A verdade é que vivemos dias
diferentes no nosso País. Há um pouco de tudo e temos que aprender a lidar com
a diversidade de pensamentos. Parece que estamos um pouco esquecidos com
relação a isso.
O pensamento liberal não é
novidade para ninguém. É a bíblia da liberdade. É também o apogeu do capital
sobre o social. Tudo tem que se render ao direito do mercado e que ninguém o
atrapalhe.
Ora, como tivemos uma
experiência debilitante de governo com aqueles que se propagavam esquerdistas,
era natural que um conjunto razoável da população brasileira buscasse dar um
basta aos desmandos que se fizeram presentes em nosso País.
Neste contexto, a eleição do
atual presidente da República é absolutamente legítima, mas isso não quer dizer
que se legitima todo e qualquer ato que ele considere importante.
A economia está cambaleante
há muito tempo. São milhões de desempregados e desesperançados que querem,
tão-somente, ter uma renda para cobrir as suas necessidades.
O receituário liberal diz que
temos que vender tudo que possuímos e criar condições para os investimentos.
Essa liberação total sempre me preocupou, sobretudo num país como o nosso
Brasil.
Que a economia está
emperrada, isto não reside qualquer dúvida; que se precisa fazer algo
urgentemente, isto todos concordam. O que fazer e como fazer é que encontram-se
diferenças e discordâncias.
A liberalidade do mercado é
perigosa e não sou quem afirmo. Ela tende, muito mais, a aumentar os
privilégios dos endinheirados e a sacrificar os desafortunados.
Numa realidade desigual que
vivemos, de enorme concentração de renda, com baixa escolaridade de nosso
povão, toda essa liberação pode ser proveitosa para alguns, mas não para a
maioria da população.
Um princípio de justiça diz
que devemos tratar os desiguais de maneira desigual. Não é isso, porém, que
ocorre numa economia de orientação liberal. É algo do tipo: “Salve-se quem
puder!”. Ora, neste contexto, os mais fracos continuarão de fora ou a perder.
Há que se encontrar um ponto
de equilíbrio em tudo. Não podemos deixar que o grande capital se alimente cada
vez mais de lucros e os pobres cada vez mais acumulem os prejuízos. É essa a
lógica perversa que temos no nosso País.
Não sou contra o capital,
aliás, nunca fui. O que não posso aceitar é que ele se comporte de maneira
selvagem. O que não posso admitir é que ele não esteja a serviço do bem comum,
das pessoas, em última análise.
Que venha o capital para
trazer empregos e mais direitos. Que venha o capital com critérios de
repartição das riquezas geradas. O que não se pode e não se deve é transformar
o capital no próprio deus encarnado. Isso nunca!
O que está em jogo são as
grandes transformações no País. Que elas venham com racionalidade e que tragam
no seu bojo a esperança de dias melhores para toda a população e, repito, não apenas
para alguns privilegiados.
Economia boa é aquela que
proporciona riqueza para todos e não que concentra nos poucos ricos.
A expectativa de que dias
melhores virão é o maior capital da nossa gente e isto se chama esperança. Não
se pode deixar que mais uma vez o nosso povão se entristeça e se frustre, ele
já não aguenta mais.
Que as boas intenções se
transformem em boas ações.
Rezemos para que os nossos
governantes tenham juízo e sensibilidade para tomar decisões justas e
inclusivas. Nosso povo merece e precisa.
Helder Camara – Blog Novas
Utopias
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