O último capítulo de “Nosso
Lar” – “Cidadão de ‘Nosso Lar’” –, sem dúvida, é um dos mais emocionantes.
André Luiz não nega que se sentia muito abatido com a situação familiar
encontrada, admitindo que o alimento espiritual estivesse lhe faltando, e
esclarecendo que, em “Nosso Lar”, “atravessava vários dias de serviço ativo,
sem alimentação comum...”
Aqui necessitamos efetuar
pequeno stacatto para dizer que, quando examinar-se a situação dos espíritos
recém-desencarnados, indispensável levar em conta a sub-Dimensão em que estejam
eles domiciliados – “Umbral” é um termo genérico, que, realmente, não serve para
se ajuizar a condição de cada espírito que nele estagia, após o desenlace. Nas
circunvizinhanças da Terra, os espíritos “Umbralinos” continuam carecendo de
alimentação quase tão grosseira quanto carecem os homens. Não nos esqueçamos de
breve consulta ao capítulo 9, de “Nosso Lar”, quando o autor nos fala de certo
embate havido entre os habitantes da cidade, concernente a problemas de
alimentação.
*
Logo no segundo dia de sua
visita à família encarnada, André, superando as surpresas consideradas
desagradáveis, já se encontra realizando reflexões mais maduras, lutando
consigo para aceitar a realidade, e, para tanto, ele recorre, de imediato, ao
exemplo de sua mãezinha, prestes a voltar a Terra, a fim de socorrer a seu pai,
com as três entidades femininas que Laerte infelicitara no mundo – de imediato,
recordou-se ainda da própria Veneranda que “trabalhava séculos sucessivos pelo
grupo espiritual que lhe estava mais particularmente ligado ao coração”...
Pensou em Narcisa, na senhora Hilda vencendo “o dragão do ciúme inferior”, em
Clarêncio, Tobias... A lembrança das lutas de todos esses amigos, fez com que
ele colocasse o amor divino acima de seus interesses pessoais.
Grande vitória a de André
Luiz, que, por isto mesmo, e por motivos outros, consideramos como sendo o
nosso doutor Saulo de Tarso do Mundo Espiritual, que, às portas de Damasco,
ante a visão do Cristo Redivivo, levantara-se da areia escaldante do deserto
com o propósito de ser um novo homem...
Sim, Paulo de Tarso, na
Terra, e André Luiz, no Mundo Espiritual, nos são dois grandes exemplos de
renovação íntima – “... se alguém está em Cristo, é nova criatura; as cousas
antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Coríntios, 5:17)
*
André não vacilou. Deixando o
homem velho de lado, procurou os aposentos do Dr. Ernesto, a ver no que, em sua
condição de médico fora do corpo carnal, poderia auxiliá-lo – e ele vai
encontrar aquele que, em outras circunstâncias, consideraria por rival,
ternamente acariciando a mão de Zélia, a sua ex-esposa, e, agora, sua irmã.
*
- “Roguei ao Senhor energias
necessárias para manter a compreensão imprescindível e passei a interpretar os
cônjuges como se fossem meus irmãos.”
A oração! Quão poucos são os
que a ela recorrem no dia a dia, a fim de haurirem forças no enfrentamento das
provas indispensáveis ao seu crescimento íntimo! – até mesmo, irmãos e irmãs internautas, para
penetrarmos o espírito de determinada lição que nos seja transmitida,
carecemos, muitas vezes, de orar, rogando que os Espíritos Superiores nos
facilitem o seu entendimento e nos auxiliem com os seus raciocínios...
Ninguém deveria abrir
qualquer livro edificante, sem antes formular uma oração, predispondo o
espírito a sorver a linfa cristalina, que, porventura, de suas páginas possam
jorrar a fim de lhes atender a sede de Conhecimento!...
A oração, em si, é um Livro
de Sabedoria, que, conduzindo os espíritos pelos caminhos da intuição, lhes faz
apreender o que somente através da intelectualidade fria torna-se sempre mais
difícil.
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- INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 7 de maio de
2018.
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