De arcanjos tutelares,
Cujas vozes suaves como
brisas
Trouxeram-me nas dores,
No auge do meu sofrer, nos
meus penares,
A irradiação de brando
refrigério?!...
Frontes aureoladas de
esplendores,
Seres cheios de amor e de
mistério,
Cujas mãos compassivas
Ungiram meu coração resignado
Com o bálsamo do olvido do
passado,
E com os místicos olores
Das meigas sempre-vivas
Da fé mais luminosa e mais
ardente...
Seríeis o fantasma imaginário
Da mórbida exaltação dalma do
crente?
Não, porque sois os cireneus
piedosos
Dos que vão em demanda do
Calvário
Da Redenção, nos sofrimentos
rudes;
Vindes das mais remotas
altitudes
De sublimados mundos
luminosos!...
Seres do Amor, jamais
traduziria
O cântico de luz
Que trouxestes ao leito da
agonia
Que eu transpus,
Cheia de desenganos e
gemidos!...
Verto ainda os meus prantos
comovidos
Lembrando-me do vosso
Stradivárius,
Repetindo as cadências dos
hinários
Dos orbes da Ventura e da
Harmonia,
Onde habitais, glorificando o
Amor
Que dalma faz um ninho de
alegria
E um foco de esplendor!
Em que sol deslumbrante, em
qual esfera
Viveis a vossa eterna
primavera'?
Ó irmãos consoladores,
Que vindes confortar os
pecadores
Penitentes da vida
transitória,
Dai-me um pouco de luz da
vossa glória,
Estendei-me urna única
migalha
Da vossa paz, que nutre e que
agasalha
Os corações iguais ao meu!...
Tenho sede do amor que
enfeita o Céu!
Espíritos da luz radiosa e
infinda,
Minhalma é fraca e pobre
ainda;
Todavia, imortal,
Quero ter dessa luz
resplandecente,
E quero embriagar-me
inteiramente
Com os vinhos da alegria
celestial.
Livro: Parnaso de Além-Túmulo
- Francisco C Xavier - CARMEN CINIRA
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