Os
últimos anos que vivemos no País foram anos absolutamente de virada de página
de um pedaço da história. Mudanças ocorreram para que pudéssemos, todos nós,
pensar melhor sobre as estruturas de poder vigentes e o modelo político
brasileiro.
Tudo
isso, portanto, tem uma finalidade: o aperfeiçoamento do sistema representativo
político brasileiro e o desenhar paulatino de uma nova face para a política em
nossas terras.
A
podridão que nos vestimos em nome da democracia é escandalosamente nociva e
distorce no seu âmago o propósito do regime de liberdade dos povos.
Não
soubemos conjugar a democracia com igualdade racial, por exemplo. Poucos foram
os negros que superaram a barreira social que existia no início do século
passado.
Os
pobres não conseguem se livrar das altas taxações embutidas que lhe subtraem um
pedaço do seu mísero salário.
Continuamos
com uma sociedade desigual que luta para ter acesso aos serviços mínimos e não
consegue ascender na escala social porque a educação que usufrui é imperfeita.
As faculdades não dão a formação de qualidade que o povo mais simples precisa
receber para se tornar mais ativo e superar as dificuldades da existência.
Não
conseguimos conjugar a democracia com uma economia pujante e sustentável em que
todos pudessem gozar da prosperidade gerada. O crescimento dificilmente se
traduz em desenvolvimento para o conjunto da sociedade. Os mesmos continuaram
dominando terras, fábricas e outros empreendimentos do capital. O pobre
continuou pobre.
Este
modelo, portanto, falhou e não deseja mais remendo, sutura, pede renovação
total, reinvenção, recriação orgânica.
Não
ignoro progressos obtidos, seria miopia e sectarismo deixar de reconhecer
enormes avanços que conquistamos, tal que a sociedade de hoje não é mais a
mesma dos tempos das indústrias iniciais, mas está bastante longe de ser uma
sociedade aberta ao capital e inclusiva aos menos favorecidos.
A
política corroeu a esperança do brasileiro quando não deu respostas adequadas
as demandas que chegavam até ela. Velhos hábitos foram reproduzidos e os erros,
muitos, continuaram sendo cometidos e o benefício dado a uma minoria se manteve
e se cristalizou.
Hoje,
tempos novos, pede-se ideias novas, ações novas, motivação nova.
Que
dizer do avanço tecnológico que não bate as nossas portas, mas simplesmente
invade as nossas vidas, fixa suas normas e muda completamente a economia?
Que
dizer da nova geração de costumes novos, cabeça leve e que modela um novo
arranjo produtivo que ainda não é contabilizado no cerne da nossa economia?
Que
dizer da mudança dos costumes e das mentalidades que exige que tenhamos novos
ares permanentemente e flexibilidade para criar urgentemente o novo?
Se
os tempos são outros, se a economia deve mudar, se a sociedade muda, o que
fazer com nosso modelo político vigente?
Transfigurá-lo
é pouco. Ressignificá-lo completamente, pois se tornou anacrônico. Não funciona
mais. Não representa mais o povo. Cito o Brasil, mas os exemplos que teço
servem perfeitamente para todas as esferas sociais e políticas de outros
países.
Chega!
A
nova libertação que devemos criar nos tempos novos é aquela que nos libera das
algemas mentais. Estamos presos a padrões velhos e ultrapassados. Somos
escravos de um mundo que está esgotado nos seus princípios.
Felicidade
por acolher novas ideias que estão nascendo com a nova geração que parte dela
já está aí.
Criemos
a coragem de experimentar o novo, de promovermos a revolução da liberdade de
expressão das novas ideias sociais. O mundo pede-nos ousadia nestes tempos
novos, senão continuaremos presos a um passado que já deveria ter sido
sepultado e ainda não foi.
A
espiritualidade age, mas deve encontrar eco na geração atual que flui para que
as mudanças inadiáveis aconteçam mais celeremente.
Avante,
irmãos!
Libertemo-nos
já das amarras dos velhos costumes e deixemo-nos ser absorvidos por novos
ideais que sustentarão as gerações futuras.
Eis
o grito presente de libertação!
Eis
a nova abolição!
Joaquim Nabuco – Blog
Reflexões de um Imortal.
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