A palavra vontade dá lugar às
vezes a mal entendidos, decorrentes, sem dúvida, de não se ter bastante cuidado
em distinguir a intenção ou o desejo de fazer uma coisa do poder de a executar.
Quando um indivíduo
paralítico das pernas quer caminhar, é lhe impossível mover os músculos da
locomoção. Ele realmente quer, mas, em virtude de uma ação mórbida, sua vontade
não se executa. Por outro lado, na linguagem médica, diz-se, a propósito de uma
paralisia histérica, que a vontade está paralisada, para significar que não há,
em realidade, da parte do doente, intenção ou desejo de mover os membros do
corpo. As dificuldades, porém, não se limitam ao emprego dessa palavra em dois
sentidos opostos; as opiniões igualmente divergem, quando se lhe quer conhecer
a natureza. Os materialistas, que fazem da sensação a base do espírito humano e
que não admitem para a alma uma existência independente; que consideram as
faculdades da alma simples produtos da atividade do cérebro, apenas veem na
vontade o termo final da luta de dois ou muitos estados opostos de consciência.
Para essa escola, a vontade é uma resultante de atos físicos mais ou menos
complexos. Carece de existência própria.
Nós, que sabemos ser a alma
uma realidade com o poder de manifestar-se independente de toda matéria
organizada, sustentamos que a vontade é uma faculdade do espírito; que ela
existe positivamente como potência; que sua ação se revela claramente na esfera
do corpo e que pode mesmo projetar a distância sua energia, como os fatos o vão
demonstrar.
Livro: A Alma é Imortal
Gabriel Dellane.
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