FAÇO
QUESTÃO
Faço
questão:
Que
o sangue que corre em minhas veias seja a mistura de todas as raças...
Que
a minha pele seja policromática...
Que
a tua dor, ou a tua alegria, seja minha também...
Que
os meus sonhos sejam os mesmos que os teus...
Que
a tua crença em Deus seja o meu altar...
Que
a tua voz por justiça encontre eco na minha...
Que
a tua luta seja aquela que luto...
Que
o meu corpo seja um pedaço do teu e a tua alma o complemento da minha...
Faço
questão:
De
ser homem e de ser mulher...
De
ser criança e de ser velho...
De
falar em todas as línguas, mesmo naquelas que já morreram...
De
aprender contigo um pouco do muito que não sei...
De
juntar-me a ti na rebeldia de derrubar muros e fronteiras...
De
sofrer as discriminações que sofres...
De
mendigar o pão que mendigas...
De
ter nascido do ventre humilde e pobre que te gerou...
Faço
questão:
Que
os teus medos sejam os meus...
Que
a minha felicidade não exista sem a tua...
De
não seguir à frente, deixando-te ficar...
De
ser um refugiado como és...
De
não consentir que me ames em vão...
De
dividir contigo o meu pão...
De
sentir-me abraçado por teus braços...
De
nos unirmos às plantas e aos bichos...
Faço
questão:
Que
saibas que, também, sou morador de rua...
Sou
travesti...
Sou
prostituta...
Um
biscate qualquer...
Um
esmoler sem nome...
Sou
o menino drogado dali da esquina...
O
homem caído mais adiante...
A
mulher ultrajada...
Enfim,
desde que eu possa ser teu irmão,
Ou
tua irmã,
E
que tu meu irmão,
Ou
irmã, possa ser,
O
que quiseres que eu seja
Faço
questão de ser!...
INÁCIO
FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba
– MG, 8 de agosto de 2016.
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