31.5.16

A PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA VINHA

Para se compreender a Justiça Divina, o estudo da Parábola dos Trabalhadores da Vinha é imprescindível.
Rapidamente, meditemos nela.
O “dono de casa” “saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha”.
Com os primeiros trabalhadores, “ajustou a um denário por dia”.
“Saindo pela terceira hora” (9 da manhã), contratou para o mesmo trabalho alguns desocupados na praça.
“Tendo saído outra vez perto da hora sexta (12 horas) e da nona (3 da tarde), procedeu da mesma forma.” – ajustou trabalhadores para a sua vinha.
Finalmente, na hora undécima (5 horas da tarde, quase ao anoitecer), “encontrou outros que estavam desocupados e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então lhe disse ele: Ide também vós para a vinha.”
A hora do acerto com os trabalhadores é de suma importância para que melhor possamos ajuizar em torno da Justiça Divina.
A todos eles, o senhor da vinha, chamando o administrador, mandou que se pagasse um denário, “começando pelos últimos, indo até os primeiros.”
Claro que os primeiros, os que foram contratados logo ao romper do dia, reclamaram, “dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora; contudo os igualaste a nós que suportamos a fadiga e o calor do dia.”
De fato, existe aí uma aparente injustiça, pois que, quantitativamente, os da undécima hora trabalharam muito menos que os demais.
Porém, a resposta do proprietário da vinha, que, na Parábola, simboliza o Criador, que se expressa através de Suas leis, nos induz a profundas reflexões:
- “Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu, e vai-te; pois quero dar a este último, tanto quanto a ti.”
Vejamos que os trabalhadores estavam querendo interferir no senso de justiça do patrão (em relação a Deus, é o que sempre acontece com o homem) – estavam, noutras palavras, querendo dizer ao patrão o que fazer com o que era seu!...
- “Porventura não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom?”
Devido a sua não compreensão da Justiça Divina é que o homem coloca em dúvida a existência do Criador.
Para que o homem aceite a existência de Deus, ele necessita se exercitar na compreensão de Sua justiça, que, evidentemente, não se mede pela nossa visão estreita das coisas.
A interpretação imediatista dos acontecimentos é causa de cepticismo.
O Dono da Vinha não fora injusto com ninguém – ele combinara com os que, de livre e espontânea vontade, aceitaram a Sua proposta de salário. E, depois, não significa que quem começa a trabalhar antes, trabalhe mais, ou seja, melhor trabalhador que quem começa por último.
Em “Nosso Lar”, segundo André Luiz, o “bônus hora” corresponde ao número de horas trabalhadas e, também, à qualidade do trabalho prestado – e, ainda, à importância dele.
Nem sempre quem trabalha mais, trabalha melhor.
Encerrando a Parábola, que, claro, comporta interpretações de mais ampla transcendência, o Senhor proclama:
- “Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos [porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos].”
Perante as Leis da Evolução, os últimos, ou seja, os que começaram por derradeiro poderão, pelo seu esforço, igualar-se, aos que começaram primeiro.
A Parábola dos Trabalhadores da Vinha, dita, de viva voz, aos judeus, os advertia por se acomodarem na condição de “povo escolhido”, e, previamente, “assalariado”.
Cremos, sinceramente, que o mesmo possa se aplicar aos espíritas, que se consideram “trabalhadores da última hora” – somente porque estejamos sendo chamados na “undécima” hora, não significa que venhamos a sermos “escolhidos” – tanto quanto aos demais trabalhadores da vinha, estamos apenas garantindo o nosso denário!...
A porção de água do rio que chega ao mar por último não se torna menos salgada do que a porção que chegou primeiro, e vice-versa.
O grande problema do homem é questionar a Justiça Divina e, por concluir pela sua aparente contradição, desistir de compreendê-la.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 30 de maio de 2016.

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