A
aposta do quanto pior melhor não serve para o País. O que se deve ter em mente,
em quaisquer que sejam as intervenções que por ventura aconteçam, é que devemos
mudar as bases da política brasileira.
O
regime que aí está é eivado de falhas, o mexer em pedaços não serve para aquilo
que o País necessita, uma completa reforma na sua forma de fazer política.
Os
aventureiros da política, estes em maior grau, defendem tão somente a sua
manutenção no poder para amealhar para si e para seus representados um quinhão
de recursos. Os outros, os políticos de carreira, os profissionais da política,
sabem manipular muito bem os fios que tecem o poder e se locupletam de tudo que
este lhes pode dar. Finalmente, na última categoria, temos os idealistas. São
os compromissados em fazer política com P maior, que enxergam na política um
instrumento valoroso de melhoria da nação. Estes, infelizmente, são pequena
minoria.
O
que fazer então para se projetar uma mudança de vulto na política brasileira?
Não
vejo outro caminho a não ser uma constituinte exclusivamente para este fim.
Sim, defendo a convocação de uma assembleia constituinte para mudar o texto
constitucional. Aberra-se quem possa imaginá-la sem a presença dos políticos
atuais, mas é o único caminho que antevejo para sairmos deste impasse
constitucional que envereda para o caos, simplesmente porque não há qualquer motivação
em contrário das principais forças que fazem o Estado.
Tudo
que está aí concebido está, em grande parte, carcomido, podre, inservível. O
poder que emana do povo não é trazido para que a vontade do povo prevaleça. A
representatividade existente é tímida para não dizer nenhuma. São adotadas
práticas que estão obsoletas e que só servem para que os mesmos usufruam das
benesses do poder.
O
atual sistema político não garante a representatividade autêntica; não permite
que os maus governantes sejam substituídos quando não mais servem aos
interesses da nação; pouco ou quase nada se faz para prestar contas das ações
realizadas; e, o que é pior, é fonte inesgotável de corrupção.
Enquanto
o Brasil continuar adotando este sistema caduco não irá promover as principais
mudanças que o Estado precisa implantar.
Tudo
que se faça, por mais que tenham boas intenções de uns poucos, será jogo de
cena. Haverá, na prática, a adoção de mudanças inócuas, mudanças daquelas que
se espremerem bem não vai sair nada, entendem?
Precisamos
dar um salto qualitativo na política brasileira, deixar o Estado mais enxuto
para atender as suas diretrizes fundamentais. Não prego um estado liberal, ou
mínimo, como dizem. Prego um Estado do tamanho que deva ter para atender às
necessidades da população, haja vista que hoje é completamente “obeso”, à beira
de um colapso vascular tamanha a quantidade de gordura de pessoal e de
burocracia.
Em
particular, vejo no sistema parlamentarista de governo uma iniciativa mais
inteligente de gestão pública e política, mas infelizmente o que se fez com o
parlamente brasileiro neste período republicano faz com que a população não
veja esta saída com bons olhos.
A
representatividade política necessita ser aperfeiçoada a partir dos municípios,
incentivando que a população participe mais ativamente das decisões da sua
cidade. Isto é possível, fácil e barato de se fazer. Pouco custo e muita
democracia.
Penso
que se estimularmos a participação popular no nível municipal começaremos a
criar condições e cultura para que outros mecanismos de participação se
fortaleça na esfera estadual e, consequentemente, no círculo federal de poder.
O
gigantismo geográfico do Brasil não pode representar argumento para se
inviabilizar tais iniciativas. Pouco a pouco, o povo vai pegando jeito e
começará a influenciar mais decisivamente nos destinos da nação. O município
deve ser o berço da democracia brasileira.
Se
as mudanças começam pela base teremos condições de alavancar as principais
modificações no Estado brasileiro.
É
importante que a população se conscientize que tudo não será maravilhas por ter
mudado o sistema político. Isso não. O que vai mudar é que uma vez a população
exercendo mais diretamente a sua influência haverá, consequentemente, menos
desmandos, menos equívocos, menos distorções nas decisões.
O
processo político se aperfeiçoa ao longo do tempo com a participação gradativa
da sociedade no seu mecanismo decisório. Apenas isso.
O
povo brasileiro já deu demonstrações que quer mais democracia e menos falcatruas,
mais participação e menos “arrumadinhos”.
Cabe
agora arregaçar as mangas da camisa e mobilizar-se para as mudanças desejadas.
Preguem isso nas chamadas redes sociais, de repente, e não será surpresa, estas
ideias ganharão eco em locais não imaginados e se transformarão numa força de
mudança incomparável.
Nada
cai do céu gratuitamente, nem mesmo a chuva que precisa de fenômenos climáticos
específicos para se precipitar, tampouco as mudanças políticas que o Brasil
precisa.
Lutemos
pela democracia renovada.
Lutemos
pela representação popular mais ativa.
Lutemos
por um futuro melhor com o entendimento de todos.
Joaquim
Nabuco
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