O Criador de Pontes
“Quem entre vós estiver sem pecado que atire
a primeira pedra”.
Esta afirmativa de Jesus é poderosa. Jesus
desafiou àqueles que estavam presentes, a seu redor, para apedrejar a mulher
pega em adultério. Ele sabia da condição moral de todos e desafiou para que
alguém que se achasse puro tomasse a iniciativa. Evidentemente que ninguém o
fez, mas a lição ficou até hoje para todos nós.
Quem pode no mundo de hoje condenar alguém
por qualquer ato cometido?
Quem possui moral suficiente para apontar os
erros de outro alguém?
Assim sendo, então não deveríamos estar
condenando nem censurando outra pessoa. Apesar disso, é comum se fazer estas
coisas. É como se colocar, diante das diversas situações da vida, como juiz da
humanidade.
A expressão juiz da humanidade eu cunhei de
meus registros passados quando estava entre vocês e se referia em específico aos
Estados Unidos da América.
Esta nação, após a segunda guerra mundial,
se posicionou como o grande árbitro da justiça no planeta, tanto fez que
intimidou outras nações que ousassem descumprir os seus julgamentos sumários.
Desta vez, temos um embate entre a grande
nação americana e a pequena Cuba. Um embargo comercial que dura até hoje impede
o livre desenvolvimento dos comandados da família Castro que se impõe no poder
daquela ilha há mais de 50 anos.
Não quero discutir aqui as questões
ideológicas, isto não me cabe, mas quero debater neste texto as razões pelas
quais estamos lidando com uma mudança de postura com relação ao problema e o
papel decisivo do Papa Francisco em aproximar duas nações que estão bem perto
uma da outra do ponto de vista geográfico.
Os Estados Unidos sabem que não é
interessante manter permanentemente este afastamento. Sabe que uma indisposição
com Cuba pode lhe gerar desgastes desnecessários já que a chamada guerra fria,
nas condições que eram no pós-guerra, não existe mais. O alinhamento de Cuba
com a Rússia ruiu e Cuba tem mais a perder em se manter afastada dos Estados
Unidos. Ora, ambos os lados têm consciência que este embargo imposto não cabe mais
diante da nova situação mundial.
O Papa Francisco, agindo como pacificador,
tem aproximado os distantes. Com sua palavra calma, mas firme, tem exercido uma
pressão para que as duas partes se desarmem e criem condições fraternas de
relacionamento. Mas qual é o benefício para a humanidade este novo estado de
coisas?
Ora, ao desatar um nó histórico, o papa abre
novas portas de entendimento entre outras nações que se digladiam há tempo. Seu
próximo passo, tenho certeza, é tentar unir, ou pelo menos criar um ambiente de
respeito, entre Israel e a Palestina. E assim, pouco a pouco, ele vai
destravando pendências diplomáticas e como o outro Francisco, o de Assis, vai
construindo pontes de paz entre os povos e ajudando na pacificação da
humanidade.
Esta postura favorável ao entendimento
significa um sinal de aproximação dos distantes em todas as partes do mundo,
porque se cria um halo de fraternidade, um ambiente propício para a construção
da paz e, neste sentido, todos ganham. Por isso, a importância da sua visita a
Cuba e depois aos Estados Unidos. Ele sabe que há interesses maiores das duas
partes, mas é incompreensível que duas nações soberanas e próximas se mantenham
distante por um motivo que não existe mais.
Estas ações contribuem para desarmar
qualquer ideia de uma terceira crise mundial que leve a uma grande guerra.
Basta o que já existe, que não são poucos, os estados de tensão.
Isto é importante para que as forças
invisíveis que querem ver a destruição moral da Terra sintam o impacto de uma
ação pacificadora. Eles cogitam o tempo todo aumentar os focos de crise,
influenciando os líderes mundiais a se chocarem. Insuflam os egos, criam
embaraços, fixam monoideias de ódio, enfim, provocam para que um conflito
aconteça.
Bendita a ação do Papa Francisco exercendo o
seu papel de pontífice, aquele que cria pontes, neste caso, de entendimento e
de paz. Que tenha sucesso na sua iniciativa para o bem de todos nós, cristãos e
não cristãos, porque a guerra prejudica a todos sem distinção.
Que assim seja!
Helder Camara
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