6.6.12


A Vida Continua - 2
O Dom Helder escreveu de novo por intermédio de Carlos Pereira sobre a continuidade da vida.

Intempestivamente podemos, vez por outra, tachar tal pessoa ou situação, disso ou daquilo. É natural que no fulgor de certo contexto possamos emitir uma opinião que depois nos cause algum embaraço, mas, às vezes, somos levados a isso, então, assumamos o que dissemos e se foi motivo de algum equívoco, corrijamos quando pudermos.
O que devemos fazer sempre é enaltecer a verdade, a verdade naturalmente que conquistamos até dado momento, e renovar o nosso compromisso individual desta procura permanente com ela, sabendo que, muitas vezes, a verdade que agora assumimos possa se contradizer com o que afirmávamos até então, mas este é o preço que somos obrigados a pagar.
O que nos chega nesta hora de revelações é que devemos assumir sempre este compromisso de renovação interior para que sejamos fiéis à verdade. Mudar sempre para continuar a mesma pessoa requer compromisso com a dor do crescimento interior, pois o que se impõe é dobrar-se diante daquilo que se acreditava para abraçar a nova realidade descoberta. E este processo dói, mas é, no final, aliviante.
Quando denunciei, há muitos anos, as torturas existentes no meu País, sabia que isto traria repercussões fortes na minha vida dali em diante, mas fazia parte de meu compromisso com a verdade sustentá-la, agora, quando advogo a lei dos renascimentos, igualmente terei que cumprir com os que se desalojam da verdade por suas conveniências e não permitem que outros, mais lúcidos, possam expressar a sua nova realidade.
A crença reencarnacionista, meus irmãos, muda uma forma completa de pensamento que defendia. Não é fácil se contorcer a ela. Meus postulados eram outros, entendam. Quando na vida física, a minha teologia não me permitia tergiversar sobre isso, inadmissível. Agora, despojado das vestes sacerdotais da Terra, mas não despido das verdades do Cristo, tenho que assumir a minha verdade, a verdade que deparo insofismavelmente diante de meus olhos.
A minha vontade era adiar um pouco mais este depoimento tão veemente. Até porque já pincelei este conceito, noutras oportunidades, com muito cuidado, mas agora, chega um momento, que a verdade jorra de tal forma que não podemos mais represá-la.
Que o menino que me empresta o punho para a escrita mediúnica saiba bem que agora começa outra fase de nossos depoimentos. Não é que me “espiritizei”, não é isso, mas é que no flanco que defendo a condução de minha vida, a Igreja Católica, tais concepções começarão, pouco a pouco, a serem admitidas para o bem geral de todos, provocando imenso alvoroço nas gentes, mas é o preço do progresso das idéias que teremos que envergar de hoje para frente.
Que Deus saiba nos conduzir a todos nesta caminhada de renovação teológica.
Sempre com o Pai,
Helder Câmara

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