Retomamos a via publica.
Mal recomeçávamos a avançar,
quando passou por nós uma ambulância, em marcha vagarosa, sirenando forte para
abrir caminho.
À frente, ao lado do
condutor, sentava-se um homem de grisalhos cabelos a lhe emoldurarem a
fisionomia simpática e preocupada. Junto dele, porém, abraçando-o com
naturalidade e doçura, uma entidade em roupagem lirial lhe envolvia a cabeça em
suaves e calmantes irradiações de prateada luz.
- Oh! - inquiriu Hilário,
curioso - quem será aquele homem tão bem acompanhado?
Áulus sorriu e esclareceu:
- Nem tudo é energia viciada
no caminho comum. Deve ser um médico em alguma tarefa salvacionista.
- Mas, é espírita?
- Com todo o respeito que
devemos ao Espiritismo, é imperioso lembrar que a Bênção do Senhor pode descer
sobre qualquer expressão religiosa - afirmou o orientador com expressivo olhar
de tolerância. - Deve ser, antes de tudo, um profissional humanitário e
generoso que por seus hábitos de ajudar ao próximo se fez credor do auxílio que
recebe. Não lhe bastariam os títulos de espírita e de médico para reter a
influência benéfica de que se faz acompanhar. Para acomodar-se tão
harmoniosamente com a entidade que o assiste, precisa possuir uma boa
consciência e um coração que irradie paz e fraternidade.
- Contudo, podemos
qualifica-lo como médium? - perguntou meu companheiro algo desapontado.
- Como não? - respondeu
Áulus, convicto.
- É médium de abençoados
valores humanos, mormente no socorro aos enfermos, no qual incorpora as
correntes mentais dos gênios do bem, consagrados ao amor pelos sofredores da
Terra.
E, com significativa inflexão
de voz, acrescentou:
- Como vemos, influências do
bem ou do mal, na esfera evolutiva em que nos achamos, se estendem por todos os
lados e por todos os lados registramos a presença de faculdades medianímicas,
que as assimilam, segundo a direção feliz ou infeliz, correta ou indigna em que
cada mente se localiza. Estudando, assim, a mediunidade, nos santuários do
Espiritismo com Jesus, observamos uma força realmente peculiar a todos os
seres, de utilidade geral, se sob uma orientação capaz de discipliná-la e
conduzi-la para o máximo aproveitamento no bem. Recordemos a eletricidade que,
pouco a pouco, vai transformando a face do mundo. Não basta ser dono de
poderosa cachoeira, com o potencial de milhões de cavalos-vapor. É preciso
instalar, junto dela, a inteligência da usina para controlar-lhe os recursos,
dinamizá-los e distribuí-los, conforme as necessidades de cada um... Sem isso,
a queda dágua será sempre um quadro vivo de beleza fenomênica, com irremediável
desperdício.
O tempo, contudo, não nos
permitia maior delonga na conversação e rumamos, desse modo, para um
agrupamento em que os nossos estudos da véspera encontrariam o necessário
prosseguimento.
Livro: "Nos Domínios da
Mediunidade" Psicografia:
Francisco Candido Xavier. Pelo espírito:
André Luiz.
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