6.5.18

Quente, frio ou morno


    "Eu sei por que motivo o meio-termo não é seguido: o homem inteligente ultrapassa-o, o imbecil fica aquém"...                (Confúncio, filósofo chinês do século 5 a.C)
    A vida é um interminável e dinâmico caos muito bem organizado.
    Observar as polaridades é direito e dever de qualquer pessoa. Há polaridades objetivas e subjetivas: dia e noite, bom e mau, masculino e feminino, inspiração e expiração, vida e morte, etc.
    Á primeira vista, o homem deve buscar o equilíbrio que parece ser o caminho da sabedoria. Disso ninguém discorda. Um sério problema que temos, é que, quando interessa, levamos as coisas bem ao pé da letra. Nada mais cômodo e confortável do que alcançar a preguiçosa e inatingível estabilidade (tal e qual o céu religioso). Estabilidade, significa morte. Mas, que decepção para muitos, pois assim como a morte não existe a estabilidade ou gozo eterno também não. Entramos e saímos da existência perseguindo uma ilusão a tal da estabilidade do nunca mais precisar fazer nada, do descanso eterno; eis aí o veneno cruel que cria uma multidão cada vez maior de mortos/vivos paranóicos. Buscar a estabilidade eterna é tentar fugir da realidade do que é viver como espíritos em evolução. Viver exige de todos nós enorme coragem. Os covardes apenas existem, são mortos temporários, não criam nada, vivem um tipo de existência orientada e dominada pela ansiedade e medo que os outros lhes transmitem. São paranóicos, tem medo de tudo, desde o real até o imaginário...
    A preguiça e o medo são maus conselheiros, esse é o maior problema da humanidade que alguns espertalhões sabem aproveitar muito bem. Puseram-se na condição de pastores para conduzir seu medroso e preguiçoso rebanho de fiéis consumidores. Quanto mais medrosas e preguiçosas forem as pessoas mais lucram esses condutores da vida dos outros.
    Assim como o sofrimento, o meio/termo ou o caminho do meio é uma das invenções humanas.
    Na Natureza tudo é muito bem definido, nada fica em cima do muro.
Quem escolhe o caminho do meio escolhe o caminho da mediocridade que leva ao sofrer como ponto final.
    Avisos de que esta é a pior escolha que possamos fazer não faltam, e muito menos faltam comprovações no dia a dia de cada um de nós.
    Deus vomitará os mornos! (credo, que nojo!)
    Está no Apocalipse (último livro da Bíblia dos cristãos), capítulo 3, versículo 15 e 16: "Conheço tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca"...
    A preguiça e o medo criaram o pior tipo de pessoa que existe: a coisa média, nem isso nem aquilo, sempre em cima do muro, o tipo: "não me comprometa".
    Quem terá criado esse lixo humano que já está sendo vomitado do Planeta?
    - Parece que foi a educação que atende aos interesses dos que imaginaram ou ainda imaginam serem os todo poderosos...
    O caminho do meio sempre foi exaltado em prosa e verso e de forma premeditada religiosamente confundido com comedimento, sobriedade, prudência, serenidade, etc.
    Viver consiste em explorar, experimentar, entrar no desconhecido, enfrentar um a um nossos medos, superar uma a uma as nossas limitações.
    O equilíbrio é uma coisa dinâmica e não estática.
    Teremos que dominar todas as experiências que envolvem cada uma das polaridades, uma por uma. Um exemplo de equilíbrio: na polaridade alegria e tristeza o ponto de equilíbrio é a serenidade; só que um sujeito sereno não é uma criatura metade alegre e metade triste. É uma pessoa que domina tão bem os momentos de tristeza quanto os de alegria sem fugir de nenhum deles.
    Radicalidade, é uma virtude que precisa ser compreendida e praticada.
    O Saulo que virou Paulo e a Maria de Magdala que virou Madalena que o digam. Se optamos pelo caminho errado que sejamos o melhor dos piores. Se escolhemos o caminho do bem sejamos o melhor de todos. Entreguemo-nos de corpo e alma ao que fizermos.
    Faça errado, mas faça. Porém ao descobrir o erro e continuar na mesma Deus te ajude e Jesus nos proteja. Errar é humano persistir no erro é demoníaco.
    Mudar a rota é mais fácil do que começar a fazer com força.
    A vida nos convida a sermos radicais ao extremo. Porém sem abrir mão da inteligência, senão haja sofrer e estúpidas guerras.
    Espíritos já índigos, não aceitam o meio termo; os nem isso nem aquilo; os que querem servir a Deus e a Mamon ao mesmo tempo...
    Tenha o amigo uma radical e profunda crise de reflexão.

    Muita paz!
    Américo Canhoto

Nenhum comentário:

Postar um comentário