Reconheço que o texto é longo, mas capítulo do
livro Parábolas e Ensinos de Jesus escrito por Cairbar Schutel, parece ter sido
escrito hoje.
OS SINAIS DOS TEMPOS
"Ao sair Jesus do
templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Olha, Mestre, que pedras e que
edifícios! Disse-lhe Jesus: Vê estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre
pedra que não seja derrubada.
"Estando ele sentado no Monte das
Oliveiras, defronte do templo, perguntaram-lhe em particular Pedro, Tiago e João
e André: Dize-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá quando elas
estiverem para se cumprir? Então Jesus começou a dizer-lhes: Vede que ninguém
vos engane. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu, e enganarão a muitos.
Quando porém, ouvirdes falar de guerras, e rumores de guerras, não vos
assusteis: porque é necessário que assim aconteça mas não é ainda o fim. Pois se
levantará nação contra nação, e reino contra reino. Haverá terremotos em vários
lugares, e haverá fomes: estas coisas são o princípio das dores. Estais vós de
sobreaviso; pois vos hão de entregar aos tribunais e sereis açoitados nas
sinagogas, e haveis de comparecer diante dos reis e governadores por minha
causa, para lhes servir de testemunho. Mas é necessário que primeiro o Evangelho
seja pregado a todas as nações. E quando vos conduzirem para vos entregar, não
vos preocupeis com o que haveis de dizer, mas falai o que vos for dado naquela
hora, porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo. Um irmão
entregará à morte a seu irmão e um pai a seu filho; e os filhos se levantarão
contra seus pais e os farão morrer. Sereis também odiados de todos por causa do
meu nome; mas aquele que perseverar até o fim será salvo.
"Quando, porém,
virdes a abominação da desolação estar onde não deve, então os que estiverem na
Judéia fujam para os montes; o que se achar no eirado, não desça e nem entre
para tirar as coisas de sua casa; e o que estiver no campo, não volte para tomar
sua capa. Mas ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias!
Rogai que não suceda isso no inverno; porque aqueles dias serão de tribulação,
tal qual nunca houve deste o princípio da criação por Deus feita até agora, nem
haverá jamais. E se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém seria salvo;
mas por causa dos eleitos, que ele escolheu, os abreviou.
"Então se alguém vos disser: Eis aqui o
Cristo! ou: Ei-lo acolá! Não acrediteis; levantar-se-ão falsos Cristos e falsos
profetas, e farão milagres e prodígios, para enganar os eleitos se possível
fora. Estais vós de sobreaviso; de antemão vos tenho dito todas as
coisas.
"Mas naqueles dias, depois daquela
atribulação, o Sol escurecerá, a Lua não dará mais claridade, as estrelas cairão
do céu e as potestades celestes serão abaladas. Então se há de ver o Filho do
Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. E ele enviará os anjos e
ajuntará os seus eleitos dos quatro ventos, da extremidades da Terra à
extremidade do céu". (Marcos, XIII, 1-27)
Este trecho do Evangelho,
provavelmente da última fase da vida de Jesus, é digno do nosso estudo e
atenção.
Já o Mestre havia lançado o seu libelo contra os escribas e
fariseus, os cegos guias de cegos, que erigiam os sepulcros dos profetas a quem
seus pais haviam trucidado; aos traficantes das graças de Deus; aos vendilhões
do templo. Ele já havia lamentado Jerusalém, que matava os profetas e enviados
que transpunham suas portas quando, ao chamarem os discípulos sua atenção para
as grandezas do templo, aproveitou-se da oportunidade para proferir, perante
eles, o seu Sermão Profético, como o chamam os Evangelhos.
Foi nessa
ocasião que Jesus falou aos discípulos dos tempos que haviam de chegar e das
ocorrências que se desenrolariam no mundo, até a iniciação de uma nova fase de
vida para a Humanidade.
Sem outro exórdio que pudesse desviar a atenção
dos admiráveis painéis por meio dos quais mostrou aos que o cercavam os fatos
que se desenrolariam depois da sua passagem para a espiritualidade, começou
Jesus a falar do grande e suntuoso Templo de Jerusalém, do qual não ficaria
pedra sobre pedra.
Era este o sinal maior dos acontecimentos que estavam
próximos, e foi justamente o que se realizou.
Do Templo de Jerusalém ,
não ficou pedra sobre pedra, como também não ficará pedra sobre pedra de todos
os monumentos que o orgulho, a vaidade e o egoísmo humano edificaram em nome de
Deus!
Grande era a missão que cumpria ao Mestre levar a termo, e de
retirada do Templo onde ele havia apostrofado os sacerdotes, o Mestre seguira
para o Monte das Oliveiras, sítio predileto onde, por várias vezes, se tinha
reunido com os seus discípulos, mostrando-lhes do alto do pico, cuja vista
abrangia extensos horizontes, as belezas da Natureza matizada pelos reflexos do
Sol.
Sentado na relva, melancólico e pensativo, começou então o Mestre a
responder às perguntas daqueles que deveriam apostolar a sua causa, salientando
os fatos que assinalariam o fim dos tempos do mundo sacerdotal, que precederia o
início do mundo espiritual, ou seja da fase iniciativa do reinado do Espírito
sobre a matéria. Tomando como símbolo das grandezas humanas o Templo de
Jerusalém, Jesus fez ver a seus discípulos que todas essas pompas luxuosas, que
adormecem o Espírito e aniquilam o sentimento, distraem os homens de seus
deveres para com Deus e o próximo, impedindo as almas de cumprirem seus deveres
evangélicos.
O Mestre já havia também predito os grandes martírios que
teria de sofrer, predições que se realizaram à letra; mas que tudo isso era
preciso que se cumprisse; e que ele voltaria ao mundo no tempo da restauração
final da sua palavra. Mas, antes disso, o mundo teria de passar por grandes
transformações e a Humanidade por grandes sofrimentos.
Perguntando-lhe os
discípulos a época em que ocorreriam esses acontecimentos, Jesus começou por
ensiná-los a raciocinar, ensinando-lhes a discernir os homens e os Espíritos, a
fim de poderem distinguir os tempos preditos.
"Cuidado! Ninguém vos
engane, porque muitos virão em meu nome dizendo: eu sou o Cristo, e enganarão a
muitos.
"Se alguém vos disser: eis aqui o Cristo ou ei-lo ali, não
acrediteis; porque hão de levantar-se falsos Cristos e falsos profetas e
mostrarão tais sinais e milagres que, se fora possível, enganariam até os
escolhidos.
"Se disserem que o Cristo está no deserto, não saiais; se
disserem que está no interior da casa não acrediteis, porque assim como o
relâmpago sai do Oriente para o Ocidente, assim será a vinda do Filho do
Homem".
Com esta exposição Jesus fez ver que a sua vinda não seria como
daquela vez, em que fora crucificado; viria em Espírito, presidindo o grande
movimento de espiritualização do mundo, tal como se está verificando sob os
auspícios do Espiritismo! Frisou bem os mistificadores, que apresentariam o
"Cristo" fechados em câmaras e no interior das casas, assim como os que aparecem
nos desertos, arrebatam multidões curiosas e constituem redutos de
fanáticos.
E foi só depois de bem exaltar o sentimento e o raciocínio de
seus discípulos, que o Filho de Deus julgou acertado narrar as dores por que o
mundo teria de passar e as lutas que seus seguidores teriam de sustentar na obra
da regeneração humana. "Haveis, primeiramente, de ouvir rumores de guerra, mas
não vos assusteis, porque não é ainda nessa ocasião que virá o fim, pois
levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino, e haverá fome e terremotos
em vários lugares; mas tudo isso é o princípio das dores".
Esta predição
está realizada e continua a se verificar; as guerras que têm assolado
ultimamente o planeta não deixam dúvida sobre a realização da previsão. Os
ataques contra a palavra apostólica, levando os divulgadores da fé aos
tribunais, têm continuado desde os primeiros tempos do Cristianismo.
Desde os tempos de Nero, prosseguindo sempre, estendendo-se à alçada da Igreja
de Roma, que entregava os "hereges" ao braço forte para lhes serem infligidos os
maiores suplícios, a história dos inquisidores e da Inquisição, compondo páginas
de sangue na História da Humanidade, deixam ver claramente o cumprimento também
desse trecho do Evangelho.
A Grande Guerra de 1914-18, que fez mais de 30
milhões de vítimas; a grande peste que levou outras tantas ou ainda mais; as
lutas que fervilham em todo o mundo não são mais que os sinais característicos,
preditos pelo nazareno, do fim dos tempos em que o mundo terá de passar por uma
completa reforma no que se refere à moral.
Jesus acrescentou que, em
virtude da iniqüidade a que os homens se entregariam, o amor se esfriaria e não
haveria mais caridade; os afetos se extinguiriam e o caráter se
abastardaria.
É o que estamos vendo por toda a parte! O luxo, as pompas,
a ganância do ouro, o desejo da multiplicação de fortunas; o egoísmo endeusado;
e de outro lado, o desprezo para com os necessitados, para com os enfermos e
abandonados!
Em vez de hospitais, erguem-se igrejas; em vez de casas de
instrução, constroem-se cadeias; em vez de luz, a Humanidade veste-se de
trevas!
Um dos mais característicos "sinais dos
tempos" é a pregação do Evangelho, como está escrito:
"Este Evangelho
será pregado pelo mundo todo; então virá o fim". Graças ao Espiritismo, ou seja,
aos Espíritos da Verdade, este convite para seguir a Cristo se está realizando
como um aviso amoroso da vinda, em Espírito, de Jesus, que restabelecerá na
Terra o reinado do Espírito.
A pregação do Evangelho é o machado posto à
raiz das árvores infrutíferas. É a exortação à regeneração dos costumes para a
espiritualização dos homens.
Outro característico igual é: "a abominação
da desolação predita pelo profeta Daniel, que se havia de verificar no lugar
santo".
É fato bem patente aos olhos de todos: o que os homens chamam
lugar santo são as igrejas; e não há quem conteste a desolação que lavra nas
igrejas!
Que é atualmente religião? Nada. O que é uma igreja? Um lugar
abominável, onde se pode encontrar tudo menos amor a Deus, caridade, amor ao
próximo, respeito, moral!
A igreja atual é um ponto de diversão como
qualquer outro, é um botequim de festas onde se mercadejam frangos e
leitões.
Que é a religião do povo, hoje?
Onde está a fé, a
esperança, a caridade, que unem, sustentam, amparam e elevam a massa popular? O
que há são tráficos de missas, tráficos de batismos, tráficos de casamentos,
tráficos de nascimentos e tráficos de mortos! Tudo é mercadoria, tudo se vende
na religião do povo, tudo se mercadeja nas igrejas dessa Babilônia!
A
imortalidade, a comunhão das almas e dos santos, desapareceu do Credo; o diabo
venceu a divindade: o Inferno tragou o Céu!
Não há crença, não há fé;
para a massa do povo, tudo termina com a morte; a igreja proclamou: pulvis est,
et in pulveris reverteris, "és pó e ao pó tornarás", spiritus qui vales non
redit. "Os mortos não retornam ". O túmulo é então, a última palavra da vida!
Eis o sinal certo do fim dos tempos; eis a desolação e a abominação, predita por
Jesus, imperando no "lugar santo"!
As últimas predições do Mestre,
exaradas no referido capítulo, versam sobre os fenômenos físicos, os sinais no
céu. Todos dizem: "o tempo está mudado". De fato, o tempo está mudado e essa
mudança foi predita por Jesus há quase dois mil anos, para assinalar o fim do
mundo da carne e o advento do mundo do Espírito.
Finalmente, diz o texto:
"As estrelas cairão do céu e as potestades serão abaladas".
Essas
estrelas mais não são que os Espíritos superiores, que viriam tomar parte nessa
restauração, mesmo porque só eles serão capazes de abalar as potestades, os
governos civis e religiosos, da Terra e do espaço, que conduziram os homens à
degradação em que se acham!
Eles vêm ajuntar os escolhidos dos quatro
ventos e chamá-los a formar esse reino desejado, que pedimos cotidianamente ao
Senhor no Pai Nosso.
Vamos concluir, aconselhando o leitor a tomar um
lugar nas fileiras do Cristo, porque só assim ficará resguardado dos males
futuros que farão ruir o mundo velho com suas paixões, para, removidos os
escombros, erguer-se em cada alma uma cátedra onde o Espírito da Verdade possa
pontificar!
Livros: Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar
Schutel
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