CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS DO ABORTO
A mulher e o homem, acumpliciados nas
ocorrências do aborto delituoso, mas principalmente a mulher, cujo grau de
responsabilidade nas faltas dessa natureza é muito maior, à frente da vida que
ela prometeu honrar com nobreza, na maternidade sublime, desajustam as energias
psicossomáticas, com mais penetrante desequilíbrio do centro genésico,
implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que frutescerão,
mais tarde, em regime de produção a tempo certo. Isso ocorre não somente porque
o remorso se lhes entranhe no ser, à feição de víbora magnética, mas também
porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e desespero e, por
vezes, de revolta e vingança dos Espíritos que a Lei lhes reservara para filhos
do próprio sangue, na obra de restauração do destino.
No homem, o resultado
dessas ações aparece, quase sempre, em existência imediata àquela na qual se
envolveu em compromissos desse jaez, na forma de moléstias testiculares,
disendocrinias diversas, distúrbios mentais, com evidente obsessão por parte de
forças invisíveis emanadas de entidades retardatárias que ainda encontram
dificuldade para exculpar-lhes a deserção.
Nas mulheres, as derivações surgem
extremamente mais graves. O aborto provocado, sem necessidade terapêutica,
revela-se matematicamente seguido por choques traumáticos no corpo espiritual,
tantas vezes quantas se repetir o delito de lesa-maternidade, mergulhando as
mulheres que o perpetram em angústias indefiníveis, além da morte, de vez que,
por mais extensas se lhes façam as gratificações e os obséquios dos Espíritos
Amigos e Benfeitores que lhes recordam as qualidades elogiáveis, mais se sentem
diminuídas moralmente em si mesmas, com o centro genésico desordenado e infeliz,
assim como alguém indebitamente admitido num festim brilhante, carregando uma
chaga que a todo instante se denuncia.
Dessarte, ressurgem na vida física,
externando gradativamente, na tessitura celular de que se revestem, a disfunção
que podemos nomear como sendo a miopraxia do centro genésico atonizado,
padecendo, logo que reconduzidas ao curso da maternidade terrestre, as toxemias
da gestação. Dilapidado o equilíbrio do centro referido, as células ciliadas,
mucíparas e intercalares não dispõem da força precisa na mucosa tubária para a
condução do óvulo na trajetória endossalpingeana, nem para alimentá-lo no
impulso da migração por deficiência hormonal do ovário, determinando não apenas
os fenômenos da prenhez ectópica ou localização heterotópica do ovo, mas também
certas síndromes hemorrágicos de suma importância, decorrentes da nidação do ovo
fora do endométrio ortotópico, ainda mesmo quando já esteja acomodado na concha
uterina, trazendo habitualmente os embaraços da placentação baixa ou a placenta
prévia hemorragipara que constituem, na parturição, verdadeiro suplício para as
mulheres portadoras do órgão germinal em desajuste.
Enquadradas na arritmia
do centro genésico, outras alterações orgânicas aparecem, flagelando a vida
feminina como sejam o descolamento da placenta eutópica, por hiperatividade
histolítica da vilosidade corial; a hipocinesia uterina, favorecendo a
germicultura do estreptococo ou do gonococo, depois das crises endometríticas
puerperais; a salpingite tubercuksa; a degeneração cística do córto; a
salpingooforite, em que o edema e o exsudato fibrinoso provocam a aderência das
pregas da mucosa tubária, preparando campo propício às grandes inflamações
anexiais, em que o ovário e a trompa experimentam a formação de tumores
purulentos que os identificam no mesmo processo de desagregação; os síndromes
circulatórios da gravidez aparentemente normal, quando a mulher, no pretérito,
viciou também o centro cardíaco, em consequência do aborto calculado e seguido
por disritmia das forças psicossomáticas que regulam o eixo elétrico do coração,
ressentindo-se, como resultado, na nova encarnação e em pleno surto de gravidez,
da miopraxia do aparelho cardiovascular, com aumento da carga plasmática na
corrente sangüínea, por deficiência no orçamento hormonal, daí resultando graves
problemas da cardiopatia consequente.
Temos ainda a considerar que a mulher
sintonizada com os deveres da maternidade na primeira ou, às vezes, até na
segunda gestação, quando descamba para o aborto criminoso, na geração dos filhos
posteriores, inocula automaticamente no centro genésico e no centro esplênico do
corpo espiritual as causas sutis de desequilíbrio recôndito, a se lhe
evidenciarem na existência próxima pela vasta acumulação do antígeno que lhe
imporá as divergências sanguíneas com que asfixia, gradativamente, através da
hemólise, o rebento de amor que alberga carinhosamente no próprio seio, a partir
da segunda ou terceira gestação, porque as enfermidades do corpo humano, como
reflexos das depressões profundas da alma, ocorrem dentro de justos períodos
etários.
Além dos sintomas que abordamos em sintética digressão na
etiopatogenia das moléstias do órgão genital da mulher, surpreenderemos largo
capítulo a ponderar no campo nervoso, à face da hiperexcitação do centro
cerebral, com inquietantes modificações da personalidade, a ralarem, muitas
vezes, no martirológio da obsessão, devendo-se ainda salientar o caráter
doloroso dos efeitos espirituais do aborto criminoso, para os ginecologistas e
obstetras delinquentes.
- Para melhorar a própria situação, que deve fazer a
mulher que se reconhece, na atualidade, com dívidas no aborto provocado,
antecipando-se, desde agora, no trabalho da sua própria melhoria moral, antes
que a próxima existência lhe imponha as aflições regenerativas?
- Sabemos que
é possível renovar o destino todos os dias.
Quem ontem abandonou os próprios
filhos pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios, necessitados de carinho e
abnegação.
O próprio Evangelho do Senhor, na palavra do Apóstolo Pedro,
adverte-nos quanto à necessidade de cultivarmos ardente caridade uns para com os
outros, porque a caridade cobre a multidão de nossos males (1a. Epístola à
Pedro, capítulo 4, versículo 8).
Livro: Evolução em Dois Mundos - Francisco C
Xavier - Waldo Vieira/André Luiz
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