Nunca
me senti a altura de escrever qualquer texto em homenagem às Mães ,
por considerar que, com palavras, eu mesmo nunca consegui expressar por minha
mãe todo o amor que sentia por ela.
Sempre
tive a minha mãe como um anjo em minha vida e, sinceramente, quando dela me
aproximava, quase não conseguia levantar os olhos para fitá-la...
Era
tanta luz a irradiar-se de seu generoso espírito para que eu pudesse
contemplá-lo, sem que os meus olhos se enchessem de lágrimas que procurava
disfarçar.
Eu
sei que as nossas Mães, sobretudo, são nossas irmãs, mas em toda mulher que se
faz mãe, mesmo que apenas pelo coração, existe algo de divino que a palavra
humana não pode definir.
Até
mesmo Jesus, nos momentos mais cruciais de Sua vida, nos quais a sua Mãe estava
presente, embora fosse Ele o Senhor, não deixava de tratá-la com sublime
ternura e de preocupar-se com o seu futuro, confiando-a aos cuidados de João, o
discípulo amado...
Afinal,
ainda muito jovem, em constrangedora situação, fora ela que tivera a coragem de
acolhê-Lo em seu abençoado ventre...
Fora
ela que, tomando-O nos braços, empreendera corajosa fuja para o Egito,
protegendo-O da sanha de seus perseguidores...
Fora
ela que, preocupada com o seu desaparecimento, após procurá-Lo por toda a
Jerusalém, na companhia de José, encontrara-O no templo ensinando aos doutores
da lei...
Fora
ela que, nas Bodas de Caná, na Galileia, recomendara aos serviçais que fizessem
tudo o que Ele lhes ordenasse...
Fora
ela que, sempre de mais perto ou de um pouco mais longe, Lhe acompanhara os
passos na pregação do Evangelho, e se preocupara, diuturnamente, com o que os
homens pudessem Lhe fazer...
Sim,
fora ela, que, no momento do Calvário, prostrara-se de joelhos, aos pés da
cruz, solidarizando-se com o sofrimento do Filho Amado crucificado entre dois
malfeitores...
Embora,
igualmente, sendo Maria, mas não fosse a de Nazaré, a minha mãe, ao que me
recordo, também sempre esteve presente nos instantes mais difíceis de minha
pobre vida.
Era
ela que, estando eu já velho, todos os dias, ia à minha casa, para saber se eu
havia almoçado...
Andando
com dificuldade, nonagenária, a passos de anjo, era ela que se aproximava de
minha sala, perguntando-me se eu havia melhorado do resfriado e se desejava que
me fizesse um chá de folha de laranjeira com romã...
Era
ela que, quando um de meus bichanos desaparecia, punha-se a perguntar nas
vizinhanças por ele, não descansando enquanto não me trouxesse seguras notícias
de seu paradeiro...
Era
ela que, quase nada soubesse de Espiritismo, sentia-se feliz a cada novo livro
que eu publicasse, e que, feito uma leoa protegendo a cria, erguia-se a me
defender dos ataques dos inimigos que vinham apedrejar a porta de minha casa...
Era
ela que, com a sua natural bondade, me inspirava a ser melhor do que sempre
pude ser...
Era
ela que, com o seu rosário nas mãos, orava por mim e me fortalecia na fé nos
embates do cotidiano...
Confesso
que quando, muitas vezes, claudicava na luta feroz, não era nos Espíritos
Superiores que eu pensava, procurando força e coragem para não desanimar, mas,
sim, nos silenciosos exemplos de minha mãe, que quase nunca se afastava da
beirada do fogão à lenha, cozinhando para todos em nossa casa, ou do enorme
tanque de roupas no qual fazia questão de continuar lavando as minhas
“fraldas”...
Era
ela que cuidava de minhas roseiras preferidas, contra as quais as saúvas
estavam sempre a conspirar, e de meus vasos de samambaias e avencas e das
jabuticabeiras em flor de meu pequeno pomar, nos fundos de casa...
Por
este motivo, neste Domingo das Mães, com o propósito de homenagear a todas as
Mães, de filhos seus ou de filhos alheios, eu não pude deixar de pensar em Maria de Nazaré e
em Maria Lucas, porque sei que, pensando nelas duas, eu estaria pensando em todas as Mães , que,
em seu coração, são Marias também!...
INÁCIO
FERREIRA
Uberaba
– MG, 6 de maio de 2016.
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