Questão 191 do Livro dos Espíritos
O ESTADO DA ALMA
O estado
da alma em suas primeiras vestimentas materiais é rudimentar, pelos rudimentos
de Vida que se apresentam no espírito ainda em sono. Entretanto, mesmo naquele
estado primitivo, a sua natureza tem valores imortais que o porvir irá conhecer
como semelhantes aos dos espíritos superiores.
Deus, o Supremo Camartelo,
criou a vida em todas as suas seqüências, vida esta que obedecerá às leis
criadas por Ele mesmo. Compete a cada criatura movimentar-se, mesmo
inconsciente, e quando a lucidez se fizer presente pela regência do tempo, ela
entrará na corrente do progresso, com o esforço próprio, de maneira a acelerar o
despertamento do espírito como sendo a sua conquista, no que lhe toca fazer. As
próprias paixões representam um desenvolvimento da alma, não a perfeição, a qual
virá depois, pelo conhecimento e prática do amor.
As tribos indígenas nem
sempre são compostas de almas primitivas; existem muitos índios que alí vieram
como provações, e nesse estágio de provas acabam ensinando muita coisa aos
outros, que desconhecem o princípio de muitas leis naturais. Há grandes
espíritos, intelectualmente falando, que ingressam nesses meios para aprenderem
a simplicidade, abrindo os olhos para a natureza e bebendo dela a luz da
paciência, porque na posição em que antes se encontravam, se achavam cegos pelo
orgulho e pela vaidade.
Quantos deles não foram, por bênção de Deus,
ressurgir nas tribos africanas - para eles uma degradação biológica, racial e
social - no sentido de quebrar a prepotência, amenizar o ódio e entrar no
aprendizado da humildade? Quando os navios negreiros trouxeram da África para o
Brasil milhares e milhares de negros, muitos dos quais vieram juntos, e muitos
deles eram antigos patrícios romanos, que se degradaram pela luxúria e maldade.
Vieram, ou voltaram, como escravos onde o chicote e a masmorra era a escola da
tala para a pele e do engenho para os sentimentos. Era, realmente, correção, que
ocorreu na Terra e o tempo conhecia aqueles negros que antes foram senhores
implacáveis. Muitos deles melhoraram, adotando os princípios de humildade e
obediência, tomando-se úteis em todos os trabalhos caseiros, uns, na figura das
mães pretas como amas de muitas utilidades na criação dos filhos dos seus
senhores; outros, como conhecedores de ervas, como curandeiros de fama, que
curavam os próprios carrascos e familiares quando adoeciam. Já se destacavam
naquela época os negros inteligentes, ainda que sem qualquer tipo de instrução.
Muitos eram filhos de escravas com senhores de engenho, para terem melhores
oportunidades de aprender e, daí, ajudar na libertação da raça. Se regrediram
material, social ou intelectualmente, tal não ocorreu espiritualmente.
A
vida registra tudo que fazemos em todos os ângulos dela, sem perder um til que
seja. Tudo no mundo é aproveitado para o bem da coletividade. Deus é Deus de
bondade e de amor e, no grande empenho de ajudar a todos, usa os recursos que
acha mais conveniente. O espírito é um viajor da eternidade, que passa de país
para país, de mundo a mundo, buscando novos entendimentos e acendendo novas
luzes no coração.
Livro: Filosofia Espírita IV - João Nunes Maia -
Miramez
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