21.5.19

Justiça Social


A verdade é que vivemos dias diferentes no nosso País. Há um pouco de tudo e temos que aprender a lidar com a diversidade de pensamentos. Parece que estamos um pouco esquecidos com relação a isso.
O pensamento liberal não é novidade para ninguém. É a bíblia da liberdade. É também o apogeu do capital sobre o social. Tudo tem que se render ao direito do mercado e que ninguém o atrapalhe.
Ora, como tivemos uma experiência debilitante de governo com aqueles que se propagavam esquerdistas, era natural que um conjunto razoável da população brasileira buscasse dar um basta aos desmandos que se fizeram presentes em nosso País.
Neste contexto, a eleição do atual presidente da República é absolutamente legítima, mas isso não quer dizer que se legitima todo e qualquer ato que ele considere importante.
A economia está cambaleante há muito tempo. São milhões de desempregados e desesperançados que querem, tão-somente, ter uma renda para cobrir as suas necessidades.
O receituário liberal diz que temos que vender tudo que possuímos e criar condições para os investimentos. Essa liberação total sempre me preocupou, sobretudo num país como o nosso Brasil.
Que a economia está emperrada, isto não reside qualquer dúvida; que se precisa fazer algo urgentemente, isto todos concordam. O que fazer e como fazer é que encontram-se diferenças e discordâncias.
A liberalidade do mercado é perigosa e não sou quem afirmo. Ela tende, muito mais, a aumentar os privilégios dos endinheirados e a sacrificar os desafortunados.
Numa realidade desigual que vivemos, de enorme concentração de renda, com baixa escolaridade de nosso povão, toda essa liberação pode ser proveitosa para alguns, mas não para a maioria da população.
Um princípio de justiça diz que devemos tratar os desiguais de maneira desigual. Não é isso, porém, que ocorre numa economia de orientação liberal. É algo do tipo: “Salve-se quem puder!”. Ora, neste contexto, os mais fracos continuarão de fora ou a perder.
Há que se encontrar um ponto de equilíbrio em tudo. Não podemos deixar que o grande capital se alimente cada vez mais de lucros e os pobres cada vez mais acumulem os prejuízos. É essa a lógica perversa que temos no nosso País.
Não sou contra o capital, aliás, nunca fui. O que não posso aceitar é que ele se comporte de maneira selvagem. O que não posso admitir é que ele não esteja a serviço do bem comum, das pessoas, em última análise.
Que venha o capital para trazer empregos e mais direitos. Que venha o capital com critérios de repartição das riquezas geradas. O que não se pode e não se deve é transformar o capital no próprio deus encarnado. Isso nunca!
O que está em jogo são as grandes transformações no País. Que elas venham com racionalidade e que tragam no seu bojo a esperança de dias melhores para toda a população e, repito, não apenas para alguns privilegiados.
Economia boa é aquela que proporciona riqueza para todos e não que concentra nos poucos ricos.
A expectativa de que dias melhores virão é o maior capital da nossa gente e isto se chama esperança. Não se pode deixar que mais uma vez o nosso povão se entristeça e se frustre, ele já não aguenta mais.
Que as boas intenções se transformem em boas ações.
Rezemos para que os nossos governantes tenham juízo e sensibilidade para tomar decisões justas e inclusivas. Nosso povo merece e precisa.

Helder Camara – Blog Novas Utopias

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