14.9.15

Portas que se abrem

Ao pensar na vida, chega-me à mente muitas recordações e sou todo ouvidos a elas.
A minha estada na Terra, em corpo físico, foi muito fecunda. Deus me deu a possibilidade de servi-Lo, servindo aos nossos irmãos de caminho.
Sou ainda muito pobre de espírito, mas a minha intenção sincera de servir me deu condições graduais de superação. Cada dia para mim era um desafio. Primeiramente na minha querida cidade natal e depois quando fui ao Rio de Janeiro. Lá, descobri mais fortemente a minha vocação sacerdotal. Digo o porquê.
Ao chegar ao Rio de Janeiro, deparei-me com uma realidade em tudo parecida com a do meu Ceará. Lá, porém, encontrei guarida para os projetos que empreendi. Dava uma ideia e verificava que ela encontrava ressonância entre muitos. Foi aí então que pude ver que minhas orações foram atendidas por Deus.
Gostava do que fazia, mas queria mais. Queria a oportunidade de servir ao Pai, servindo aos nossos irmãos de caminho, então ele me deu as favelas para trabalhar, o povo pobre para me debruçar, deu-me trabalho, mas deu-me também esperanças. E foram estas esperanças que me proporcionaram, dia após dia, a possibilidade de me aproximar Dele.
Quando sai do meu Rio de Janeiro, coração em pedaços, pois é notório para todos que ali meu coração ganhou uma enorme paixão, não sabia que encontraria em terras pernambucanas braços abertos a me esperar e com desafios ainda maiores.
Deus, porém, sabe o que faz e confiante no seu poder na minha vida, fui ao encontro do povo e das suas necessidades.
Hoje, estou no mundo espiritual a contar estas histórias. Minha possibilidade de servir ao Pai ganhou outro significado e ainda mais ampliado daquele que tinha na Terra.
Aqui, meus queridos irmãos, posso servir aos dois lados da vida. Sou consciente hoje do quanto a vida espiritual é importante. Tenho noção clara dos desafios que ainda enfrentarei, mas o “campo de batalha” é outro e mais extenso. Daqui vejo muitas coisas que não conseguiria jamais enxergar estando apenas com os olhos físicos.
Procurei, desde o primeiro instante no mundo espiritual, aprender o seu funcionamento. As coisas aqui, embora parecidíssimas com as do mundo físico, a ponto de se confundir se realmente estamos mortos ou vivemos apenas noutro lugar entre vós, guardam imensa proporção de diferenças quando adentramos em outros lugares do existir.
É esta penetração nos ambientes de fogo e fel que desejo, gradativamente, com a autorização dos meus maiores espirituais, revelar a cada um de vocês pela mediunidade santa.
São lugares terríveis. São histórias agonizantes. São testemunhos profundos. São fatos que chocam.
Minha trajetória, portanto, de serviço ao Pai continua. Muda apenas de lugar, mas ela é a mesma em essência.
Vivo todos os dias numa imensa alegria. Seja por servir à causa do Pai, seja pela oportunidade contínua do aprendizado com Jesus.
O mundo espiritual possui nuanças inimagináveis para muitos de vocês que ainda vivem focados tão somente no dia a dia físico e não conseguem vislumbrar o tamanho que é a realidade do espírito.
Abrir a mente para o novo será condição sine qua non para os meus leitores habituais. Aos irmãos espíritas que por ventura acompanham os meus escritos, por aqui e pelos livros, nem tanto, porque estão acostumados com as notícias da vida espiritual.
Entretanto, colocarei, se possível for, a minha assinatura em textos que já penso em produzir que certamente dirão: o padre Hélder enlouqueceu de vez.
Ora, se muitos dos meus sequer acreditam que escrevo pelos médiuns, acreditar no que direi será mais que uma blasfêmia, será considerado um completo delírio.
Meus pares espirituais sabem da responsabilidade que é descrever o mundo que vivemos. Necessitamos, no entanto, trabalhar para acabar de vez com a ilusão do que acontece depois da morte.
Sou um depoimento vivo da intransigência em admitir que tudo se acaba ou que viveremos apenas para a contemplação divina. Nada disso. As portas se abrem e nós, trabalhadores do Cristo, devemos entrar e fazer a nossa parte.
Deus no abençoe!

Helder Camara

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