A Vida Continua - 2
O Dom Helder escreveu de
novo por intermédio de Carlos Pereira sobre a continuidade da vida.
Intempestivamente podemos, vez por outra,
tachar tal pessoa ou situação, disso ou daquilo. É natural que no fulgor de
certo contexto possamos emitir uma opinião que depois nos cause algum embaraço,
mas, às vezes, somos levados a isso, então, assumamos o que dissemos e se foi
motivo de algum equívoco, corrijamos quando pudermos.
O que devemos fazer
sempre é enaltecer a verdade, a verdade naturalmente que conquistamos até dado
momento, e renovar o nosso compromisso individual desta procura permanente com
ela, sabendo que, muitas vezes, a verdade que agora assumimos possa se
contradizer com o que afirmávamos até então, mas este é o preço que somos
obrigados a pagar.
O que nos chega nesta hora de revelações é que devemos
assumir sempre este compromisso de renovação interior para que sejamos fiéis à
verdade. Mudar sempre para continuar a mesma pessoa requer compromisso com a dor
do crescimento interior, pois o que se impõe é dobrar-se diante daquilo que se
acreditava para abraçar a nova realidade descoberta. E este processo dói, mas é,
no final, aliviante.
Quando denunciei, há muitos anos, as torturas existentes
no meu País, sabia que isto traria repercussões fortes na minha vida dali em
diante, mas fazia parte de meu compromisso com a verdade sustentá-la, agora,
quando advogo a lei dos renascimentos, igualmente terei que cumprir com os que
se desalojam da verdade por suas conveniências e não permitem que outros, mais
lúcidos, possam expressar a sua nova realidade.
A crença reencarnacionista,
meus irmãos, muda uma forma completa de pensamento que defendia. Não é fácil se
contorcer a ela. Meus postulados eram outros, entendam. Quando na vida física, a
minha teologia não me permitia tergiversar sobre isso, inadmissível. Agora,
despojado das vestes sacerdotais da Terra, mas não despido das verdades do
Cristo, tenho que assumir a minha verdade, a verdade que deparo
insofismavelmente diante de meus olhos.
A minha vontade era adiar um pouco
mais este depoimento tão veemente. Até porque já pincelei este conceito, noutras
oportunidades, com muito cuidado, mas agora, chega um momento, que a verdade
jorra de tal forma que não podemos mais represá-la.
Que o menino que me
empresta o punho para a escrita mediúnica saiba bem que agora começa outra fase
de nossos depoimentos. Não é que me “espiritizei”, não é isso, mas é que no
flanco que defendo a condução de minha vida, a Igreja Católica, tais concepções
começarão, pouco a pouco, a serem admitidas para o bem geral de todos,
provocando imenso alvoroço nas gentes, mas é o preço do progresso das idéias que
teremos que envergar de hoje para frente.
Que Deus saiba nos conduzir a todos
nesta caminhada de renovação teológica.
Sempre com o Pai,
Helder
Câmara
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