255 –Devemos nós, os
espiritistas, praticar somente a caridade espiritual, ou também a material?
-A divisa fundamental da
codificação kardequiana, formulada no “fora da caridade não há salvação” , é
bastante expressiva para que nos percamos em minuciosas considerações.
Todo serviço da caridade
desinteressada é um reforço divino na obra da fraternidade humana e da redenção
universal.
Urge, contudo, que os
espiritistas sinceros, esclarecidos no Evangelho, procurem compreender a feição
educativa dos postulados doutrinários, reconhecendo que o trabalho imediato dos
tempos modernos é o da iluminação interior do homem, melhorando-se-lhe os
valores do coração e da consciência.
Dentro desses imperativos,
é lícito encarecermos a excelência dos planos educativos da evangelização, de
modo a formar uma mentalidade espírita-cristã, com vistas ao porvir.
Não podemos desprezar a
caridade material que faz do Espiritismo evangélico um pouso de consolação para
todos os infortunados; mas não podemos esquecer que as expressões religiosas
sectárias também organizaram as edificações materiais para a caridade no mundo,
sem olvidar os templos, asilos, orfanatos e monumentos. Todavia, quase todas as
suas obras se desvirtuaram, em vista do esquecimento da iluminação dos
Espíritos encarnados.
A Igreja Romana é um
exemplo típico.
Senhora de uma fortuna
considerável e havendo construído numerosas obras tangíveis, de assistência
social, sente hoje que as suas edificações são apenas de pedra, porquanto, em
seus estabelecimentos suntuosos, o homem contemporâneo experimenta os mais
dolorosos desenganos.
As obras da caridade
material somente alcançam a sua feição divina quando colimam a espiritualização
do homem, renovando-lhe os valores íntimos, porque, reformada a criatura humana
em Jesus-Cristo, teremos na Terra uma sociedade transformada, onde o lar
genuinamente cristão será naturalmente o asilo de todos os que sofrem.
Depreende-se, pois, que o
serviço de cristianização sincera das consciências constitui a edificação
definitiva, para a qual os espiritistas devem voltar os olhos, antes de tudo,
entendendo a vastidão e a complexidade da obra educativa que lhes compete
efetuar, junto de qualquer realização humana, nas lutas de cada dia, na tarefa
do amor e da verdade.
256 –Como interpretar a
esmola material?
-No mecanismo de relações
comuns, o pedido de uma providência material tem o seu sentido e a sua
utilidade oportuna, como resultante da lei de equilíbrio que preside o
movimento das trocas no organismo da vida.
A esmola material, porém, é
índice da ausência de espiritualização nas características sociais que a
fomentam.
Ninguém, decerto, poderá
reprovar o ato de pedir e, muito menos, deixará de louvar a iniciativa de quem
dá a esmola material; todavia, é oportuno considerar que, à medida que o homem
se cristianiza, iluminando as suas energias interiores, mais se afasta da
condição de pedinte para alcançar a condição elevada do mérito, pelas
expressões sadias do seu trabalho.
Quem se esforça, nos
bastidores da consciência retilínea, dignifica-se e enriquece o quadro de seus
valores individuais.
E o cristão sincero, depois
de conquistar os elementos da educação evangélica, não necessita materializar a
idéia da rogativa da esmola material, compreendendo que, esperando ou sofrendo,
agindo ou lutando, nos esforços da ação e do bem, há de receber, sempre, de
acordo com as suas obras e de conformidade com a promessa do Cristo.
Livro: “O Consolador” –
Francisco C. Xavier – Emmanuel - Os livros espíritas como este, vendidos em
nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz
de Limeira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário