– ANDRÉ LUIZ/CHICO XAVIER
Continuando, André Luiz narra
o encontro com pobre espírito de mulher, sendo vampirizada por três “formas
ovóides”, que se lhe justapunham ao perispírito.
Eram entidades infortunadas,
que se imantavam àquela irmã através do ódio que por ela nutriam – “irmã esta
que, por sua vez, ainda não descobriu que a ciência de amar é a ciência de
libertar, iluminar e redimir”.
Registrando a presença dos
três amigos, ela passou a gritar: - Joaquim! onde está Joaquim? Digam-me, por
piedade! para onde o levaram? ajudem-me! ajudem-me!
André diz que, em seguida,
tocou a primeira “forma” e passou a auscultá-la:
- Vingança! vingança! Não
descansarei até ao fim... Esta mulher infame me pagará...
Dos dois outros, André
registrou as exclamações que “transbordavam de cada um”: - “Assassina!
assassina!...”
Vejamos a maneira com que o
ódio, o rancor, enfim, a falta de perdão acorrenta os espíritos!
Resumidas explicações de
Gúbio:
- Joaquim era o antigo
companheiro daquela mulher, que já a precedera na reencarnação...
- Ela fora “tirana senhora de
escravos no século que findou...”
*
(A escravidão, no Brasil, foi
abolida em 13 de Maio de 1888, portanto, há exatos 131 anos – calculemos,
assim, quanto drama cármico ainda está para ser equacionado... Os estudiosos
dizem que os navios brasileiros e portugueses fizeram mais de nove mil viagens
transportando escravos! Consideram os historiadores que o “Holocausto Negro” –
com 150 milhões de mortos – foi o maior crime da História!...)
*
- Joaquim fora pai de dois
filhos com uma escrava, que a esposa, assim que descobriu o relacionamento,
vendeu “para uma região palustre onde em breve encontrou a morte pela febre
maligna” (malária)...
- Os dois rapazes (filhos do
fazendeiro com a escrava), metidos no tronco, padeceram vexames e flagelações
em frente da senzala. Acusados de ladrões, pelo capataz, a instâncias da
senhora dominada de egoísmo terrificante, passaram a exibir pesada corrente ao
pescoço ferido. Viveram, no passado, sob humilhações incessantes. No curso de
reduzidos meses, caíram sem remissão, minados pela tuberculose que ninguém
socorreu.
- Quando desencarnaram, os
três se reuniram e passaram a perseguir a esposa do fazendeiro – eles foram
instados ao perdão pelos amigos espirituais, “mas nunca cederam um til nos
planos sombrios em que penhoraram o coração”.
- Esclarece Gúbio que a
mulher também possuía amigos dispostos a lhes estenderem a mão, “contudo,
quando nos enceguecemos no mal, inabilitamo-nos, por nós mesmos, à recepção de
qualquer recurso do bem.”
*
O drama, como se percebe, era
terrível, e, com certeza, até hoje os seus protagonistas devem estar envolvidos
em sua solução, que só Deus sabe quando há de cessar...
*
Gúbio pontifica com
sabedoria:
- A perturbação vem de
inesperado, instala-se à pressa; entretanto, retira-se muito devagar.
*
A infeliz irmã reencarnaria
e, na companhia do esposo de outrora, receberia o trio na condição de filhos.
Eis, abaixo, o curto diálogo
entre Gúbio e André:
- Os inimigos ser-lhe-ão
filhos? – indaguei, ansioso, quebrando-lhe as reticências.
- Como não? Certamente, o
caso já se encontra sob a jurisdição superior.
*
Reflitamos juntos nos dramas
cármicos que envolveram as Cruzadas, a Inquisição, as duas Grandes Guerras
Mundiais, os conflitos religiosos – só na chamada “Noite de São Bartolomeu”, milhares
foram mortos... Na Guerra Civil da Síria, ainda em andamento, cerca de 500.000
pessoas, entre mulheres e crianças, já foram eliminados...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 1 de abril de
2019.
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