De
vez em quando, se não muitas vezes, ouve-se, ao falar-se sobre Esperanto, o
seguinte: «Pensei que fosse uma língua morta.», «Nunca ouvi falar sobre isso.»,
«Mas afinal de contas, alguém fala isso ainda?». Então temos que esclarecer que
se trata de um idioma vivo e com milhões de falantes em todo o mundo.
O
idioma Esperanto, inicialmente denominado «lingvo internacia» (pronuncie-se
«lingvo internatsía») (língua internacional) foi criado com o propósito de
servir de meio de comunicação entre humanos que se comunicam por meio de
idiomas naturais diversos. Além disso, há um ideal interno, digamos assim, que
contém a idéia de fraternidade entre os homens: o uso de algo comum e neutro
sem a imposição da cultura e idioma de um sobre o outro.
Eis a chave da boa compreensão e respeito a outras pessoas. Além do que
saber Esperanto é ter acesso a culturas diversas que de outra maneira seriam
difíceis de serem conhecidas por meio de português, no nosso caso.
Pode-se argumentar o seguinte: mas para quê aprender Esperanto se inglês
já é uma espécie de idioma internacional? Bem, convenhamos que inglês é
aparentemente universal e que se se alastrou muito se deveu a razões
históricas: primeiramente supremacia de império britânico, que entrou tarde em
partilha do mundo e já com vantagens devidas à Revolução Industrial que
justamente iniciou-se em tal país; posteriormente à influência norte-americana
sobre paises diversos. Eis as razões porque idioma inglês é bastante difundido
e não por ter alguma vantagem excepcional sobre outros idiomas.
Entretanto usar-se inglês não é estar em condição de igual para igual
quando um dos falantes tem tal idioma como pátrio, enquanto outro não o tem,
devendo aprendê-lo a duras penas, diga-se de passagem. Ou seja, há custos em
termos de tempo e dinheiro. E muitas vezes só se aprende a balbuciá-lo.
Agora vejamos quais são as vantagens de aprendizado de Esperanto:
neutralidade, facilidade maior de aprendizado por ser idioma regular (diga-se
de passagem, que não se aprende idioma qualquer por «osmose» e sim por costume
de uso), valor propedêutico. Aprender Esperanto ajuda a melhor compreender-se
idioma pátrio e até facilita aprendizado de outros.
De
longe o idioma Esperanto é o mais bem sucedido e famoso dentre os idiomas
planejados. Existiram e existem outros idiomas planejados. Entretanto nenhum
deles pode concorrer com Esperanto: há milhares de obras originais, em poesia e
prosa; milhares de outras traduzidas para Esperanto; há textos técnicos
relativos a diversas ciências, técnicas, artes etc. Há uma vasta literatura à
nossa disposição.
O
Esperanto foi criado em 1.887 por Lázaro Luís Zamenhof, médico polonês nascido
em Bialistok, cidade da atual Lituânia. Em tal cidade falavam-se diversas
línguas e as incompreensões eram muitas. Ainda jovem, percebeu Zamenhof os
problemas que isso causava entre os habitantes de sua cidade.
Sendo poliglota, pois era bom conhecedor de latim, grego, francês,
alemão, inglês, polonês etc, foi-lhe relativamente fácil conceber um idioma
planejado. Relativamente, pois na verdade desenvolver um idioma planejado é um
trabalho hercúleo para uma só pessoa.
Já
em 1.878 uma primeira versão aparece do idioma internacional neutro.
Entretanto por motivos diversos não quis seu criador imediatamente
divulgá-lo. Esperou-se até 1.887 para que se o fizesse. Inclusive existe um
pré-Esperanto, uma forma anterior ao Esperanto «clássico», como é conhecido
atualmente. Tratam-se de criações
geniais do mestre Zamenhof. Conta-se, inclusive, que ele, para não se expor
diretamente, adotou o pseudônimo «Doktoro Esperanto» (doutor Esperanto). Em
Esperanto, «Esperanto» significa «aquele que espera», «aquele que tem
esperança». E ele era um homem que tinha esperança num mundo melhor e fraterno.
Ao publicar seus primeiros manuais, seu pseudônimo ficou associado à «lingvo
internacia» e então foi adotado como nome do idioma.
Basicamente o idioma possui dezesseis regras gramaticais. Por exemplo,
todos os substantivos terminam em «o» e todos os adjetivos terminam em «a». Em
«lingvo internacia», «lingvo» é substantivo e significa «língua» ou
«idioma» e «internacia» é adjetivo,
significando «internacional».
Também é um idioma totalmente fonético. Há uma correspondência biunívoca
(ou seja, um-para-um) entre sons e morfemas. Por exemplo, «s» sempre tem mesmo
som onde quer que se encontre: «taso» (xícara) (pronuncie-se «tásso»), silabo
(sílaba) (pronuncie-se «silábo»). Seu alfabeto é composto por vinte e oito
letras, dentre as quais cinco são vogais, duas semi-vogais e o restante são
consoantes. Ei-las: a b c ^c d e f g ^g h ^h i j j k l m n o p r s ^s t u ü v
z.
Vocabulário de Esperanto é predominantemente de origem latina.
Aproximadamente sessenta por cento de raízes são latinas. Trinta por certo tem
origem anglo-germânica e o restante é de origem eslava e outras. Por ser
predominantemente latino, há muitas palavras similares e até iguais às de
português.
Outra coisa que facilita muito é a total regularidade de conjugação dos
verbos. Na verdade, não há conjugação, só tempos e modos. Por exemplo, se eu
quiser dizer «eu farei», eu digo «mi faros»; se quiser dizer «nós faremos»,
digo «ni faros». Ou seja, muda-se apenas
sujeito, mas a forma temporal ou modal de verbo mantêm-se inalterada. Isso
muito facilita as coisas, não é verdade?
Mais uma coisa que torna tudo mais fácil é que todas as palavras com
mais de uma sílaba são sempre paroxítonas, ou seja, acento tônico cai sempre em
segunda sílaba de direita para esquerda. Por exemplo, acentos de «Luno» (Lua),
«stelo» (estrela) e «Universo» (Universo) caem, respectivamente, em «lu», «te»
e «ver». É mais uma facilidade para aprendiz de Esperanto, que em Esperanto é
«komencanto» (aquele que começa) (pronuncie-se «komentsánto» sem nasalar o «a»,
já que no idioma internacional neutro não existem sons nasais).
Pois bem. Depois de toda essa apresentação, pode-se perguntar o leitor:
tudo bem, muito provavelmente é bem mais fácil aprender Esperanto do que
qualquer idioma natural; mas como poderei usá-lo na prática?
Existem no Brasil dezenas e dezenas de associações esperantistas. Nelas
promovem-se cursos, eventos, encontros etc. Pode-se por meio delas adquirir-se
livros, revistas, discos de música etc. Existem também os congressos anuais e
os universais. Onde reúnem-se muitas pessoas das mais diversas terras, todos
comunicando-se por meio de um idioma simples, regular, de aprendizado
certamente mais fácil e neutro.
Existem muitas revistas com periodicidade variada. Por exemplo, há a
«Brazila Esperantisto», da Liga Brasileira de Esperanto. Há revistas para
iniciantes.
No
Brasil o movimento esperantista é forte devido à adoção, por parte dos
espíritas, do Esperanto como idioma de trabalho. Isso em nada denigre o idioma.
É muito louvável tal adoção. Outros movimentos religiosos adotam o Esperanto
como língua de trabalho, como por exemplo a Igreja Católica que tem
transmissões em Esperanto pela Rádio Vaticano e toda a liturgia
de missa Católica traduzida para o Esperanto. É também um dos idiomas falados
pelo Papa em suas mensagens de Natal e Ano Novo. No Japão existe uma religião
chamada Oomoto que também se utiliza do Esperanto para divulgar seus
ensinamentos por todo o mundo. Na verdade, o Esperanto é de todos e é de
ninguém!
Existem cantores e bandas de música que cantam e compões em Esperanto. No Brasil
há o grupo «Merlin», de Belo Horizonte, por exemplo. E há diversas bandas
européias, como «Persone», «Kajto» etc.
Até já se fez filme em Esperanto, no Brasil. Trata-se de filme
denominado «Gerda malaperis» (pronucie-se «Guêrda mal-apêris», sendo que
«Gerda» é nome de mulher). Tal filme é baseado em pequeno romance de mesmo nome
criado para instruir Esperanto a iniciantes. Foi feito em 2.006 e bastante
anunciado em
congresso de Esperanto , ocorrido na Itália, precisamente em
Florença.
Material para leitura e aprendizado não falta. Pode-se comprar em
associações esperantistas ou encomendar-se à Liga Brasileira de Esperanto
materiais como livros, revistas, discos etc.
Pode-se obter também muito material gratuito via Internet. Use-se o
Google ou outro buscador qualquer e procure-se por palavras ou frases como:
«Esperanto» ou «história do Esperanto» ou «o que é o Esperanto?». Veja-se então
a quantidade de páginas existentes. É material para toda a vida. Se você quiser
saber sobre cursos de Esperanto na Internet basta procurar por «curso de
Esperanto». Existem vários cursos de Esperanto no Brasil, via Internet.
Existe página na Internet de nova empresa que comercializa produtos como
livros, discos e até camisetas com mensagens em Esperanto. Vale a pena
conferir. Materiais são despachados para todo o Brasil.
Existem também bate-papos, por texto e voz, que permitem que se exercite
o que foi estudado. Pode-se fazer isso por bate-papo. Também se pode usar
programas para conversas faladas e escritas.
Enfim, há muitas possibilidades, para todos os gostos e estilos. Basta
procurar. Material é que não falta!
Aqui em nossa cidade, no bairro Cajuru, na Rua Miguel Caluf, nº 397
existe a «Casa do Esperanto de Curitiba», uma iniciativa particular e gratuita
de divulgação do idioma, onde há reunião e aulas todos os sábados a partir das
15:00. Todos serão bem-vindos. Procure e faça bom proveito!
Gis revido! [Djis revido!] (Até à vista!)
Alberto Cavassin Wójcik
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