Minha filha, o esquecimento das injúrias é
a perfeição da alma, como perdão das ofensas feitos à vaidade é a perfeição do
Espírito. Foi mais fácil a Jesus perdoar os ultrajes de sua Paixão quanto não é
fácil, ao último dentre vós, perdoar uma leve zombaria. A grande alma do
Salvador habituada à doçura, não concebia nem a amargura nem a vingança; os
nossos, obtendo o que é pequeno, esquecem o que é grande. Cada dia os homens
imploram o perdão de Deus que desce sobre eles como benfazejo orvalho; mas seus
corações esquecem essa palavra, sem cessar repetida na prece. Eu vos digo, em
verdade, o fel interior corrompe a alma; e a pedra pesada que a fixa ao solo e
retém a sua elevação. Quando sois censurados, reentrai em vós mesmos; examinai
vosso pecado interior: aquele que o mundo ignora; medi a sua profundidade, e
curai vossa vaidade pelo conhecimento de vossa miséria. Se, mais grave, a
ofensa alcança o coração, lamentai o infeliz que a comete, como lamentais o
ferido cuja ferida aberta deixa correr o sangue: a piedade é devida àquele que
aniquila seu ser futuro. Jesus, no jardim das Oliveiras, conheceu a dor humana,
mas ignorou sempre as asperezas do orgulho e as mesquinharias da vaidade;
encarnou-se para mostrar aos homens o tipo da beleza moral que deveria lhe
servir de modelo: dela não vos afasteis nunca. Modelai vossas almas como a cera
mole, e fazei com que vossa argila transformada torne-se um mármore imperecível
que Deus, o grande Escultor, possa assinar.
Lázaro
(Sociedade
Espírita de Paris. - Médium senhora Costel)
Livro:
Revista Espírita - 1862 - Allan Kardec - Todos os livros espíritas como este,
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de Limeira.
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