- Doutor, dias atrás, conversando, eu não
sei se em tom de algum desabafo, o senhor me disse que a ignorância é
“genética”...
- Não, eu não o disse apenas em tom de
desabafo. A ignorância, com base na lei “semelhante atrai semelhante”, é, de
fato, genética, e, em determinados grupos familiares, chega a ser endêmica. (A
obsessão, segundo palavras do Codificador na “Revue Spirite”, de janeiro de
1863, escrevendo sobre os possessos de Morzine) pode, igualmente, adquirir
caráter epidêmico!)
- Existe uma base doutrinária para o que
senhor afirma?...
- “O
Livro dos Espíritos” – Semelhanças Físicas e Morais –, questões 207 a 217. Vejamos, por
exemplo, a questão 207-a: - “De onde vêm as semelhanças morais que existem às
vezes entre os pais e os filhos?” Resposta: - “São espíritos simpáticos,
atraídos pela afinidade de suas inclinações.”
- A ignorância, digamos, sendo uma doença,
pode ser contagiosa?...
- Claro. Ela se transmite, assim como o
fanatismo, o preconceito, etc. A convivência com determinados espíritos podem
nos fazer semelhantes a eles – evidentemente, se não os fizermos semelhantes a
nós! Porque a lucidez intelectual também é contagiosa. Os grandes mestres nos
ensinam pelo que dizem, mas, principalmente, pelo seu exemplo. A bondade de
Chico Xavier, por exemplo, contagiava a muitos.
- Como é que o círculo vicioso de ignorância
pode se quebrar em um povo, ou em uma família?...
- Através da dor, ou, então, da reencarnação
de espíritos que, de alguma sorte, conseguem lhes incutir novas ideias – pelo
menos, levá-los a considerar a possibilidade de sua cegueira espiritual!
Admitir a possibilidade da própria ignorância já é um grande progresso – mas é
preciso admitir mesmo de fato, e não como quem esteja apenas querendo despertar
sentimento de autopiedade nos outros.
- A ignorância é uma cegueira espiritual?...
- É treva pura! Conheço pessoas que
argumentam sobre determinadas ideias que possuem com uma propriedade de fazer
inveja aos doutores da lógica... Foi a respeito deles que disse Jesus: “...
caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!”
- Quer dizer que a luz que muita gente
imagina possuir?...
- É treva sem tamanho! E quase sempre é
assim. Raro – muito raro – o espírito que se mantém de mente aberta, disposto a
assimilar novos conhecimentos, ou, pelo menos, meditar no que ouve, sem, à
primeira análise, rejeitar por absurdo ao seu entendimento.
- Talvez, por tal motivo, não seja fácil,
não é, Doutor, ao espírito evoluir, porque, quase sempre, renasce no mesmo meio
cultural?...
- Realmente. Por esta razão, muitas vezes,
por acontecimentos os mais variados, os espíritos são levados a imigrarem,
reencarnando no seio de outros povos, de outros grupos familiares, ou mesmo
dentro de situações completamente antagônicas àquelas a que estão habituados.
- As desencarnações de filhos e netos que,
de repente, se vêm impossibilitados de voltarem à Terra no seio da mesma
família?...
- Vão ter que procurar outros pais e avós –
com o fito de aprender, ou, quem sabe, de levar aprendizado a grupos que
estejam marcando passo nas sendas da Evolução. O espírito, não raro, pode
trocar de família, assim como troca de casa. Qual o problema?! A criança
tornada adulta não sai de casa à procura do próprio caminho?! Indaga-nos o
Senhor: “Quem é minha e quem são meus irmãos?”
- Doutor, mas, literalmente, existe o gene
da ignorância?...
- Meu caro, a genética é ditada pelo
espírito e, naturalmente, se imprime ao corpo que ele ocupa, inclusive, e
principalmente, ao corpo espiritual. O corpo é um arsenal de genes – nele,
existem genes para tudo! A falta de sinapses entre os neurônios dificulta o
aprendizado. As células da memória são mais ativas em uns cérebros que em
outros. Predisposições ao alcoolismo são comuns nos descendentes de
alcóolatras. Não é que a ignorância possa ser transmitida “geneticamente”, mas,
sim, que geneticamente ela possa ser facilitada em sua manifestação.
INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na
Internet
Uberaba – MG, 22 de maio de 2016.
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