26.12.19

Dois Irmãos


A Igreja é o depositário de Deus aos homens para guardar a fé e a esperança. Ela não é feita de santos, mas de gente que ama e peca, que sorri e chora, que se eleva e cai.
A história que vi há pouco de Bergoglio e Ratzinger é emocionante, arrebatadoramente emocionante.
Para mim, que faço parte dessa Igreja, o filme impressionou-me bastante e reflete a vontade de dois homens que servem ao Cristo, cada um à sua maneira, de convergir esforços em prol de uma unidade. É uma bela história.
De um lado, ver um papa em decadência física, percebendo suas forças se esvaindo, envolto em problemas de grande monta e se sentindo incapaz de prosseguir e exercer seu papel como deveria.
De outro, um homem determinado em suas ideias e em seus ideais.
Dois homens da Igreja, dois irmãos em Cristo.
Bergoglio assumiu uma função perigosa: recuperar a confiança da Igreja. Um desafio enorme que luta até hoje. É o Santo Papa um homem corajoso porque as forças contrárias ao seu propósito redentor tudo fazem para atrapalhar seus passos.
Ao assumir a personalidade de Francisco no seu papado traz de volta a pauta dos pobres, dos menos favorecidos, da sustentabilidade ambiental e, igualmente, de uma Igreja digna e séria, responsável e operosa.
Seu desafio é gigantesco. É um homem de poucas palavras quando sabe o que deseja. Costura suas ações e as faz com muito zelo, muito preciosismo, mas tudo tem seu preço e paga alta conta por tentar fazer da Igreja um lugar santo e não de paparicados e de privilégios.
Papa Francisco se impõe pela sua simplicidade e integridade. Sua transparência fala mais alto. Seus atos são consequência da sua visão clara do que deseja para sua Igreja, para nossa Igreja.
Bergoglio se fez Papa bem antes de ser proclamado como tal. As cercanias do Vaticano já o tratava como um sucessor do trono de Pedro, apesar das enormes resistências neste sentido.
Nossa Igreja, mesmo aqui no outro lado da vida, possui também suas divisões, as mesmas que podemos encontrar entre os meus irmãos na carne. A luta para fazê-lo Papa foi grande nos dois lados da vida.
Ao Papa dos pobres, o nosso abraço.
Ao Papa da teologia, o nosso respeito.
O que importa é que a Igreja continue a seguir o seu desiderato e seja, conforme deva ser, a propagadora da palavra de Jesus na Terra.
Sejamos todos unidos no mesmo propósito.
A Bergoglio, o nosso incentivo constante e apoio incondicional. 
A Ratzinger, o nosso reconhecimento pela decisão corajosa e lúcida de um homem comprometido com a Igreja.
Que o filme possa tocar os corações de todos os amantes da fé católica e mostre, acima de tudo, que a humanidade pode se mostrar em pequenos gestos como o compartilhamento de uma pizza, o assistir conjunto de um jogo de futebol ou um abraço caloroso de dois amigos.
Bento e Francisco, dois homens da Igreja.
Bento e Francisco, dois irmãos em Jesus.
Graças, Senhor!

Helder Camara – Blog Novas Utopias

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