Allan Kardec
Nome: Hippolyte-Léon Denizard
Rivail - Allan Kardec
Nascimento: 03/10/1804 na Cidade de Lyon, na
França.
Professor, escritor, filósofo e cientista
Desencarne: 31 de março
de 1869, com 64 anos de idade.
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Depois da
Idade Média, em que se atrofiou o espírito crítico, vimos, em todo o globo, o
aparecimento de novas idéias, quer seja na ciência, na filosofia, na religião
etc. As ciências tornaram-se teóricas-experimentais, ou seja, toda a hipótese
levantada deveria ser comprovada pelos fatos. A Filosofia foi sensivelmente
influenciada pelo racionalismo de Descartes, pelo positivismo de Comte e pelo
realismo crítico de Kant. No campo político, o advento do Parlamentarismo na
Inglaterra, em 1688, a Independência dos Estados Unidos, em 1776 e a Revolução
Francesa, em 1789 consolidaram os preceitos de liberdade que o mundo
necessitava.
2. CAUSAS DO SURGIMENTO DO ESPIRITISMO EM FRANÇA
1.ª)
sendo o Espiritismo o Consolador Prometido, os seus princípios codificados, já
serviriam para mitigar as provações coletivas da França;
2.ª) a França havia
se tornado o centro cultural do mundo ocidental, e tudo o que ali fosse feito,
teria uma repercussão mundial;
3.ª) Allan Kardec, na época de Júlio César,
vivera nas Gálias, região que representa a França atual.
3. NOTAS DE
HENRI SAUSSE
De acordo com Henri Sausse, em seu discurso sobre a Biografia
de Allan Kardec, Rivail Denizard fez em Lião os seus primeiros estudos e
completou em seguida a sua bagagem escolar, em Yverdun (Suíça), com o célebre
professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos,
colaborador inteligente e dedicado. Aplicou-se, de todo o coração, à propaganda
do sistema de educação que exerceu tão grande influência sobre a reforma dos
estudos na França e na Alemanha. Muitíssimas vezes, quando Pestalozzi era
chamado pelos governos, um pouco de todos os lados, para fundar institutos
semelhantes ao de Yverdun, confiava a Denizard Rivail o encargo de o substituir
na direção da sua escola. O discípulo tornado mestre tinha, além de tudo, com os
mais legítimos direitos, a capacidade requerida para dar boa conta da tarefa que
lhe era confiada. Era bacharel em letras e em ciências e doutor em medicina,
tendo feito todos os estudos médicos e defendido brilhantemente sua tese.
Lingüista insigne, conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o
italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente
exprimir-se nesta língua.
Allan Kardec, membro de várias sociedades sábias,
notadamente da Academia Real d'Arras, foi premiado, por concurso, em 1831, pela
apresentação da sua notável memória: Qual o sistema de estudo mais em harmonia
com as necessidades da época?
4. COMEÇO DA CODIFICAÇÃO ESPÍRITA
Foi
em 1854 que o Sr. Rivail ouviu pela primeira vez falar nas mesas girantes, a
princípio do Sr. Fortier, magnetizador, com o qual mantinha relações, em razão
dos seus estudos sobre o Magnetismo. O Sr. Fortier lhe disse um dia: "Eis aqui
uma coisa que é bem mais extraordinária: não somente se faz girar uma mesa,
magnetizando-a, mas também se pode fazê-la falar. Interroga-se, e ela
responde."
- Isso, replicou o Sr. Rivail, é uma outra questão; eu acreditarei
quando vir e quando me tiverem provado que uma mesa tem cérebro para pensar,
nervos para sentir, e que se pode tornar sonâmbula. Até lá, permita-me que não
veja nisso senão uma fábula para provocar o sono.
Tal era a princípio o
estado de espírito do Sr. Rivail, tal o encontraremos muitas vezes, não negando
coisa alguma por parti pris, mas pedindo provas e querendo ver e observar para
crer; tais nos devemos mostrar sempre no estudo tão atraente das manifestações
do Além.
5. SUAS DUAS ENCARNAÇÕES PASSADAS
1.ª) COMO SACERDOTE DRUIDA
Segundo os
historiadores, o pseudônimo Allan Kardec decorre do fato de que, no início do
seu trabalho de pesquisa sobre o Espiritismo, estando Denizard Rivail consciente
de que tudo acontecia em relação aos indivíduos, quando ainda parecia mistério,
baseava-se na Reencarnação (princípio das vidas sucessivas e interdependentes),
um Espírito lhe revelou que, desde remotas existências, já o conhecia, pois o
mesmo fora, em vida física passada no solo francês, um DRUÍDA com o nome de
ALLAN KARDEC.
Como observação, esclarecem os historiadores que o Druidismo é
a religião dos druidas, sacerdotes pagãos dos povos celtas que habitavam a Gália
e a Bretanha no período anterior ao Cristianismo, mais especificamente entre o
século II a.C. e o século II, d.C. O Druida, por sua vez, era o nome pelo qual
era identificado, entre os Celtas, importante grupo social que desempenhava
variadas funções, sendo os responsáveis por manutenção e guarda dos valores da
civilização céltica. Acrescentam ainda que os sacerdotes druidas se posicionavam
contrários "à construção de templos e à representação dos Deuses ou Espíritos".
2.ª) COMO JOÃO HUSS
João Huss nasceu em Hussinet, perto de
Fichtelgebirge, na Boêmia, cerca da fronteira bávara e do limite lingüístico
entre o alemão e o checo, em 1373, e morreu queimado na fogueira em 1415. Huss
foi influenciado pelas idéias de Wiclef (1333-1384), teólogo e reformador
inglês. Wiclef desenvolveu alguns tratados sobre o dominiun, ou seja, a idéia de
que o poder vem de Deus e apenas é legítimo naqueles que se encontram em estado
de graça. As suas teses contrariavam os interesses da Igreja católica:
expressava-se contra o poderio papal, os votos religiosos, os benefícios e
riquezas do clero, as indulgências e a concepção tradicional acerca do
sacerdócio.
Huss, como professor da Universidade de Praga, distinguiu-se nas
discussões mais abstratas e no conhecimento de Aristóteles, da Bíblia e dos
Santos Padres. Como tradutor das obras de Wiclef, propagou várias teses
antidogmáticas. Baseando-se nos escritos de Wiclef, negou a necessidade de
confissão auricular, atacou como idolátrico o culto de imagens, da Virgem Maria
e dos Santos e a infalibilidade papal. Com isso, teve a ira do clero contra a
sua pessoa, que após várias admoestações acabou sendo queimado no dia
06/07/1415. Ao seu lado morreu Jerônimo de Praga. (Enciclopédia Luso-Brasileira
de Cultura)
6. OBRAS
6.1. OBRAS EDUCACIONAIS
Dentre as suas
numerosas obras convém citar, por ordem cronológica:
Plano apresentado para o
melhoramento da instrução pública, em 1828;
Curso prático e teórico de
aritmética, em 1829;
Gramática francesa clássica, em 1831;
Manual dos
exames para obtenção dos diplomas de capacidade, em 1846;
Catecismo
gramatical da língua francesa, em 1848;
Ditados normais dos exames na
Municipalidade e na Sorbona; Ditados especiais sobre as dificuldades
ortográficas, em 1849.
6.2. OBRAS ESPÍRITAS
As Obras Básicas, também,
cognominadas de Pentauteco Espírita, compõem-se dos seguintes livros:
O Livro
dos Espíritos (1857);
O Livro dos Médiuns - ou Guia dos Médiuns e dos
Doutrinadores (1861);
O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864);
O Céu e
o Inferno - ou Justiça Divina Segundo o Espiritismo (1865);
A Gênese - os
Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo (1868).
Porém, além destes
livros, Kardec escreveu também:
O que é o Espiritismo (1859);
O
Espiritismo em sua Expressão Mais Simples (1862); Viagem Espírita
(1862);
Obras Póstumas (1.ª edição - 1890);
Revista Espírita, periódico
mensal (1.ª edição - 1.º de janeiro de 1858)
7. UNIVERSALIDADE DOS
PRINCÍPIOS
A característica fundamental do Espiritismo é a UNIVERSALIDADE
dos seus princípios. Para que o conteúdo doutrinário não ficasse restrito à
autoridade de um único Espírito ou de um único médium, Kardec submetia toda a
manifestação mediúnica ao crivo da razão. Apoiando-se no método
teórico-experimental da ciências naturais, cruzava as diversas respostas dadas
por diversos Espíritos a diversos médiuns espalhados pelo mundo inteiro. Assim
sendo, dizia que "a única garantia séria do ensinamento dos Espíritos está na
concordância que existe entre as revelações feitas espontaneamente, por
intermédio de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em
diversos lugares". (Kardec, 1984, p. 11 a 18)
Fonte de Consulta
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Verbo, s. d. p.
KARDEC,
A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
KARDEC,
A. O Que é o Espiritismo. 23. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1981.
XAVIER, F. C.
A Caminho da Luz - História da Civilização à Luz do Espiritismo, pelo Espírito
Emmanuel. Rio de Janeiro, FEB, 1972.
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