2.4.19

XLI – REFLEXÕES SOBRE O LIVRO “LIBERTAÇÃO”


– ANDRÉ LUIZ/CHICO XAVIER

Continuando, André Luiz narra o encontro com pobre espírito de mulher, sendo vampirizada por três “formas ovóides”, que se lhe justapunham ao perispírito.
Eram entidades infortunadas, que se imantavam àquela irmã através do ódio que por ela nutriam – “irmã esta que, por sua vez, ainda não descobriu que a ciência de amar é a ciência de libertar, iluminar e redimir”.
Registrando a presença dos três amigos, ela passou a gritar: - Joaquim! onde está Joaquim? Digam-me, por piedade! para onde o levaram? ajudem-me! ajudem-me!
André diz que, em seguida, tocou a primeira “forma” e passou a auscultá-la:
- Vingança! vingança! Não descansarei até ao fim... Esta mulher infame me pagará...
Dos dois outros, André registrou as exclamações que “transbordavam de cada um”: - “Assassina! assassina!...”
Vejamos a maneira com que o ódio, o rancor, enfim, a falta de perdão acorrenta os espíritos!
Resumidas explicações de Gúbio:
- Joaquim era o antigo companheiro daquela mulher, que já a precedera na reencarnação...
- Ela fora “tirana senhora de escravos no século que findou...”
*
(A escravidão, no Brasil, foi abolida em 13 de Maio de 1888, portanto, há exatos 131 anos – calculemos, assim, quanto drama cármico ainda está para ser equacionado... Os estudiosos dizem que os navios brasileiros e portugueses fizeram mais de nove mil viagens transportando escravos! Consideram os historiadores que o “Holocausto Negro” – com 150 milhões de mortos – foi o maior crime da História!...)
*
- Joaquim fora pai de dois filhos com uma escrava, que a esposa, assim que descobriu o relacionamento, vendeu “para uma região palustre onde em breve encontrou a morte pela febre maligna” (malária)...
- Os dois rapazes (filhos do fazendeiro com a escrava), metidos no tronco, padeceram vexames e flagelações em frente da senzala. Acusados de ladrões, pelo capataz, a instâncias da senhora dominada de egoísmo terrificante, passaram a exibir pesada corrente ao pescoço ferido. Viveram, no passado, sob humilhações incessantes. No curso de reduzidos meses, caíram sem remissão, minados pela tuberculose que ninguém socorreu.
- Quando desencarnaram, os três se reuniram e passaram a perseguir a esposa do fazendeiro – eles foram instados ao perdão pelos amigos espirituais, “mas nunca cederam um til nos planos sombrios em que penhoraram o coração”.
- Esclarece Gúbio que a mulher também possuía amigos dispostos a lhes estenderem a mão, “contudo, quando nos enceguecemos no mal, inabilitamo-nos, por nós mesmos, à recepção de qualquer recurso do bem.”
*
O drama, como se percebe, era terrível, e, com certeza, até hoje os seus protagonistas devem estar envolvidos em sua solução, que só Deus sabe quando há de cessar...
*
Gúbio pontifica com sabedoria:
- A perturbação vem de inesperado, instala-se à pressa; entretanto, retira-se muito devagar.
*
A infeliz irmã reencarnaria e, na companhia do esposo de outrora, receberia o trio na condição de filhos.
Eis, abaixo, o curto diálogo entre Gúbio e André:
- Os inimigos ser-lhe-ão filhos? – indaguei, ansioso, quebrando-lhe as reticências.
- Como não? Certamente, o caso já se encontra sob a jurisdição superior.
*
Reflitamos juntos nos dramas cármicos que envolveram as Cruzadas, a Inquisição, as duas Grandes Guerras Mundiais, os conflitos religiosos – só na chamada “Noite de São Bartolomeu”, milhares foram mortos... Na Guerra Civil da Síria, ainda em andamento, cerca de 500.000 pessoas, entre mulheres e crianças, já foram eliminados...  

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 1 de abril de 2019.

Nenhum comentário:

Postar um comentário