Questão 162 do Livro dos Espíritos
A ALMA E A DECAPITAÇAO
Por
existir a guilhotina na França, o tema sempre vinha ao pensamento dos estudiosos
e certamente por isso também foi feita essa pergunta aos espíritos superiores. A
resposta, certamente, não pode ser generalizada. Cada alma é um mundo diferente
na sua estrutura espiritual e poucas são as que conservam a consciência no ato
da decapitação. Alguns espíritos, de acordo com a escala de despertamento da
alma, perdem a consciência, sem que possamos determinar o tempo.
Havia
espíritos encarnados que, somente em saber que a sua cabeça iria para o balaio
do carrasco, começavam a sofrer e, ante a visão do aparelho assassino, perdiam
logo a consciência, indo acordar somente depois de muito tempo.
O
suplício é uma prova, na qual a dolorosa lição, via de regra, serve de resgate
redentor, como carma que só o passado pode explicar. A guilhotina foi
responsável pelo rolar de muitas cabeças que no passado fizeram compromissos com
as trevas. O inventor desse instrumento da morte foi inspirado por massa enorme
de pensamentos inferiores, produzidos pelos malfeitores que deveriam morrer
nele, como resgate do mal que cometeram no seio da sociedade. Não obstante, nem
todos que ali foram entregues ao carrasco impiedoso estavam movidos por dívidas
de um tempo que passou. Em muitos casos, foram processos de despertamento das
criaturas.
Alguns espíritos, antes de reencarnarem, pediram esse meio de
retornar à pátria espiritual, para exemplificar coragem e fé, mostrando, por
esse fato, que existe o mundo dos espíritos e que ninguém morre. Para o espírito
evoluído, qualquer morte à qual for preciso se submeter, é um simples
acontecimento, como o de vestir roupas, que se troca com alegria, quando
necessário. O medo de morrer, para o ignorante, vem por força instintiva de
conservação, e sempre passa dos limites, por falta de conhecimento da
verdade.
O espírito pode ficar ligado ao corpo por horas, dias, meses ou
anos. Depende da sua elevação. No caso de Francisco de Assis, por exemplo, ele
deixou o corpo, como se deixa uma roupa usada e suja, com plena consciência do
seu estado de vida, na sua lucidez imperturbável. Assim aconteceu com vários
outros missionários, que vieram à Terra por misericórdia de Deus. Morrer, para
eles, na linguagem humana, é viver, não lhes preocupando a forma. Escolhem a que
mais pode consolar aos que os cercam e levá-los à fé e à confiança de
Deus.
Jesus submeteu-Se aos braços da cruz, para mostrar à humanidade que
ela deve suportar todos os problemas da vida, que a dor desabrocha nos corações
muitos poderes, e que as portas dos Céus se abrem, pela dor bem compreendida.
Para cumprir Sua promessa Ele voltou, provando que a morte não existe. A missão
do Espiritismo é essa também. Seja como for e como devas passar para o lado de
cá, vem com confiança!
Livro: Filosofia Espírita IV - João Nunes Maia -
Miramez
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