– ANDRÉ LUIZ/CHICO XAVIER
Depois de dizer que tinha
“necessidade” do alimento psíquico de Margarida – Tenho necessidade do alimento
psíquico que só a mente de Margarida me pode proporcionar –, Gregório começa a
ceder aos argumentos de Gúbio.
Que espécie de “necessidade”
seria a de Gregório?! Convidamos os nossos irmãos e irmãs internautas para que
meditem conosco... Os processos de “simbiose mental”, ainda inabordáveis em sua
complexidade, realmente podem fazer com que um espírito crie certa dependência
de outro...
No capítulo XXIII, de “O
Livro dos Médiuns”, estudando a questão da Obsessão, Kardec, ao abordar as suas
causas, transcreve o que lhe disse um espírito que “subjugava um moço de
inteligência muito limitada”: “Tenho grande necessidade de atormentar alguém;
uma pessoa que raciocina, me repeliria; agarro-me a um idiota que não me opõe
nenhuma virtude.”
Margarida era a “fraqueza” de
Gregório – através de espíritos que lhe eram submissos, ele a mantinha cativa,
presa ao seu destino.
*
Na sequência do diálogo,
Gúbio, percebendo uma “brecha” no coração de Gregório, tornou a evocar o
espírito de Matilde, que, talvez, fosse o único por quem ele nutria respeito e
veneração:
- E se reencontrasses o doce
reconforto da ternura materna, sustentando-te a alma, até que Margarida te
pudesse fornecer, redimida e feliz, o sublimado pão do espírito?
O amor de mãe evocado em
benefício de outro amor, que, no coração de Gregório, se transformara em ódio!
– certamente, Margarida, a quem ele nunca deixara de amar, o induzira a
indefiníveis padecimentos.
Quantos dramas semelhantes
esconde a reencarnação?!...
Quanto amor doente,
manifestando-se em desejo de vingança, em loucura?! – crimes passionais?!...
*
Um pouco mais adiante,
Gregório responde a Gúbio que já era muito tarde, porque o caso de Margarida
estava “definitivamente entregue a uma falange de sessenta servidores de meu
serviço, sob a chefia de duro perseguidor que lhe odeia a família.”
Margarida encarnada estava
enlouquecendo, e caminhava para a desencarnação.
Era o que Gúbio desejava –
que ela voltasse aos seus braços, rendendo-se aos seus afetos, que, outrora,
desprezara.
Quem poderá entender o
espírito em seus móveis sentimentais?! Tudo o que Gregório fazia parecia ser
para, de maneira enviesada, reconquistar o amor de Margarida...
*
Gúbio lhe propõe:
- E se nos confundíssemos com
a tua falange, tentando o serviço a que nos propomos? Compareceríamos, junto à
enferma, como amigos teus e, sem te desrespeitarmos a autoridade, procuraríamos
a execução do programa que nos trouxe até aqui, testemunhando a humildade e o
amor que o Cordeiro nos ensina.
Gregório se entrega à reflexão
e, então, Gúbio intervém decisivo:
- Concede!... concede!...
Dá-nos a tua palavra de sacerdote! Lembra-te de que, um dia, ainda que não
creias, enfrentarás, de novo, o olhar de tua mãe!
Por fim, responde o
sacerdote:
- Não creio nas
possibilidades do tentame; todavia, concordo com a providência a que recorres.
Não interferirei.
Com certeza, Gregório estava
cansado daquela situação, pois o espírito termina por se exaurir no próprio mal
que pratica.
*
Como deve ter sido difícil
para André Luiz, sintetizar o que se seguiu narrado no capítulo ora findo! –
sem dúvida, trata-se de um desafio à capacidade de compreensão dos leitores
mais habituadas à reflexão.
Quantas vezes, os
companheiros de Ideal espírita imaginam que, com meia dúzia de palavras, ditas
numa reunião mediúnica de desobsessão possam solucionar dramas, que,
secularmente, se arrastam!...
INÁCIO FERREIRA – Blog
Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 5 de maio de
2019.
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