SEMEADOR DE LUZ
Jorram os raios de luz que
disparam na tua alma, junto ao solo dos corações, enquanto ampliam soberanas
sombras e imperfeições.
Malgrado estejam feridas tuas mãos pelo cajado das
lutas cotidianas, não seja isto empecilho para o senhor da sementeira. Pelo
contrário, permite que as gotas de suor da face cansada e as bagas
sanguinolentas, caindo na terra das almas se transformem na umidade generosa que
desenvolve o embrião a dormir no casulo do amor latente em todos.
Embora os
pés assinalados pela presença dos espinhos e da urze avançam na direção do
Infinito, alargando a vereda que se estreita à frente para que os da retaguarda
possam avançar também.
Não fales de cansaço nem ajunte decepção. Aqueles
que entesouram o amor podem desdobrar em milhares as moedas da coragem, para
continuarem ricos de entusiasmo.
Multiplicam os haveres na razão em que os
doam e quantos mais distribuem mais possuem, conseguindo o milagre da felicidade
onde se encontram.
Passam muitas vezes combatidos pela indolência de uns e
perseguidos pela rebeldia de outros, mas não se detêm.
Utilizando o tempo
com propriedade, por reconhecerem que a hora da semeação passa breve e é
necessário aproveitar o momento certo, não se rebelam, nem adiam, insistindo e
perseverando com otimismo.
Semeador da luz: não temas a treva nem a
discórdia, a precipitação ou a preguiça.
Muitos se dizem cansados no campo;
outros se afirmam desiludidos; vários desejam renovar emoções caracterizando-se
por inusitada saturação; alguns simplesmente desertaram, e onde aumentavam as
primeiras folhas a erva daninha triunfa e a desolação governa… Prossegue tu,
porém, insistentemente, mesmo que te suponhas abandonado, a sós. Há aqueles que
semeiam animosidades e deparam idiossincrasias.
Abundam os que espalham a
ira e defrontam resíduos de ódio aonde chegam.
Na alfândega da vida muitos
apresentam disfarçadas as sementes da maledicência e da infâmia esperando
liberação.
O imposto da impertinência, porém, cobra taxas pesadas àqueles
que se fazem fiscais em nome da impiedade.
Por isso, na gleba imensa dos
homens surgem e ressurgem tantos afligentes e afligidos disputando espaço na
ribalta da ilusão fisiológica. Passam disfarçados, enganadores ou enganados, na
busca do desencanto. São, também, semeadores do desconcerto que defrontarão
adiante…
Mesmo os cardos se enflorescem, algumas vezes, e as pedras
refulgem quando lapidadas.
Semeia, pois, a luz da esperança, ainda e
sempre, desde que se te depare oportunidade feliz.
Florações Evangélicas
- Divaldo P. Franco - Espírito Joanna de Ângelis