20.9.15

Democracia Renovada

A aposta do quanto pior melhor não serve para o País. O que se deve ter em mente, em quaisquer que sejam as intervenções que por ventura aconteçam, é que devemos mudar as bases da política brasileira.
O regime que aí está é eivado de falhas, o mexer em pedaços não serve para aquilo que o País necessita, uma completa reforma na sua forma de fazer política.
Os aventureiros da política, estes em maior grau, defendem tão somente a sua manutenção no poder para amealhar para si e para seus representados um quinhão de recursos. Os outros, os políticos de carreira, os profissionais da política, sabem manipular muito bem os fios que tecem o poder e se locupletam de tudo que este lhes pode dar. Finalmente, na última categoria, temos os idealistas. São os compromissados em fazer política com P maior, que enxergam na política um instrumento valoroso de melhoria da nação. Estes, infelizmente, são pequena minoria.
O que fazer então para se projetar uma mudança de vulto na política brasileira?
Não vejo outro caminho a não ser uma constituinte exclusivamente para este fim. Sim, defendo a convocação de uma assembleia constituinte para mudar o texto constitucional. Aberra-se quem possa imaginá-la sem a presença dos políticos atuais, mas é o único caminho que antevejo para sairmos deste impasse constitucional que envereda para o caos, simplesmente porque não há qualquer motivação em contrário das principais forças que fazem o Estado.
Tudo que está aí concebido está, em grande parte, carcomido, podre, inservível. O poder que emana do povo não é trazido para que a vontade do povo prevaleça. A representatividade existente é tímida para não dizer nenhuma. São adotadas práticas que estão obsoletas e que só servem para que os mesmos usufruam das benesses do poder.
O atual sistema político não garante a representatividade autêntica; não permite que os maus governantes sejam substituídos quando não mais servem aos interesses da nação; pouco ou quase nada se faz para prestar contas das ações realizadas; e, o que é pior, é fonte inesgotável de corrupção. 
Enquanto o Brasil continuar adotando este sistema caduco não irá promover as principais mudanças que o Estado precisa implantar.
Tudo que se faça, por mais que tenham boas intenções de uns poucos, será jogo de cena. Haverá, na prática, a adoção de mudanças inócuas, mudanças daquelas que se espremerem bem não vai sair nada, entendem?
Precisamos dar um salto qualitativo na política brasileira, deixar o Estado mais enxuto para atender as suas diretrizes fundamentais. Não prego um estado liberal, ou mínimo, como dizem. Prego um Estado do tamanho que deva ter para atender às necessidades da população, haja vista que hoje é completamente “obeso”, à beira de um colapso vascular tamanha a quantidade de gordura de pessoal e de burocracia.
Em particular, vejo no sistema parlamentarista de governo uma iniciativa mais inteligente de gestão pública e política, mas infelizmente o que se fez com o parlamente brasileiro neste período republicano faz com que a população não veja esta saída com bons olhos.
A representatividade política necessita ser aperfeiçoada a partir dos municípios, incentivando que a população participe mais ativamente das decisões da sua cidade. Isto é possível, fácil e barato de se fazer. Pouco custo e muita democracia.
Penso que se estimularmos a participação popular no nível municipal começaremos a criar condições e cultura para que outros mecanismos de participação se fortaleça na esfera estadual e, consequentemente, no círculo federal de poder.
O gigantismo geográfico do Brasil não pode representar argumento para se inviabilizar tais iniciativas. Pouco a pouco, o povo vai pegando jeito e começará a influenciar mais decisivamente nos destinos da nação. O município deve ser o berço da democracia brasileira.
Se as mudanças começam pela base teremos condições de alavancar as principais modificações no Estado brasileiro.
É importante que a população se conscientize que tudo não será maravilhas por ter mudado o sistema político. Isso não. O que vai mudar é que uma vez a população exercendo mais diretamente a sua influência haverá, consequentemente, menos desmandos, menos equívocos, menos distorções nas decisões.
O processo político se aperfeiçoa ao longo do tempo com a participação gradativa da sociedade no seu mecanismo decisório. Apenas isso.
O povo brasileiro já deu demonstrações que quer mais democracia e menos falcatruas, mais participação e menos “arrumadinhos”.
Cabe agora arregaçar as mangas da camisa e mobilizar-se para as mudanças desejadas. Preguem isso nas chamadas redes sociais, de repente, e não será surpresa, estas ideias ganharão eco em locais não imaginados e se transformarão numa força de mudança incomparável.
Nada cai do céu gratuitamente, nem mesmo a chuva que precisa de fenômenos climáticos específicos para se precipitar, tampouco as mudanças políticas que o Brasil precisa.
Lutemos pela democracia renovada.
Lutemos pela representação popular mais ativa.
Lutemos por um futuro melhor com o entendimento de todos.


Joaquim Nabuco

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