30.5.16

Trabalhar para Jesus

Uma vez, num tempo não muito distante, tive a oportunidade de conhecer uma senhora bem humilde. Ao entrar em contato com ela, vi que estava diante de um espírito nobre. Apesar do sofrimento expresso em suas faces, notadamente de uma vida difícil, ela apresentava calma e paz, resignação e determinação.
Criara vários filhos com uma aposentadoria de seu velho esposo e com as costuras de roupa que fazia para fora. Ás vezes,  pegava também uma trouxa de roupa para lavar. Trabalho ela não rejeitava para cuidar de seus três filhos.
O tempo passou e essa senhora estava no limbo de seus anos na terra. Estava perto de voltar para o mundo espiritual. Fiz esta visita, em nome da Arquidiocese, a uma comunidade carente, foi quando a encontrei.
Ela me disse sorrindo quando me viu:
- Dom Hélder, me dê a sua benção!
Olhei para ela e meu coração se estarreceu. Ora, seria eu que deveria pedir-lhe a bênção e não contrário como ela fazia. Mesmo assim dei-lhe a bênção em nome de Jesus e despedi-me com o coração tranquilo.
Dias depois soube da sua morte e lembrei-me dela com carinho. Algum tempo depois, morri. Ao chegar por aqui, depois de restabelecido da saúde, quem eu encontro? A minha querida Maria das Dores – este era o seu nome.
Mais rejuvenescida, Maria sorria incansavelmente. Era uma pessoa feliz, feliz com a vida. Aquela época passou e ela agora trabalhava num albergue que recolhia pessoas, ou espíritos como queiram, que não sabiam onde estavam e andavam por aí perambulando na vida espiritual. Um grande trabalho.
Agora foi a minha vez de festejá-la:
- Maria que bom te encontrar, mulher de Deus, como você está?
- Bem, Dom Hélder, muito bem. Minha vida aqui é muito boa. Faço o que gosto, conheço muita gente interessante e estou no trabalho com Jesus.
- Conte-me um pouco mais da sua experiência lá na terra.
- Dom Hélder, eu fiquei viúva muito cedo. Meu marido era trabalhador de lenha. Cortava lenha para as padarias e no período de São João para construir as fogueiras. Morreu e me deixou uma pensãozinha. Foi o que ajudou, pois os três meninos pequenos precisa de comida todo dia. Minha vida foi, portanto, em ajudá-los a criar, não tinha outra preocupação. Felizmente, todos se deram bem na vida. Trabalham e têm os seus filhos criados e eu estou aqui feliz da vida.
- Que honra poder novamente reencontrá-la. Sabe que naquele dia senti uma paz interior muito grande?
- Que bom, Dom. Eu também. Eu pressentia que estava indo embora. Quando o senhor apareceu lá na comunidade era como se fosse um aviso que estava na hora da minha partida. Me consolei e depois acordei num dia por aqui.
- Que bom que você está bem e os planos para a vida?
- Agora o que eu quero mesmo é trabalhar com Jesus. Foi ele que me fortaleceu lá embaixo e será ele certamente que me fortalecerá aqui em cima. Estou com ele, Dom.
Vi que era mesmo. Aquelas faces sugadas pelo tempo, agora sem tantas rugas e mais revitalizava sorria de imensa alegria. Desejava simplesmente trabalhar para Jesus, isso lhe bastava.
Eu também estou por aqui nestes poucos anos de retorno nesta caminhada que se desenha infinita e pedir a todos vocês que permaneçam a trabalhar na seara que o Senhor vos confiou. Na família que estiver inserido, no trabalho que lhe conferiu, na igreja que pertence, enfim, nas oportunidades que te foram abertas.
Trabalhar para Jesus é presente que não se rejeita e que se deve receber de coração aberto e sorriso nos lábios, como sempre fez a minha querida Maria que transformou dores em lições de amor e carinho.
Paz,

Helder Câmara – Blog Novas Utopias

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